Pool da Copa: ‘As lágrimas de hoje, os sorrisos de amanhã’

O menino, em sua pequena camisa azul, chora. Ele não tem consolo. A mãe o veste. "Desculpe ... desculpe", diz claramente nos lábios de Fernando Muslera que, do campo, parece responder ao garoto. A bola pregou uma peça nele e foi como a água entre as mãos. A França colocou seu sonho nos trilhos.

O jogo segue seu curso. Minutos finais. O mundo parece atordoado. Josema chora animado em jogo completo. É incrível. Nunca aconteceu de ver um jogador chorar cinco minutos antes do fim da partida.

Os uruguaios lançam o penúltimo centro e vão com a única coisa que eles têm: orgulho e vergonha. Futbolísticamente a equipe pouco podia fazer frente a um adversário que fosse superior.

Desta vez não há milagre. Os uruguaios não podem abalar a lógica e deixar a Copa do Mundo. Na quadra você pode ver o choro de Torreira levando a mão dele à cabeça. O abraço de Sebastián Coates. A impotência de Cavani que se funde em um abraço com seu amigo Suarez, a quem ele tenta consolar. E a imagem retorna para Giménez. Ele chora como a criança na arquibancada. E além do impacto que a eliminação gera, elevar a visão nos permite dizer que existe o amanhã. Motivos: esses jogadores querem a camisa. Torreira recusou-se a passar por um exame médico para assinar pelo Arsenal da Inglaterra, que pagará uma quantia milionária por seu passe. Ele colocou em risco seu futuro econômico pensando na seleção e não em um passe.

O gesto do povo. Espontaneamente, quando a eliminação não tinha curvas, as pessoas se levantavam de seus assentos, tiravam a camisa e a enrolavam para expressar seus sentimentos.

A equipe foi aplaudida. Derrotada pelo vice-campeão da Europa. Voltar foi uma primeira rodada solta nos dois primeiros jogos e o golpe para a Rússia local. E depois o triunfo que reverberou no mundo mandando Cristiano Ronaldo de férias.

E a França chegou. Com Cavani descartado, Suarez foi enforcado e não pôde fazer nada. O sonho acabou. Quando os jogadores voltaram ao vestiário, o treinador só disse uma coisa: "O horizonte é enorme".

Neste momento ninguém percebe os detalhes. A única coisa que resta é o resultado final. Mas é preciso dizer que o Uruguai não olhou para os rivais. Foi o caminho mais complexo. Como raramente esta Copa do Mundo foi dividida em dois caminhos diametralmente opostos. Mas não mediu as conseqüências. Ele foi para ganhar sempre. Sem especular.

Uruguai termina em quinto lugar a Copa do Mundo. Parece mentira, mas essa história começou há quatro anos, com o receio de não poder contar com Suárez e Cavani que eles foram suspensos.

A jornada pelas Eliminatórias foi com altos e baixoss, como a própria vida. Uma equipe que superou adversidades e submergiu em suas próprias dúvidas. Até você alcançar a alegria da classificação. Alimente um sonho na Copa do Mundo. Ilusão ao povo. E a triste despedida.

E o que amanhã?

É a questão. O técnico terminou seu contrato. Nas mãos dos líderes é o futuro da liderança da equipe nacional. Os jogadores demonstraram. Futbolisticamente existe uma base. A semente plantada. Houve um substituto, outro é previsto. A grande maioria dos uruguaios está se perguntando o que acontecerá com Suárez e Cavani que, devido à idade, vão lentamente dar lugar às novas gerações.

É claro que eles vão jogar as próximas eliminatórias, assim como Forlán, quando ele foi o melhor em 2010, mais tarde, proporcionando sua qualidade no empate de 2014 e colocando sua estrela na Copa do Mundo.

O sentimento do fim era claro para as pessoas. Não é um detalhe menor. Antes, era comum a equipe nacional deixar um torneio em uma confusão, seja entre jogadores, com o técnico ou com a imprensa. Já não. Eles saíram chorando como os da galeria, como os milhões que acompanharam o sonho do Uruguai pela televisão.

* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.