Um dos primeiros comentários sobre futebol que ouvi foi dito pelo irmão do meu avô, um italiano que morreu muito jovem. Numa tarde de domingo, depois do ravioli, ele comentou: "Com o Patrullero Vidal no lugar do Morán, teríamos vencido o Brasil por mais gols". Ele estava se referindo à final do Maracanã, na qual o líder canhoto não podia jogar. Portanto, a mesma história de ausências em jogos mundiais transcendentes nasceu com a própria história do futebol uruguaio. Deve haver um drama necessário para que a tradição seja cumprida.
Mais próximo no tempo, na Copa do Mundo de 1970, caiu para Pedro Rocha, meu ídolo, que era a estrela do selecionado uruguaio. Ele se lesionou quando era mais importante tê-lo em campo. Foi descartado para a partida contra a União Soviética, e também pelo que teria sido o grande jogo de sua vida, contra o Brasil nas semifinais. A dúvida persistirá. O que teria acontecido se contássemos com a presença do grande atacante, dono de um chute preciso e fundamental? Futebol como a vida não vive em verbos no subjuntivo, mas a dúvida persistirá.
Ou ainda mais aqui, há quatro anos, quando Suarez estava ausente no jogo contra a Colômbia, mesmo jogador que teria sido fundamental no jogo contra a Holanda na África do Sul. Seja qual for o resultado da partida com ou sem Cavani e manteve mais de 3 milhões de uruguaios falando sobre o mesmo assunto por quase uma semana, é claro que há uma aura contrária, que segue a equipe uruguaia, que sempre algo do destino cruza no momento em que seria ideal ter o caminho livre de obstáculos.
Há aqueles que, equipados com uma filosofia própria, afirmam que a vida vive colocando testes que devem ser superados. Quando a mesma história se repete, é fácil de recorrer a velha expressão popular, que serve mais como um gesto de compensação da renúncia, e que diz é o que temos. Apenas um bom resultado logo mais esquecerá o modelo persistente.
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