Os caras das Copas: Eusébio, o craque que fez Portugal chegar longe

Atacante liderou a seleção portuguesa rumo ao terceiro lugar na Copa de 1966

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Nascido em Moçambique durante a época colonial, em 1942, Eusébio é um dos maiores atacantes de todos os tempos e primeiro grande herói da seleção portuguesa, guiando o país a uma histórica terceira colocação na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. O "Pantera Negra" foi o artilheiro daquele Mundial, com nove gols, e a Copa na terra da Rainha Elizabeth II foi a única disputada pelo lendário jogador. Na ocasião, Portugal disputava apenas a primeira Copa do Mundo de sua história e chegou a vencer a Seleção Brasileira.

(Imagem: Arte LANCE!)

Eusébio já era um dos gigantes do futebol mundial em 1962, atuando pelo Benfica, mas a seleção portuguesa falhou na qualificação europeia. Quatro anos depois, o atacante seguia "voando" no Benfica e Portugal finalmente havia conseguido se classificar para o Mundial, após insucessos que vinham desde 1934, quando o país tentou ir para uma Copa pela primeira vez. Portugal caiu no grupo 3 do Mundial, contra o Brasil (campeão em 1962), Hungria (vice em 1954) e Bulgária. Na estreia, contra a Hungria, Portugal venceu por 3 a 1, sem gol de Eusébio. No segundo duelo, diante da Bulgária, Portugal levou a melhor por 3 a 0 e o "Pantera Negra" fez seu primeiro gol no Mundial, apresentando boa atuação. Porém foi contra o Brasil, no confronto final da fase de grupos, que Eusébio começou a virar imortal na história das Copas do Mundo.

A Seleção Brasileira precisava bater Portugal para passar de fase, após ter perdido para a Hungria. O dia era 19 de julho de 1966 e o Goodison Park, em Liverpool, presenciou a única vez que Pelé foi eliminado de uma Copa. Eusébio foi o carrasco do Brasil, "vingando" derrota para Pelé no Mundial de Clubes de 1962, quando o Santos venceu o Benfica em dois jogos. Portugal saiu na frente com Simões, aos 15 minutos do primeiro tempo. Aos 27, Eusébio marcou seu primeiro gol no duelo. Rildo descontou para o Brasil no segundo tempo, mas Eusébio sacramentou o triunfo português aos 40 minutos da etapa complementar. Pelé, que foi duramente marcado por Morais - inclusive levando pancadas, deixou o gramado abatido. Já Eusébio saiu de campo "nas nuvens".

Mas o melhor de Eusébio ainda estava por vir. Nas quartas, Portugal encarou a surpreendente Coreia do Norte. Os coreanos abriram 3 a 0 aos 25 minutos do primeiro tempo. Os portugueses já brigavam entre si, mas Eusébio manteve a calma e marcou aos 27. Aos 43, Portugal conseguiu um pênalti, Eusébio converteu e definitivamente recolocou os europeus no duelo. Na segunda etapa, o atacante seguiu inspirado e fez mais dois, aos 11 e aos 14 (de pênalti), virando o jogo. José Augusto selou o placar em 5 a 3. O feito de Eusébio neste jogo é, sem dúvidas, uma das maiores atuações individuais numa Copa.


Faltavam dois jogos para ser campeão, mas o desafio na semi era duríssimo: a Inglaterra, dona da casa. Portugal e Eusébio lutaram, mas Bobby Charlton marcou aos 30 do primeiro tempo e aos 30 da segunda etapa. Eusébio ainda balançou a rede aos 32 do período complementar, mas a Inglaterra avançou à final e mandou Portugal para a disputa do terceiro lugar, onde teria pela frente a União Soviética, que havia perdido para a Alemanha Ocidental na semifinal.

A disputa pelo terceiro lugar, em Wembley, viu mais um gol de Eusébio - que abriu o placar de pênalti, aos 12 minutos do primeiro tempo. Malofeyev deixou tudo igual aos 43 da etapa inicial, mas José Torres marcou 2 a 1 no último minuto do jogo e garantiu o pódio para Portugal. A terceira posição liderada por Eusébio é, até hoje, a melhor posição de Portugal em uma Copa do Mundo.

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