A vitória do Cruzeiro sobre o Palmeiras no Allianz Parque contou com um lance pra lá de polêmico antes do apito final. Aos 52 minutos do segundo tempo, Fábio saiu mal do gol, deixou a bola nos pés de Antônio Carlos, que estava livre de marcação e fez o gol, mas o árbitro Wagner Reway já havia paralisado o jogo antes mesmo do lance terminar, indo contra a determinação pelo uso do VAR. Essa atitude o impossibilitou de pedir auxílio ao árbitro de vídeo.
Segundo a determinação da CBF, o VAR só deve ser utilizado para revisar lances de gol. Como foi marcada falta de Edu Dracena sobre o goleiro da Raposa, o gol não aconteceu, pois o jogo já havia sido interrompido.
A decisão de Wagner Reway gerou uma revolta muito grande entre os palmeirenses. Foi falta? Qual seria o procedimento correto? O VAR realmente não poderia ser utilizado? Para esclarecer essa situação, o LANCE! ouviu opiniões de ex-árbitros de futebol. Confira a seguir:
Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista dos canais ESPN
"Sim, foi falta. Edu Dracena pulou e teve contato físico com Fábio. Aquela ação é normal no jogo de futebol se fosse entre um zagueiro e atacante, mas o goleiro tem prerrogativa, então para mim, a ação do palmeirense é faltosa. O árbitro viu a falta e apitou. Atitude correta. O uso do VAR não é obrigatório em todas as situações. A falta não está no protocolo do árbitro de vídeo. A orientação para deixar o lance seguir é apenas para impedimento ajustado, dificuldade, pedaço do corpo à frente o jogador fazendo o gol. O procedimento foi correto.
O equívoco para mim foi o juiz não ter ido no vestiário. Quem esteve no vestiário do Palmeiras foi o Coordenador de vídeo, Sérgio Corrêa, e falou que eram para os jogadores não parar quando o bandeira levantar e que o árbitro estava orientado para não parar o jogo. A confusão está ai, mas não há nada disso no protocolo".
Carlos Eugênio Simon, ex-árbitro e comentarista dos canais Fox Sports
"Em primeiro lugar não houve falta. A disputa de bola pelo alto foi normal e não há nenhuma infração. É um lance difícil para quem está dentro de campo. Mas o correto seria aguardar um segundo e buscar ajuda do VAR. A recomendação é esperar o fim da jogada para tomar alguma decisão. Neste episódio, Wagner Reway apitou uma suposta infração que ele viu e consequentemente o jogo parou imediatamente. Não tinha mais o que fazer depois do apito.
Muito se falou sobre uma ida do árbitro aos vestiários das equipes antes do jogo. Isso deveria ser feito com mais antecedência. Sou defensor do VAR e manifesto isso sempre. O correto seria a realização de uma palestra antes da competições, onde o responsável da CBF pela arbitragem se dirija até os clubes. Não sei se foi feito ou não essa palestra. A explicação do uso do VAR deveria ser feita com antecedência e não antes da partida começar".
Márcio Rezende de Freitas, ex-árbitro e comentarista da TV Globo de Minas Gerais
"Não foi falta. Disputa natural pela bola com contato físico. Nesse caso não caberia a utilização do VAR por se tratar de um lance de interpretação e o árbitro ter chamado para si a responsabilidade. Para ele foi falta e ponto. Ao apitar (e o apito é nítido) a partida está paralisada e tudo que ocorrer após o apito não vale nada. Para que o VAR fosse utilizado, ele teria que deixar correr o lance mesmo na dúvida, se houve ou não falta, e após a bola ter entrado no gol, ele não reiniciaria o jogo enquanto não sanasse sua dúvida com o VAR. Mas, na ótica dele houve a falta. Sua atitude em passar as informações sobre a utilização do VAR antes da partida é proativa, importante".
José Roberto Wright, ex-árbitro
"Não houve falta. O goleiro do Cruzeiro salta em cima de seus próprios companheiros e a ação do Edu Dracena no lance foi legal. Eu prefiro não entrar muito no assunto do VAR. Acredito que apenas os árbitros em atividade estão por dentro de todas as determinações e procedimentos. O que posso dizer é que o Manoel Serapião vem fazendo um bom uso da tecnologia no futebol".