Não foi por acaso que os clubes traçaram o planejamento de 2018 priorizando entre os torneios nacionais a conquista da Copa do Brasil. Líder na lista dos campeonatos com as maiores premiações do continente, a CBF pagará R$ 50 milhões ao vencedor da segunda disputa mais importante do país. O valor ainda fica maior se somado a premiação recebida desde as primeiras fases, podendo chegar ao montante de R$ 67,3 milhões.
Para se ter ideia do tamanho da mudança, o melhor exemplo a ser utilizado é o Cruzeiro. Campeão da Copa do Brasil em 2017, o clube mineiro embolsou R$ 13,3 milhões. O aumento, que chega a ser superior a 400% em relação ao valor acumulado em todas as fases do ano anterior, é reflexo do novo contrato de televisão assinado pela entidade. Válido por cinco temporadas, o acordo com a Rede Globo, que passou a ter efeito em 2018, ultrapassa R$ 300 milhões anuais, o que representa o triplo do valor do último contrato.
Premiações
As premiações são repassadas aos clubes conforme vão avançando na disputa. Nas duas primeiras fases, os competidores receberam cotas de participação de acordo com a posição em que se encontram no ranking da CBF. A partir da quarta fase, a premiação passou a ter o mesmo valor, de R$ 1,8 milhão, para todos os 20 times que sobreviveram na disputa. As equipes que se classificaram às oitavas de final, faturaram R$ 2,4 milhões e a quantia aumentou para R$ 3 milhões aos que venceram a fase.
Como fica o Brasileirão?
Tal valorização da Copa do Brasil gerou questionamentos sobre os rumos que tomaria o Campeonato Brasileiro, competição que é considerada a mais importante do país, com um calendário de jogos que vai de abril a dezembro. Atual campeão, o Corinthians recebeu R$ 18 milhões como bonificação, mesmo valor que será direcionado ao time que conquistar o título em 2018. Com uma premiação inferior, o Brasileirão deixou de ser a meta de conquistas dos clubes, que andam com as finanças enroladas.
Os objetivos distintos também causaram mudanças na forma de organização das comissões técnicas, que preferem poupar os jogadores titulares para as decisões do mata-mata e escalam times formados praticamente por reservas para os compromissos do Brasileiro, como aconteceu no confronto entre Flamengo e Grêmio, pela 17ª rodada, quando o Rubro Negro poupou alguns titulares, mas acabou sofrendo derrota por 2 a 0 para o Grêmio, que atuou com o time reserva. De acordo com o jornalista Marcel Rizzo, do Portal UOL, o fator, que vem sendo recorrente, pode levar a CBF a se basear em um estudo da Fifa para dificultar a utilização de times reservas no Brasileirão.
A principal ideia da Confederação Brasileira é limitar a quantidade de jogadores inscritos na competição, como já acontece nas disputas da própria Copa do Brasil e da Libertadores. O estudo mostra que 72% dos clubes filiados a entidade máxima do futebol, já adotaram o limite de 30 jogadores inscritos nos torneios nacionais que organizam. Entretanto, na visão da CBF, a mudança não surtiria um efeito significativo e o número deveria ser reduzido a 25 inscritos. Porém, como a definição depende da concordância dos clubes no Conselho técnico do torneio, que acontece só no início do ano, a alteração ainda deve demorar a ser implantada.
Lucros e dividendos
A partir desta quarta-feira, oito clubes decidirão as quartas de final da Copa do Brasil e as disputas prometem ser acirradas, principalmente pelo alto montante que será recebido pelos times que avançarem, valor que pode salvar o ano dos mais endividados. De acordo com um estudo divulgado pela empresa especializa em marketing esportivo, Sports Value, que leva em conta dados apresentados nos balanços feitos pelos clubes nacionais na temporada de 2017, os oito times que estão nas quartas de final da Copa do Brasil (Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Santos, Flamengo, Cruzeiro, Bahia e Chapecoense) acumulam, juntos, aproximadamente R$ 2,448 bilhões (R$ 2.447.900,00) em dívidas líquidas. Confira o ranking!
Ranking de endividamento líquido dos clubes classificados às quartas de final:
Palmeiras - R$ 462 milhões
Corinthians - R$ 448 milhões
Grêmio - R$ 392 milhões
Santos - R$ 361 milhões
Flamengo - R$ 335 milhões
Cruzeiro - R$ 314 milhões
Bahia - R$ 171 milhões
Chapecoense - R$ 900 mil
Dos endividados da Copa do Brasil, o Flamengo é o time que mais quitou seus compromissos, reduzindo a quantia total de débitos em 27% se comparado a 2016, o que representa quase R$ 130 milhões. Quem também deve se orgulhar do equilíbrio que mantém nas finanças é a Chapecoense. O clube catarinense segue com R$ 900 mil em défict, mas se reverter a vantagem do Corinthians e avançar às semifinais, embolsará nada menos que R$ 6,5 milhões, assim como os demais times que se classificarem. Dos quatro clubes que restarem, apenas dois irão para a briga direta pelo título, que vai garantir R$ 50 milhões ao vencedor e R$ 20 milhões ao vice-campeão.
Próximos confrontos da Copa do Brasil
Nesta quarta-feira, três semifinalistas serão conhecidos. Na Arena Condá, a Chapecoense terá a dura missão de vencer o Corinthians por pelo menos dois gols de diferença para reverter a vantagem que os paulistas obtiveram na ida, com o triunfo por 1 a 0. O mesmo acontece com o Santos, que foi derrotado pelo atual campeão Cruzeiro, na Vila Belmiro, e também precisa de uma boa vitória para avançar. O último confronto do dia acontece entre Flamengo e Grêmio, que empataram em 1 a 1 no primeiro jogo e decidem no Maracanã. Na mesma situação, Palmeiras e Bahia, que ficaram no 0 a 0 na ida, entram em campo para o tudo ou nada na quinta-feira.
*Sob a supervisão de Aigor Ojêda.