Copa Tática: México e o quebra-cabeça das funções, posições e escalações de Osorio

Com treinador colombiano, questionado dentro do país, seleção mexicana vai para a Rússia como a equipe mais imprevisível da Copa do Mundo de 2018

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Especial para o LANCE!
Dia 10/06/2018
13:40
Atualizado em 11/06/2018
07:00
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O México é a seleção mais imprevisível da Copa do Mundo. A começar pelo fato de ter Juan Carlos Osorio como treinador. Como se sabe, o ex-técnico do São Paulo trabalha estratégias diferentes para cada jogo, muitas vezes mudando boa parte da escalação entre as partidas. Na seleção mexicana não é diferente, o que também gera questionamentos constantes no país. Embora tenha se classificado sem problemas na Concacaf, as atuações nem sempre foram convincentes, com muitas vitórias jogando "para o gasto" contra adversários inferiores, como Panamá e Trinidad e Tobago. O resultado é uma considerável resistência ao nome do treinador, que recebe críticas fortes e constantes.

Outro motivo para a enorme incógnita está nas lesões. Com o corte de Néstor Araujo, além de Diego Reyes, Hector Moreno e Andrés Guardado correndo contra o tempo na recuperação, o período de treinamentos se desenvolveu sem alguns prováveis titulares. Para completar a enorme interrogação, versatilidade talvez seja a palavra que melhor define o grupo dos 23 convocados. Com um comandante tão preocupado em alternar posições e funções, quase todo o elenco é capaz de atuar em diferentes lugares do campo. Layún pode jogar nas duas laterais, como ala ou meio-campista, Guardado pode atuar mais recuado ou como meio-campista pela esquerda, Giovani dos Santos pode ser meio-campista pela esquerda ou ponta pela direita, Reyes é zagueiro, lateral e volante, Edson Álvarez é lateral e volante, Héctor Herrera é meio-campista pela direita mas pode ser utilizado como volante, Salcedo é zagueiro e lateral, e assim por diante.

Como montar o enorme quebra-cabeça? Tentando entender as funções para que o mecanismo coletivo funcione. Seja com três zagueiros ou linha de quatro, Osorio parte do princípio de que é fundamental ter um volante mais recuado. Héctor Herrera é a peça mais importante do centro do campo e, embora se sinta mais confortável com a liberdade para circular como meio-campista, pode ter a responsabilidade de distribuir o jogo mais recuado. Como, por característica, não guarda posição, Édson Álvarez pode ser a alternativa caso a ideia seja ter alguém mais fixo para preencher o espaço. Por último, o veterano Rafa Márquez, que vai para a sua quinta Copa do Mundo, é uma alternativa mais defensiva para terminar os jogos, segundo o próprio treinador.

Andrés Guardado, que chegou a fazer essa função mais recuada em alguns momentos da carreira, é hoje o titular como meio-campista pela esquerda, pensando em um trio central. De acordo com Osorio, a posição preferida de Giovani dos Santos na seleção é exatamente a mesma, o que pode fazer com que seja titular, dependendo das condições físicas do jogador do Betis, que se recupera de lesão. Giovani não tem a mesma distribuição ou contribuição sem a bola, mas pode acrescentar drible recebendo de uma zona mais recuada do campo. Pela direita, caso Héctor Herrera esteja mais recuado, Jonathan dos Santos pode ser acomodado na função.


Se Osorio preferir alternar o sistema para contar com um meia avançado por trás do centroavante, Marco Fabián surge como o nome. Neste caso, o México poderia usar um 4-2-3-1 ou 3-4-2-1, possibilitando que exista a função de um "10" ao lado de um atacante de velocidade. É exatamente para a ponta que o México tem sua maior esperança no momento. Hirving Lozano brilhou na primeira temporada na Europa, jogando com a camisa do PSV. É o jogador que mais pode desequilibrar com arrancadas, dribles e jogadas individuais.

Independentemente do esquema escolhido, as diagonais de "Chucky" Lozano são armas indispensáveis para um time que tenta manter a posse de bola até encontrar uma opção de aceleração. Na outra ponta, Tecatito Corona e Carlos Vela devem disputar posição, com Giovani dos Santos como alternativa de mais um meia partindo do lado.

No comando de ataque, a expectativa de gols mais uma vez fica depositada em Chicharito Hernández. A temporada pelo West Ham foi extremamente decepcionante e o jogador virou um reserva pouco utilizado na segunda metade da Premier League. Foram apenas oito gols em 28 partidas, número frustrante para quem teve um ciclo de Copa bastante movimentado. Terminou a Copa de 2014 como jogador do Man Utd, chegou a passar pelo Real Madrid, se destacou pelo Bayer Leverkusen e termina 2017/18 no banco do West Ham. De qualquer forma, o maior artilheiro da história da seleção mexicana possui um outro status quando está na seleção, e deve iniciar como titular. As opções no banco são Raúl Jiménez e o veterano Oribe Peralta.

Como modelo de jogo, o México tentará trabalhar a posse de bola desde os zagueiros. Até por isso, a recuperação da dupla Moreno e Reyes é importante, já que possuem o passe para iniciar as jogadas. Héctor Herrera é o responsável por direcionar a equipe, buscando a melhor opção para os avanços. Pelos lados, os pontas abrem bastante o campo e buscam as diagonais nos espaços que surgirem. Layún pode ser um ponto importante neste sentido, pois é um lateral com facilidade para atacar por dentro, o que combina com a ideia de manter a amplitude com os pontas. Assim, vira uma opção a mais para trabalhar próximo dos meio-campistas, além de ter a arma do chute de média distância caso atue na esquerda, trazendo para a perna direita, como fez muitas vezes como ala na Copa de 2014.

Um time treinado por Osorio é sempre interessante de ser observado por quem gosta de entender as opções táticas e as variações dentro de um mesmo jogo. Na Rússia, não será diferente. As dúvidas começarão a ser respondidas apenas na divulgação de cada escalação e, mesmo assim, a certeza só virá quando a bola rolar, checando quem ocupa cada parte do campo. Em ideias, certamente será uma das atrações. A questão está na execução dos planos, para apresentar um desempenho mais convincente do que a média recente. Após cair nas oitavas nas últimas seis Copas do Mundo, o México sabe que não terá vida fácil para tentar igualar seu melhor desempenho em mundiais (quartas em 1970 e 1986). Até porque se avançar, é possível que cruze com o Brasil já nas oitavas.

Jogos no Grupo F
​17/6 - 12h - Alemanha x México
​23/6 - 12h - Coreia do Sul x México
​27/6 - 11h - México x Suécia
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