Copa Tática: Dinamarca tem uma estratégia para cada adversário

Comandada por Hareide, seleção é adaptável, podendo jogar de diferentes maneiras. Pode ter posse, castigar no contra-ataque com pontas ou explorar jogo aéreo para  grandalhões

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Lance!
Especial para o LANCE!
Dia 07/06/2018
22:07
Atualizado em 08/06/2018
07:20
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O ciclo da Dinamarca até a Copa do Mundo de 2018 teve uma marca importante: o fim da era Morten Olsen. Foram 15 anos do treinador na seleção, que deixou o cargo após não se classificar para a Euro 2016. Age Hareide foi o escolhido para a difícil missão de iniciar um novo trabalho. O curioso é que o norueguês chegou a anunciar sua aposentadoria em 2012, mas retornou em 2014 e teve sucesso com o Malmo, na Suécia.

No primeiro ano, a ideia era um sistema com três zagueiros. Mas a partir de um empate com a Alemanha em um amistoso antes da Copa das Confederações, em junho de 2017, a linha de quatro acabou se consolidando. Na data Fifa seguinte, a vitória por 4 x 0 sobre a Polônia (única derrota polonesa nas eliminatórias) embalou a reta final de um time que, até então, só tinha conseguido superar o Cazaquistão e a Armênia, perdendo para Montenegro e empatando com a Romênia.

A figura central, indiscutivelmente, é Christian Eriksen. Além da inteligência conhecida do Tottenham, o meia assumiu grande protagonismo na seleção, terminando as eliminatórias com 11 gols e três assistências em 12 partidas. Referência técnica, é a esperança não só para decidir, mas também como termômetro do funcionamento da equipe.

Age Hareide costuma variar as características coletivas de acordo com as peças. Da mesma forma que pode ter velocidade pelos dois lados com Sisto e Yurary Poulsen, pode optar por um atacante de força física para transformar a ponta direita em alvo para saídas mais longas.

Em partidas contra Polônia e Chile, Cornelius foi deslocado para a função. Como um típico 9 de força física, virou o foco para lançamentos, buscando vitórias em duelos físicos contra laterais adversários.  Não significa, necessariamente, um chuveirinho para a área. É uma estratégia para avançar vários metros no campo sem precisar trabalhar para furar a marcação.

Os próprios tiros de meta costumam ser direcionados para Cornelius quando o jogador de 1,95m está em campo. Como Nicolai Jorgensen tem mais mobilidade, acaba compensando a peça mais pesada que geralmente parte da ponta para a área. Entre os atacantes, o maior baque foi a lesão do veterano e Bendtner, o que garantiu a presença de Kasper Dolberg entre os 23.

Yurary Poulsen para o campo aberto e transições ou Cornelius para os duelos pelo alto em ligações diretas. Essa deve ser a principal dúvida no quarteto ofensivo, já que Pione Sisto oferece maior capacidade de desequilíbrio com suas arrancadas e dribles, podendo se associar com Jorgensen e Eriksen.

A dupla de volantes costuma ser Kvist e Delaney, e guarda mais posição, por mais que o meio-campista do Werder Bremen tenha forte chegada para chutes de fora ou cabeceios na área. É também uma arma nas bolas paradas pelo tempo de bola nas divididas de cabeça. Já Kvist, embora mais lento e sem se deslocar muito, tem bom passe curto, o que ajuda a dar ritmo. O banco oferece as alternativas de Lasse Schone e Krohn-Dehli, passadores que acrescentam em criatividade e ajudam Eriksen nos cenários de controle da posse de bola. O ponto mais discutível é o corte de Daniel Wass, que poderia dar muito ao
elenco e brigar por titularidade, mas não fez parte dos planos do treinador.

A defesa já desperta algumas dúvidas. O único com lugar garantido é o capitão Kjaer. Seu companheiro de zaga foi muitas vezes Bjelland, cortado da lista final por lesão. Christensen, Vestergaard e Mathias Jorgensen (Zanka), jogadores testados em um nível superior ao da segunda divisão inglesa (onde joga Bjelland), são as opções. O crescimento do zagueiro do Chelsea não pode ser ignorado e, apesar de ter sido pouco utilizado nas eliminatórias, chegou a ser aproveitado até como lateral direito.

Na direita, Dalsgaard é o titular. Na esquerda, Durmisi perdeu a titularidade para Stryger Larsen (que pode atuar nos dois lados) e acabou virando a maior surpresa entre os cortados por motivos técnicos. De qualquer forma, não são laterais tão criativos no apoio. Ainda assim, nos momentos de posse de bola e presença no campo de ataque, como a troca de passes muitas vezes fica mais
lenta, uma ferramenta habitual é a diagonal longa dos zagueiros para os laterais bem avançados, tentando obrigar a defesa adversária a se deslocar de um lado para o outro. Assim, tenta criar situações de cruzamentos ou espaços para os chutes de fora da área.

Acima de tudo, a Dinamarca é uma seleção adaptável e que sabe jogar de diferentes maneiras. Pode ter posse de bola com seus meio-campistas, pode castigar no contra-ataque com os seus pontas ou pode explorar o jogo aéreo para seus grandalhões. Tem qualidades para variar suas estratégias, ainda que dependa muito de Eriksen para ter chances de competir no mais alto
nível. Em um grupo com adversários tão distintos, será interessante observar quais serão as abordagens de Age Hareide para tentar chegar ao mata-mata.

Jogos no Grupo C
​16/6 - 13h - Peru x Dinamarca
​21/6 - 9h - Dinamarca x Austrália
​26/6 - 11h - Dinamarca x França

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