França x Inglaterra: uma rivalidade além do futebol

Lance!

Doha (QAT) 

Dia 09/12/2022

19:01

Atualizado em 09/12/2022

19:11

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As quartas de final da Copa do Mundo deixarão frente a frente nações que protagonizam uma rivalidade e momentos de uma inimizade emblemáticas da história europeia. França e Inglaterra se enfrentam neste sábado (10), no Mundial do Qatar, em uma partida que traz longe dos gramados um dos maiores conflitos da era moderna do Velho Continente: a Guerra dos Cem anos.

O conflito durou entre os anos de 1337 e 1453 e teve início após uma crise na Família Real Francesa, que mantinham laços com os ingleses. O rei inglês Henrique III reivindicou o trono e depois invadiu a França para controlar a fértil região da Gasconha e o comércio de Flandres.

A busca pelo domínio de lugares com fortes características econômicas foi um marco para o começo da guerra, como explicou o professor da UFF e da Uerj, Marcus Dezemone.

- A Guerra dos Cem Anos, na verdade, ultrapassou este período e atravessou vários reinados. Este conflito consiste nas tentativas da casa feudal que reinava em Paris, os Capeto expandir seus domínios para o outro lado do canal da Mancha. Ao mesmo tempo, os Plantageneta, que reinavam em Londres, queriam expandir seus domínios em direção ao continente - disse ao LANCE!.

O conflito não foi ininterrupto devido a crises internas nos países como Guerras Civis, crises sucessórias e até mesmo a Peste Negra. Houve fases com vitórias inglesas e momentos nos quais os franceses triunfaram. Esta longa história trouxe um marco: os usos de arcos de longa distância e canhões aconteceu pela primeira vez.

Na fase final da guerra, a França conseguiu retomar os territórios perdidos após a chegada de Carlos VI ao poder. Com isto, suas forças foram reorganizadas. Nesta recuperação final da França, também surgiu a figura de Joana D’Arc, uma camponesa francesa que foi fundamental nas vitórias no período final.

A França teve mais estabilidade e centralização política, enquanto a Inglaterra se endividou e teve crises internas que desencadearam na Guerra das Rosas. Após mais de cem anos de conflitos, as monarquias inglesa e francesa se fortaleceram, despertando sentimento nacional e patriótico.

Apesar da consolidação, nenhum dos dois lados conseguiu se manter firmemente dominante sobre seus territórios. O professor da Uerj e da UFF, Marcus Dezemone, detalhou:

- Como nenhuma casa conseguiu derrotar a outra inapelavelmente, a guerra se prolongou por gerações. Seu desfecho foi a configuração de que os ingleses estenderam seus domínios ao arquipélago e os franceses ao continente. Isto deu origem à Inglaterra e à França como estados modernos, centralizados em torno de uma única autoridade - disse.

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JUNTOS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
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Apesar dos conflitos que travaram entre a Idade Média e a Idade Moderna, França e Inglaterra estiveram juntas no século XX durante a Segunda Guerra Mundial. A capital francesa Paris chegou a ser invadida pelos nazistas, enquanto a Inglaterra travou batalhas aéreas e resistiu contra as forças alemãs.

O famoso “Dia D” ocorre justamente quando as forças dos Aliados (França, Inglaterra, EUA, etc.) se juntaram na Normandia, na costa norte da França. Este fez parte da Operação Overlord que ajudou a enfraquecer os nazistas que tinham tomado conta daquela região.

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APOIO EM CAUSAS MAIORES
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Em novembro de 2015, a França foi assolada com uma série de atentados terroristas em Paris. Um deles foi na famosa casa de shows Bataclan. Na sexta-feira 13, a França recebeu a Alemanha para um amistoso internacional em Saint Denis, na região metropolitana da capital francesa. Perto do local do jogo, aconteceu um atentado suicida com uma bomba. Na ocasião, o Estado Islâmico reivindicou os atos naquela ocasião.

Quatro dias após os atentados, as duas seleções disputaram um amistoso no Estádio de Wembley, em tributo às vítimas dos ataques. Torcedores da Inglaterra fizeram mosaicos com as cores da bandeira francesa e muitos deles cantaram o hino nacional do país rival em um gesto de homenagem.

A retribuição dos franceses veio depois que o mesmo aconteceu na Inglaterra em 2017. Na ocasião, um atentado suicida aconteceu durante um show da cantora Ariana Grande, na cidade de Manchester, no norte da Inglaterra. No mesmo ano, foi a vez da França receber a Inglaterra em um amistoso no Stade de France, com direito a uma banda militar tocando a música "Don’t Look Back In Anger " da famosa banda Oasis, originária de Manchester.

Na maioria das vezes, não houve uma tensão muito grande entre os futebolistas nas vezes em que os dois países se enfrentaram em campo. O maior ponto de preocupação chega a ser mais na arquibancada, devido às desavenças entre os povos, mas nunca foram vistos incidentes tão grandes.