Alemanha decide pela 14ª vez seu futuro em uma Copa do Mundo na última rodada da fase de grupos

Situação enfrentada pelos germânicos nesta quinta só não vivida em 4 vezes na história

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Por mais que a situação da Alemanha na atual Copa do Mundo do Qatar chame a atenção pelo perrengue sofrido (apenas um ponto ganho em seis disputados), ela não pode ser considerada necessariamente inédita.

Das 17 vezes que a seleção germânica disputou um Mundial pelo formato de uma primeira fase de grupos classificatórios para uma fase eliminatória posterior, apenas quatro delas a equipe chegou à última rodada já classificada, sem correr riscos.


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Nas outras 13 vezes, sempre os alemães precisaram ao menos pontuar na última rodada para garantir a classificação às oitavas ou quartas de final.

Evidente que nem todas as situações foram de desespero total como neste ano ou na Copa anterior, em 2018, quando a equipe dependia de uma vitória sobre a Coreia do Sul e de uma combinação de resultados para se classificar. Na Rússia, acabou tropeçando para os asiáticos e deu adeus ao Mundial na fase inicial. É o único caso dessa lista.

Na próxima quinta-feira (1/12), às 16h (de Brasília), além de vencer a Costa Rica, os alemães precisarão torcer por um empate ou vitória dos espanhóis sobre o Japão. Se os nipônicos triunfarem, os germânicos só se classificam se tirar o saldo de sete gols do rival ibérico.

Confira as vezes em que os alemães passaram sufoco

1954 - Suíça

A equipe caiu no Grupo 2 da competição, disputada na Suíça. Pelo regulamento esdrúxulo, uma seleção só jogaria contra duas das três rivais que completariam a chave. E o sorteio tirou do caminho germânico a Coreia do Sul.

Após vencer com autoridade a Turquia por 4 a 1 em sua estreia, no dia 17 de junho, a Alemanha decidiria a sua classificação três dias depois. Mas do outro lado estava a Hungria, já apontada como uma das principais favoritas. E assim acabou atropelada: 8 a 3 para os húngaros.

Para se classificar às quartas de final, os germânicos tiveram que passar por uma eliminatória desempate extra diante da Turquia. E aí a reação começou a ser desenhada. Goleada histórica por 7 a 2. Depois de eliminar a Iugoslávia, alcançaria outro placar dilatado frente a Áustria na semifinal: 6 a 1. E na final, contra a mesma Hungria, em 4 de julho, no episódio conhecido como o 'Milagre de Berna', venceu de virada por 3 a 2.

Puskas atropela a Alemanha na primeira fase: goleada histórica da Hungria em 1954 (Foto: Fifa)


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1958 - Suécia

No Mundial da Suécia, os alemães caíram no Grupo 1. Depois de uma estreia confortável, com vitória por 3 a 1 sobre a Argentina, bastaria vencer a Tchecoslováquia na segunda rodada. Não deu. Depois de sofrer um 2 a 0 no primeiro tempo, a equipe reagiu na etapa final, arrancando um suado empate.

Na rodada final, os germânicos jogaram com o regulamento embaixo do braço e repetiram a dose, empatando suas vezes o placar e seguraram o resultado para selar a classificação e empurrar a Irlanda do Norte para uma partida desempate com os tchecos, que conseguiram o feito de igualarem os critérios de desempate com uma humilhante goleada aplicada nos argentinos de 6 a 1. Melhor para os britânicos, que ficaram com a vaga nas quartas de final após vitória na prorrogação.

1962 - Chile

A Alemanha caiu no Grupo 2, o da morte daquela primeira fase. E a primeira rodada reservou o duelo de favoritos. Em jogo tenso, segurou o 0 a 0 com a Itália.

Na rodada seguinte, não tiveram dificuldades em bater a Suíça e contaram com uma ajuda inesperada: o Chile teve a força da torcida para vencer os italianos por 2 a 0 e garantir a sua vaga antecipadamente.

Diante de um adversário em ritmo de festa, os alemães bateram os mandantes por 2 a 0 e garantiram a outra vaga da chave.

1966 - Inglaterra

Uma última rodada apenas protocolar. Os alemães ficaram no Grupo B. Na estreia, uma goleada acachapante sobre a freguesa Suíça por 5 a 0. No segundo jogo, o empate em 0 a 0 com o outro bicho papão da chave, a Argentina, adiou as coisas. Mas a vaga veio com a vitória tranquila sobre a Espanha por 2 a 1.

1978 - Argentina

Em uma trajetória modesta, vaga veio com certo suspense. No Grupo B (de novo), os alemães estrearam com um 0 a 0 ante a temida Polônia. Na segunda rodada, uma das maiores goleadas germânicas na competição, um 6 a 0 sem piedade sobre o México.

Mesmo com o placar chamativo da última rodada, a configuração adiou a festa alemã. Os poloneses já estavam classificados, mas os germânicos tinham um confronto direto com a zebra Tunísia, que chegou a se empolgar durante àquela Copa. Mas com o regulamento debaixo do braço, o 0 a 0 garantiu a vaga.

