O sonho islandês (mais um) continua. Uma vitória nesta terça, às 15h, em Rostov, contra a Croácia, dependendo do resultado entre Nigéria e Argentina, pode escrever mais um capítulo épico na história do menor país da Copa do Mundo, com cerca de 335 mil habitantes. O "boom" da seleção nacional, que surpreendeu ao ir às quartas da Eurocopa de 2016, e garantiu em 2017 pela primeira vez uma vaga no Mundial, fez o mundo procurar a Islândia, situação inédita para um país com trajetória futebolística inexpressiva.
Imagine como era o trabalho de Ómar Smárason até 2016. Mas quem é Ómar? É o assessor de imprensa islandês, o responsável por receber pedidos de entrevistas e repassar informações a veículos de todo o mundo. De todo o mundo, na verdade, só há pouco tempo, o que transformou a sua rotina.
- Antes da Euro, até existia o interesse da mídia da Europa no futebol da Islândia, alguns de outros continentes. Mas com a chegada da Copa do Mundo o negócio explodiu totalmente. Há um grande número de veículos de comunicação estrangeiros em todos nossos eventos desde então. É um pouco louco, para ser honesto - contou Smárason, ao LANCE!.
Os olhos do mundo começaram a se voltar para a Islândia quando a seleção chegou perto de conseguir uma vaga para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A seleção caiu na repescagem, contra a Croácia, no fim de 2013. As façanhas de 2016 e 2017, no entanto, colocaram a imagem do país e de sua carismática torcida em todo o planeta. O telefone de Smárason não parou mais de tocar.
- Fica até difícil falar um número, mas posso dizer que são cerca de cem pedidos por dia de entrevistas ou pedidos de informações sobre nossa história. Simplesmente não conseguimos atender a todos, só mesmo nos eventos de mídia programados (como os oficiais na Copa) - afirmou o assessor.
O país de 335 mil habitantes tem 30 veículos de comunicação locais que estão na Rússia cobrindo a chance de mais um feito épico. As vendas de camisas da Islândia, antes da Copa, foram dez vezes maiores do que em 2016. Imagine, então, se a seleção nacional deixar a Argentina fora da Copa do Mundo...
- A maioria das pessoas é realista. Estamos em um grupo muito difícil. No entanto, mostramos que podemos obter bons resultados contra oponentes formidáveis, e chegamos à Rússia cheios de confiança. Vamos ver o que surge - comentou Smárason.
As cenas de festa que ficaram na cabeça de todos os islandeses no dia da classificação à Copa do Mundo podem se repetir em Rostov. A proximidade da torcida com os atletas e o técnico Heimir Hallgrimsson é uma marca.
- Foi um dia especial, os fãs ficaram loucos. A equipe saiu para jantar e os fãs seguiram, começaram a cantar e cantar, os jogadores participaram. Algumas ótimas cenas e boa diversão. E nosso relacionamento com a mídia também é descontraído, o treinador é aberto e receptivo - declarou Smárason.
Para se ter uma ideia de como é a relação entre time, torcida e imprensa, há uma rotina inimaginável no Brasil ou em qualquer grande seleção que acontece com o time islandês. Foi num pub na Islândia que a festa relatada por Smárason aconteceu. Neste bar, o treinador Hallgrimsson reúne sempre os jogadores também antes dos jogos, para as orientações finais. Com torcedores no mesmo ambiente - todos respeitam os pedidos do comandante para que a ordem seja mantida. O pub fica próximo ao estádio onde o time joga, em Reykjavík, a capital islandesa que concentra 122 mil habitantes.
Para onde os islandeses irão em caso de festa na noite desta terça, em Rostov, ninguém sabe. O que é preciso acontecer antes? A Islândia, com um ponto, precisa vencer a líder Croácia, que tem seis. Neste cenário, seria preciso ainda que Argentina e Nigéria empatem ou que os argentinos vençam, mas sigam atrás no saldo de gols. Hoje a vantagem é de um gol para a Islândia.