Pool da Copa: ‘Óscar Ramírez para sempre na Costa Rica’

Jacques Sagot, colunista do 'La Nación', analisa o futuro do treinador da Costa Rica

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Lance!
La Nación (Costa Rica)
Dia 04/07/2018
06:52
Atualizado em 04/07/2018
07:35
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Ele é pequeno, bacurto, gordinho, risonho, infantil, modesto, humilde, recatado e prudente em seu discurso ininteligível, popular, elegante, sofisticado: é Oscar Ramirez. O homem costarriquenho o quer porque é visto nele, porque é em todos os pontos representativos da nossa idiossincrasia. Ele é o técnico ideal para a Costa Rica. Sempre será. Sua continuação será consumada pelo tempo, e não por razões de futebol, mas por sua psicologia, sua personalidade, seu temperamento, com o qual o homem costarriquenho é plenamente identificado. Ele é um técnico absolutamente representativo do homem médio. As pessoas o querem porque vêem isso retratado. É uma excrescência da nossa terra, um genuíno produto nacional.

Há quatro opções de vida: a excelência humilde, a excelência arrogante (menos boa mas aceitável), a mediocridade humilde (ruim, mas ainda não irritante), e da mediocridade arrogante (inaceitável de qualquer ponto (ótimo!) ver). Ramírez representa a terceira possibilidade: a mediocridade humilde. Nada tolera tão mal a ética quanto a arrogância (seria mais correto dizer: o que ele percebe como tal). Mil vezes preferível para nós ter um humilde medíocre do que um gênio arrogante. É por isso que você sempre quer Oscar Ramírez, é por isso que, eventualmente, ser integrados em nossa bandeira nacional, ao lado das caravelas e vulcões, é por isso que, apesar de ter liderado a segunda pior campanha da Copa do Mundo, as pessoas Costa Rica lhe tem afeição e vão perdoar basicamente tudo o que ele fizer. Não é por admiração ou reconhecimento do mérito (o quê?). É porque através de seu verbo cantinflesco e sua postura respeitosa, ele representa o sentimento pudíco do homem da sociedade. Ele poderia concorrer à Presidência da República e provavelmente venceria.

Excelência assusta o homem costarriquenho. Imediatamente eles vão enforcar a semente da arrogância. Todos os pendentes, exaltados, reluzentes, o exímio nos submerge no terror, nos desestabiliza, nos tira da nossa zona de conforto. A primeira maneira de desqualificá-lo é acusá-lo de ostentação, arrogância ou egoísmo. Essas são coisas que nunca serão ditas sobre Ramírez. Nós temos exatamente o técnico que merecemos. Tudo será perdoado, sim, porque representa o núcleo da alma ética.

* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.

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