O burocrático Alemanha x Tunísia de 1978: suficiente para sair com classificado (Foto: DFB)


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1982 - Espanha

Uma paçoca para quem advinhas o grupo da Alemanha... os alemães estrearam no Grupo 2 contra a Argélia, que estreava em Mundiais, no dia 16 de junho, em Gijón. Acabaram perdendo por 2 a 1.

Depois de uma combinação de resultados da chave (incluindo os 4 a 1 sobre o Chile, no dia 17 de junho), a última rodada reservava o encontro entre Alemanha e Áustria. Ambos entraram em campo no dia 25 de junho sabendo do resultado do dia anterior, em que os argelinos bateram os sul-americanos por 3 a 2, em um capricho do regulamento da época.

No que ficou conhecido como o 'Jogo da Vergonha', os germânicos sabiam o que fazer para se classificarem e puxarem junto os vizinhos. E assim foi feito: vitória por 1 a 0, em que a maior parte do tempo de jogo foi de toques de bola e quase nenhuma chance clara criada, sob vaias dos torcedores presentes em Gijón. O episódio manchou a campanha alemã, que terminou com o vice após derrota para a Itália na final.

1986 - México

Quatro anos depois, no México, a Alemanha também penou na primeira fase. No Grupo E, os germânicos estrearam mal empatando com o Uruguai em jogo que venciam até o final, no dia 4 de junho.

Na segunda rodada, quatro dias depois, a equipe fez a sua parte, venceu a Escócia por 2 a 1 e viu a Dinamarca, com uma das maiores gerações de sua história, aplicar um impetuoso 6 a 1 nos uruguaios e garantir a sua classificação antecipadamente.

A promessa era de jogo fácil na última rodada para os germânicos se garantirem nas oitavas de final, mas a Dinamarca mostrou que não estava para brincadeira. Venceu por 2 a 0, deixando os alemães empacados com três pontos. Para sorte deles, no jogo de fundo da chave, o Uruguai não conseguiu vencer a lanterna Escócia (ficou no empate sem gols).

E assim a Alemanha continuou sua trajetória até a final, onde encontrou o furacão Diego Maradona e não foi párea para a Argentina, saindo com mais um vice na década de ouro do futebol germânico.

Torcida espanhola em fúria com o 'Jogo da Vergonha' de 1982 (Foto: Reprodução)


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1994 - EUA

No Grupo C, mais uma campanha protocolar. Uma magra vitória por 1 a 0 sobre a Bolívia antes do duelo mais esperado, ante a Espanha, que terminou em 1 a 1. Na primeira Copa com três pontos por vitória, uma vitória com certo clima de tensão por 3 a 2 sobre a Coreia do Sul na última jornada (estava 3 a 0 no intervalo) selou a vaga nas oitavas.

1998 - França

No primeiro Mundial com 32 seleções, a Alemanha caiu no Grupo F. Estreia com um 2 a 0 sobre os EUA. Empate em 2 a 2 com a Iugoslávia, a outra 'força' da chave. E a vaga assegurada com um 2 a 0 protocolar sobre o Irã, que podia avançar se os vencesse.

2002 - Coreia do Sul/Japão

No Grupo E, estreou com um expressivo 8 a 0 sobre Arábia Saudita. Depois ficou no 1 a 1 com a Irlanda. E tinha exatamente a mesma campanha de Camarões. Podia jogar pelo empate pelo saldo positivo, mas venceu por 2 a 0, avançou e eliminou os africanos, que passariam também com uma igualdade no marcador.

2010 - África do Sul

É de sufoco que queremos falar aqui. Pois antes do desastre russo, os alemães suaram na primeira Copa africana. No Grupo D, depois de uma goleada tranquila por 4 a 0 sobre a Austrália, caíram para a Sérvia por 1 a 0 na segunda rodada.

Para a sorte alemã, o grupo ficou embolado (todos com uma vitória e uma derrota) e reservou dois confrontos diretos na última rodada. Em um dos jogos mais tensos da história germânica nas Copas, a vitória contra Gana saiu faltando 20 minutos para acabar em um chute de Özil de fora da área (foto que ilustra essa reportagem).

2014 - Brasil

No ano em que encantaram o mundo, meteram um famoso 7 a 1 e saíram campeões, os alemães tiveram uma primeira fase discreta no Grupo G. Estrearam com um 4 a 0 sobre Portugal. Mas ficaram no empate em 2 a 2 com Gana na segunda rodada. Ficou tudo para a 'last dance' da chave. E a vaga veio após um tímido 1 a 0 sobre os EUA, onde um empate classificaria os dois.

2018 - Rússia

A maior vergonha da Alemanha em Copas. No Grupo F, a estreia foi com uma derrota por 1 a 0 sobre o México. A equipe conseguiu respirar com os 2 a 1 sobre a Suécia. Na última rodada, sul-coreanos e alemães faziam um confronto direto da esperança. Os asiáticos surpreenderam e venceram por 2 a 0. De nada adiantaria, já que os mexicanos, já classificados, tomaram 3 a 0 dos suecos e eliminou a dupla.

Rússia, 2018: o maior vexame alemão em Copa do Mundo (Foto: Fifa)


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Chegou à última rodada classificada:

1970 - México
1974 - Alemanha Ocidental (foi campeã)
1990 - Itália (foi campeã)
2006 - Alemanha

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