Tantas demissões de técnicos matam o futebol brasileiro
Quem será a próxima vítima?
Neste momento em que você lê esse texto o número de técnicos demitidos no futebol brasileiro será maior do que quando eu escrevi essas linhas. Certeza! Por isso não vou quantificar as demissões. São muitas! Desproporcionais! E isso me incomoda muito...
Sou um ferrenho crítico da qualidade do jogo que se pratica no Brasil. Tenho convicção de que poderíamos apresentar um produto melhor. E a questão não é dinheiro, já que sei que vão dizer que os melhores jogadores estão na Europa e por isso lá o jogo é melhor...o Villarreal fatura menos e mesmo assim eliminou o Bayern de Munique da Champions...
Mas a falta de tempo de trabalho dos técnicos, sim, impacta diretamente no que se vê em campo. Como elaborar ideias e implementar conceitos com uma média de três meses de um profissional à frente do processo? E depois vem outro técnico mudando tudo e depois de três meses chega outro e assim vai... o treinador aqui no Brasil não trabalha. Ele sobrevive. A cada rodada ou comemora a chance de trabalhar até o próximo jogo ou se aproxima da demissão. Sem muita avaliação. O futebol é muito dinâmico, dizem os dirigentes...
Não alimento a utopia de que todo clube deve ter em seu escopo um modelo de jogo estabelecido, com padrões de comportamento definidos com base na história, nas conquistas marcantes e no contexto geral e só a partir disso buscar um treinador que se encaixe e entregue tudo o que seja condizente com essa filosofia. Sei que aqui no Brasil o que se quer é a vitória a qualquer custo, não importando como. Mas até para ganhar desse jeitão aleatório tem que ter coerência. Precisa de tempo. Tem que respeitar e entender o processo. Há de se ter convicção mesmo nas derrotas e entender que elas fazem parte do amadurecimento.
É muito fácil demitir o treinador. Aparentemente se estanca o problema e a torcida vê que os dirigentes estão "tomando providências". Porém no médio prazo já estamos colhendo os frutos disso...equipes sem padrão, jogando da forma mais simples possível, com medo da derrota...a conta chega. A bola pune!