A Colômbia foi uma das boas seleções da Copa de 2014. Caiu nas quartas para o Brasil e viu a explosão de James Rodríguez como estrela do futebol mundial. Quatro anos depois, Pekerman segue como o treinador e o país começa a promover uma renovação naquela base que formou o time por muito tempo, inclusive no atual ciclo. A ótima campanha na primeira metade das eliminatórias acabou ofuscada por um final ruim, com apenas duas vitórias nas últimas nove partidas. O LANCE! fecha nesta quarta a série Copa Tática, com análises das 32 seleções - clique no fim do texto e veja também como jogam os outros três times do Grupo H (Polônia, Senegal e Japão) e todas as demais.
A diferença básica em relação a 2014 é a presença de Falcao Garcia. Desfalque por lesão na Copa passada, era um dos principais goleadores do futebol europeu e foi uma ausência bastante sentida. Quatro anos depois, teve períodos de baixa na carreira, mas se recuperou no Monaco, marcando 21 e 18 gols nas últimas duas temporadas pela Ligue 1. Não é mais uma referência mundial na posição, mas é o maior artilheiro da história da seleção.
Talvez a mudança mais radical esteja na defesa. Zuñiga, Zapata, Yepes e Armero formaram a primeira linha colombiana no Brasil. Em 2018, apenas Zapata está entre os convocados, e mesmo assim pode ser banco. O país viu o surgimento de dois zagueiros de potencial, mas que ainda não se estabeleceram no mais alto nível. Davinson Sánchez e Yerry Mina são jogadores de muita potência física e velocidade, mas que ainda oscilam principalmente na leitura dos lances. Mina não foi bem nos primeiros meses de Barcelona e pode ser emprestado em breve. Sánchez foi titular em boa parte da temporada pelo Tottenham, alternando ótimas partidas com outros vacilos importantes que geraram gols, principalmente no posicionamento. Por maior que seja sua agressividade para pressionar, ainda não se mostrou tão confiável quando mais exigido defensivamente.
Nas laterais, duas situações quase opostas. Santiago Arias fez boa temporada no PSV e é o titular absoluto na direita, enquanto a esquerda virou uma grande incógnita com o corte de Fabra, por lesão. Sem o jogador do Boca, Pekerman convocou Farid Díaz, que deve ser reserva mas tem mais experiência na seleção do que o provável titular. Johan Mojica foi uma grata surpresa em 2017/18 pelo recém-promovido Girona e mereceu a convocação. O lugar entre os 23 foi uma justa recompensa ao nível apresentado, mas a titularidade chega de forma inesperada para quem ainda não foi muito testado e passou a maior parte da carreira pela Europa atuando na segunda divisão. Na Espanha, ataca como um ala de força física e dribles, buscando a ponta. Na seleção, precisará de maior disciplina em uma linha de quatro.
No centro do campo, está o maior debate sobre características, experiência e renovação. Desde a Copa de 2014, Carlos Sánchez e Abel Aguilar formam a dupla de volantes. Continuaram como os titulares durante as eliminatórias, mas são muitos os questionamentos sobre a necessidade de ter dois jogadores tão voltados para a marcação, e com menos capacidade de distribuição. Durante a maior parte do trabalho, Pekerman escalou a Colômbia com quase um quadrado no meio: dois volantes marcadores e dois meias, atrás da dupla de ataque. Enquanto a primeira dupla marcava, a segunda criava. O treinador poderia ter ousado um pouco mais na lista, mas preferiu deixar Victor Cantillo, Jorman Campuzano e Gustavo Cuéllar, novidades que atuam na América do Sul, fora dos 23. Seriam volantes mais confortáveis com a bola, o que ajudaria bastante na fluidez da posse, além de não sobrecarregar os meias. A boa novidade é Wilmar Barrios, que começa a ganhar espaço. Titular do Boca, pode barrar o veterano Abel Aguilar, o que já representaria maior ritmo e capacidade de passe. Carlos Sánchez já é indiscutível. Principal ladrão de bolas do time, pode ter diferentes companheiros dependendo da característica procurada por Pekerman. Aguilar é a bola de segurança, Barrios é a renovação e Lerma significa a aposta por ainda mais força física no setor.
A grande transformação de 2017/18 foi a de James Rodríguez. A transferência para o Bayern era a oportunidade de recuperar a confiança, mas representou muito mais do que isso. Com Jupp Heynckes, James mudou radicalmente a faixa de campo em que atua. No Porto, era um ponta que saía da direita para armar por dentro. No Monaco, virou um meia atrás do 9. No Real Madrid, muitas vezes era o meia aberto que centralizava. No Bayern, virou um meio-campista capaz de participar mais recuado e distribuir o jogo ao lado dos volantes. Sua segunda metade de temporada mostrou um desenvolvimento impressionante, passando a ter maior influência no funcionamento do time, já que era parte importante da engrenagem, e não mais apenas o homem do passe final. Caso consiga levar isso para a seleção, pode dar enorme contribuição para qualificar a saída de bola, desde que tenha fôlego para chegar à área adversária, já que continua tendo a responsabilidade de desequilibrar no ataque.
Quem também é fundamental para a Colômbia é Cuadrado. Sua aceleração segue como fator importante para dar velocidade aos ataques. Além dos dribles, é quem pode abrir as defesas em arrancadas pelas pontas, principalmente na direita (mas pode ser escalado na esquerda). O curioso é que, com a presença de Arias, nem sempre é o responsável por atuar aberto, podendo voltar para participar da construção enquanto o lateral se projeta. Na esquerda, a dúvida já é maior. Luis Muriel pode ser outro atacante para acelerar pelo setor, mas a novidade pode ser Mateus Uribe. O jogador do América-MEX ganhou chances em 2018 e pode ser uma peça de equilíbrio para Pekerman. Meio-campista no clube, tem sido utilizado como meia pela esquerda na seleção, usando sua facilidade na ocupação dos espaços. Diante da possível titularidade de Mojica na lateral, pode funcionar como um complemento, além de permitir que James se desloque com total liberdade pelo campo.
No banco, Bacca se apresenta como opção para um eventual resgate do 4-2-2-2. Fora da lista dos 23, Teo Gutiérrez foi, por muito tempo, o segundo atacante que permitia tal variação. Para 2018, o banco terá Bacca e Borja para o ataque, Izquierdo e Muriel como pontas mais velozes, e Quintero como esperança técnica de criatividade para auxiliar James na armação por dentro. Entre as ausências, chama atenção o corte de Edwin Cardona, muitas vezes titular na composição do meio.
Apesar de não chegar embalada, a Colômbia tem um bom time. As decisões de Pekerman serão importantes para a definição da estratégia escolhida, passando muito pelo que escolherá para a faixa central do campo. Será um time agressivo na marcação e que precisará manter a alta intensidade para não sofrer com a vulnerabilidade da defesa. No ataque, James é o centro de tudo e Falcao é a esperança de gols. Em um grupo equilibrado e sem favoritos, passar de fase é o mínimo que se espera, podendo, quem sabe, repetir a caminhada de 2014 e chegar até as quartas de final.
Jogos no Grupo H
19/6 - 9h - Colômbia x Japão
24/6 - 15h - Polônia x Colômbia
28/6 - 11h - Senegal x Colômbia
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