Copa Tática: será que dá para a Costa Rica repetir o feito?
Grande surpresa da Copa do Mundo de 2014, quando chegou às quartas de final, seleção da América Central chega com mudanças importantes no grupo do Brasil, na Rússia
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A Costa Rica foi a grande história da Copa do Mundo de 2014. Candidato a "saco de pancadas", o país conseguiu superar o grupo dos campeões mundiais e foi cair apenas nas quartas, nos pênaltis, contra a Holanda. Em 2018, o grupo pode não intimidar tanto quanto aquele, mas o status de azarão se repete.
Ao longo dos quatro anos, mudanças importantes aconteceram. A principal delas foi a saída do técnico Jorge Luís Pinto. O ex-atacante Paulo Wanchope iniciou o ciclo como comandante, mas deixou o cargo após uma briga com um segurança durante um jogo do pré-Olímpico. Óscar Ramírez, que tinha acabado de ser contratado como auxiliar, foi efetivado uma semana depois.
O ponto mais alto da campanha foi a goleada por 4 a 0 sobre os Estados Unidos em novembro de 2016. Uma característica marcante foi a continuidade para boa parte das listas de convocados. Não por acaso, o grupo final tem apenas três jogadores com menos de 20 partidas pela seleção principal, sendo que Leonel Moreira é goleiro reserva e o meia Daniel Colindres tem 33 anos de idade. Apenas Ian Smith, lateral direito reserva, de 20 anos, pode ser chamado de novidade.
A estrutura para 2018 é a mesma de 2014, mas o resgate foi feito por Óscar Ramírez, já que Paulo Wanchope usou um 4-2-3-1 na Copa Ouro de 2015. De volta ao 5-4-1, o time titular não deve ter grandes dúvidas. A principal notícia em relação ao mundial anterior é a recuperação de Bryan Oviedo. Com ele, a Costa Rica ganha mais qualidade na saída rápida pela esquerda, com a combinação pelo lado que acelera mais as jogadas. Na direita, Gamboa já guarda mais posição, enquanto Bryan Ruiz flutua pelo campo como referência técnica, ainda que sem a mesma velocidade ou dinamismo.
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Se o acréscimo é Oviedo, a incógnita é Joel Campbell. Fundamental em 2014, o atacante seguiu sem conseguir se firmar nos clubes por onde passou ao longo do ciclo. Acabou perdendo espaço também na seleção, com Ureña se consolidando como o '9' titular e Venegas como alternativa de maior velocidade. O que joga a favor do ex-atacante do Arsenal é o status de estrela nacional. Bastou uma boa atuação em um amistoso de preparação contra a Irlanda do Norte para que surgisse a discussão se merece lugar na equipe titular. A diferença é que atuou como um centroavante rápido em 2014, usando sua explosão para incomodar as defesas adversárias a cada bola esticada.
Agora, tem atuado mais pelos lados do campo, o que muda a característica do ataque. Ureña não tem a mesma agressividade em direção ao gol e é um atacante que busca se movimentar para dar apoio a quem chega. No LAFC, pela Major League Soccer, tem mais assistências do que gols, exatamente por funcionar mais como um facilitador do que finalizador. O possível problema é que, partindo do princípio de que a Costa Rica jogará fechada e nos contra-ataques, os passes longos deixam de representar o mesmo incômodo para as defesas adiantadas dos adversários. Sem tal arma, a seleção passa a ter de trabalhar a bola por mais tempo, buscando uma saída mais limpa, o que esbarra nas limitações técnicas e nos riscos diante de equipes que tentem pressionar mais alto.
Outra dúvida é a condição física de Christian Bolaños, que sofreu uma fratura no tornozelo em março e voltou a atuar apenas em um amistoso contra a Inglaterra, cerca de 80 dias depois. Titular absoluto, o ponta do Saprissa é importante para as transições ofensivas da equipe, já que é o velocista da segunda linha. Caso não se recupere totalmente, a disputa passa a ser entre Colindres e Rodney Wallace. Colindres entrou bem nas oportunidades que teve, mas pode ser deixado para trás justamente pelo peso do nome de Joel Campbell.
No meio, Celso Borges e David Guzmán formam uma dupla de bastante força física. Borges é uma ameaça no jogo aéreo e gosta de se apresentar no ataque, enquanto Guzmán se destaca no Portland Timbers pela facilidade nos passes longos desde a defesa. Na Copa Ouro 2017, Ramírez chegou a testar a possibilidade de trabalhar com Bryan Ruiz na dupla central. Acrescenta qualidade técnica na organização e ganha velocidade também pelo lado direito, mas perde muito em intensidade por dentro. Pode ser uma opção para momentos em que a Costa Rica tenha que criar a partir da posse de bola no campo de ataque, algo menos provável em uma Copa do Mundo.
Defensivamente, a seleção sofreu no maior teste desde a classificação. Perdeu por 5 a 0 para a Espanha no fim de 2017, com muita dificuldade para lidar com os espaços explorados entre as duas linhas de marcação. Nas eliminatórias, o mesmo espaço já havia sido o caminho encontrado pelo México. Ao achar o passe atrás dos volantes, obriga um dos zagueiros a se descolar do quinteto e gerar espaço na primeira linha, até pela lentidão do trio central. Contra a Inglaterra, já em amistoso de junho de 2018, a marcação adiantada do adversário fez com que a Costa Rica passasse 90 minutos sem encontrar uma saída para ganhar território e construir jogadas. Para compensar as limitações, no gol, está a principal estrela do país: Keylor Navas. Titular dos três títulos consecutivos de Liga dos Campeões pelo Real Madrid, o goleiro é a esperança de grandes atuações que mantenham o time vivo dentro dos jogos. Em 2014, a Costa Rica superou um grupo extremamente assustador. Em 2018, por mais que os rivais não tenham o mesmo peso, avançar ao mata-mata seria igualmente surpreendente.
Jogos no Grupo E
17/6 - 9h - Costa Rica x Sérvia
22/6 - 9h - Brasil x Costa Rica
27/6 - 15h - Suíça x Costa Rica
Veja a tabela completa e simule os jogos
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