O favoritismo não vem sendo sinônimo de tranquilidade e jogo bonito nessa Copa do Mundo. Quem ajuda a provar isso é a França. Apesar do elenco estrelado e cheio de qualidade, o time de Didier Deschamps passou pela primeira fase garantindo a liderança do Grupo C, mas com um futebol extremamente sonolento.
O primeiro 0 a 0 deste Mundial deu aos torcedores um confronto de doer os olhos. Precisando apenas no empate para garantirem a classificação, franceses e dinamarqueses apenas esperaram o cronômetro rolar. Este foi, de longe, o jogo que mais deixou clara a falta de vontade do time de Deschamps. Não atoa, o grupo saiu vaiado em Moscou.
O sono apareceu nos outros dois jogos. Na estreia, a Austrália chegou a ser melhor em campo e buscou mais a vitória, mas acabou derrotada por um lance de Pogba no final. No segundo jogo, o primeiro tempo foi animador, com destaque para as estrelas, mas a segunda etapa trouxe de volta aquele jogo de um time que não joga para empolgar.
O lado bom
Se existe uma visão positiva desse jogo parado é o pouco desgaste dos jogadores. Principalmente considerando o fato de Deschamps ter utilizado a equipe quase toda reserva contra a Dinamarca. Mandada, Sidibé, Kimpembe, N'Zonzi e Lemar foram titulares pela primeira vez na competição. Mendy e Fekir entraram na segunda etapa.
Apenas Varane, Hernández, Kanté, Griezmann e Giroud começaram o confronto e Mbappé entrou ao longo do duelo. Além disso, nenhum jogador está suspenso para as oitavas. Apenas Tolisso, Pogba e Matuidi levaram cartão na primeira fase.
Para o treinador, fica claro que o que importa é o resultado final. Vale lembrar que na Eurocopa de 2016 os franceses só foram derrotados na prorrogação da final, diante de Portugal. Na primeira fase, apesar de ter avançado em primeiro, venceu apertado a Romênia, com um gol no finalzinho, bateu a Albânia com mais tranquilidade e empatou em 0 a 0 contra Suíça. Um cenário muito parecido com a sequência desse Mundial.
Na segunda fase, Griezmann brilhou para mandar Irlanda, Islândia e Alemanha para casa. Na final, pesou a falta de futebol. Portugal tinha e ainda tem um time inferior e ainda havia perdido Cristiano Ronaldo no início do duelo, mas saiu com o troféu.
Como o treinador vê
Na entrevista coletiva, Didier Deschamps tentou rebater um pouco das críticas feitas pelos jornalistas franceses. Apesar de alguns não colocarem os Bleus como principais favoritos, como já mostramos aqui no LANCE!, todos esperavam mais desse time.
- Nós tentamos o gol, ficamos em primeiro do grupo. Não foi um jogo emocionante no fim, porque a Dinamarca se classificava com o empate e tem uma defesa muito boa. Nós tivemos boas chances no ataque. O empate acabou sendo bom para todos - justificou Deschamps.
- Tenho de proteger meus jogadores, vamos jogar em quatro dias. Colocamos jogadores descansados, Lloris (goleiro) vinha de uma sequência grande de jogos, temos um reserva muito bom. Segurei alguns porque tenho de pensar nas oitavas - destacou.
Próximo adversário
As oitavas de final reservam um clássico do futebol mundial que pode, enfim, colocar a França para jogar. Depois de conquistar a classificação suada, a Argentina ficou em segundo lugar no grupo e, por isso, encontrará os franceses no próximo sábado, às 11h (de Brasília). Como o time de Jorge Sampaoli chega em um momento extremamente turbulento, Didier Deschamps e seus comandados são os favoritos.
O desgaste pesará para os hermanos também. Se a França conseguiu "se poupar", a Argentina, mesmo sem jogadores pendurados, precisou de fôlego até o último minuto contra a Nigéria para garantir a vaga. No entanto, a vontade demonstrada no primeiro mata-mata dos argentinos pode complicar caso os franceses entrem sonolentos. Se o talento não resolveu, a luta garantiu.