Neste sábado, no Estádio de São Petersburgo, o meia/atacante Eden Hazard foi o primeiro jogador belga que apareceu na zona mista após a partida em que a Bélgica derrotou a Inglaterra por 2 a 0 e conquistou o terceiro lugar da Copa do Mundo da Rússia– sua melhor participação em Mundiais. Pela terceira vez em sete jogos ele foi considerado o melhor em campo (Tunísia, Japão e Inglaterra). E chegou ao seu terceiro gol na competição, os outros dois foram contra a Tunísia.
Este tento, aliás, acabou deixando em maus lençóis uma empresa de eletrodomésticos belga, a Kefrel, que fez uma aposta com a seleção: se ela fizesse mais de 15 gols na Copa, ela devolveria o dinheiro para todos os torcedores que comprassem uma TV de tamanho grande em uma das unidades da loja em maio para acompanharem a Copa. Graças ao gol que ele marcou no segundo tempo, fechando o placar em 2 a 0, a Bélgica chegou aos 16 gols.
- Na concentração, o Mertens me lembrou dessa promoção. Já tínhamos marcado 14 gols na Copa e e aí eu disse: "vamos tentar fazer esses dois gols que faltam". Conseguimos. Me desculpo com a Krefel, que teve prejuízo, mas os torcedores ficaram felizes - disse Hazard. A Kefrel disse que o valor total da TV será devolvido em forma de cupom para que o consumidor vá a loja e leve o produto que quiser.
A zona mista do Estádio de São Petersburgo fica próxima da saída do gramado e a divisão para os jogadores passarem é muito apertada. Hazard parou exatamente nessa entrada e tinha de ficar desviando toda hora dos ingleses, que não queriam papo (exceto Trippier e Kane). Numa hora, ele recebeu um tapinha nas costas de Loftus-Cheek, seu parceiro de Chelsea. Logo em seguida apareceu o volante Chadli, com um enorme óculos de grau e impecavelmente arrumado, mais parecendo um professor do que jogador. O camisa 22, que parecia preocupado coma lesão que o tirara do jogo ainda no primeiro tempo, ficou parte da entrevista mexendo no cabelo de Hazard, apertando a orelha do companheiro, que ficava às gargalhadas.
- O nosso ambiente é ótimo e se tivemos dias ruins depois da eliminação para a França, todos estão orgulhosos com as nossas excelentes partidas. Vencemos seis jogos em sete possíveis e terminamos com a melhor campanha do nosso país. Claro que se você perguntar para qualquer um de nós a resposta será a mesma: queríamos não a medalha de bronze, mas a medalha de ouro. Não deu, mas buscamos a melhor colocação possível, vencemos o Brasil nas quartas. Estou orgulhoso, assim como todos.
A pergunta em seguida foi o que o torcedor pode esperar da atual Bélgica. Hazard não foi nada humilde.
- Esta geração ainda disputará outras competições, aprendemos aqui na Rússia que sabemos aguentar a pressão, aprendemos o que é perder uma semifinal (NR: o único fracasso nos últimos 25 jogos) e vamos em busca de títulos. Em 2020 vai ter a Euro, em 2022 a Copa do Qatar.
Bola de Ouro e Real Madrid
A entrevista corria em total descontração e seguiu assim quando um jornalista belga perguntou se seria ele o principal candidato para melhor jogador da competição, levando para casa a Bola de Ouro da Fifa
- Eu me daria esse prêmio, você não? (risos). A verdade é que o melhor deve sair de um dos dois finalistas e tem o Modric, que está muito bem, os craques franceses. O que posso dizer é que estou muito feliz com a minha performance. Fiz uma excelente Copa do Mundo e em nenhum momento eu pensei em conquistas individuais, mas no sucesso coletivo.
Hazard, durante o papo que mais parecia uma brincadeira de velhos amigos entre ele e os jornalistas belgas, pela primeira vez falou sobre a possibilidade de deixar o Chelsea e acertar com outra equipe, sendo o Real Madrid a sua preferência (especula-se que os merengues podem oferecer R$ 700 milhões aos Blues).
- Nesse momento quero curtir férias depois desta Copa fantástica. Aí, verei como decidirei a minha carreira. Já falei qual o clube que prefiro defender. Vivi seis temporadas no Chelsea, ótimas temporadas, e pode ser a hora de ver algo diferente. Após o descanso, verei se fico na Chelsea ou se a Espanha é uma possibilidade.
Fim da conversa
- Tá bom, né pessoal ? Mais alguma coisa, é a vez deles – disse Hazard, apontando para o batalhão de repórteres britânicos que aguardavam o jogador um pouco à frente para que ele respondesse desta vez em Inglês antes de seguir para o ônibus arrumar as malas. Afinal, neste domingo ( pela manhã no Brasil) toda a delegação belga desfilará em carro aberto pelas ruas de Bruxelas, com direito a uma paradinha para cumprimentos do rei e da rainha e uma celebração para oito mil na Grand Place. E não há a menor dúvida que um dos nomes mais ovacionados será o de Hazard, um candidato a craque antes do início da Copa e que não decepcionou nem um pouco.