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Falta de comunicação e Real Madrid: os motivos da demissão de Lopetegui

Treinador estava acertado com o Real Madrid, mas não comunicou à Federação Espanhola. Jogadores madrilenhos tiveram conhecimento da notícia antes do presidente Luis Rubiales

Lopetegui tinha renovado com a seleção espanhola até 2020, mas o Real Madrid pagou a multa rescisória
(Foto: AFP)

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Crise na seleção espanhola. Faltando menos de 30 horas para sua estreia na Copa do Mundo, contra Portugal, nesta sexta-feira (15), a Federação da Espanha decidiu demitir o treinador Julen Lotepegui - que estava no cargo desde 2016 e ainda não havia sido derrotado em 20 jogos. Apesar do acerto com o Real Madrid, que irritou os dirigentes, o principal fator para a sua queda foi a falta de comunicação do treinador com a entidade. 

Sem Lopetegui, o ex-jogador e dirigente Fernando Hierro foi selecionado para liderar a equipe durante a Copa do Mundo, mas as consequências vão muito além de uma troca de comando. A Espanha colocou fim a um ciclo que estava sendo montado desde 2010, quando o treinador assumiu a categoria sub-19 da seleção. Boa parte do elenco que está na Rússia foi treinado, formado e revelado pelas mãos do treinador.  


Para entender a demissão de Lopetegui, é preciso fazer uma linha do tempo dos acontecimentos. Contratado após a saída de Vicent Del Bosque em 2016, impressionou com o bom rendimento e teve seu contrato renovado até 2020, permanecendo após a Copa do Mundo e treinando a seleção na próxima Eurocopa. Ele tinha o voto de confiança e esse foi o grande problema. Não por querer deixar a seleção, mas pela maneira como conduziu a negociação. 

De acordo com os jornais Marca e AS, o acerto do treinador com o Real Madrid já era de conhecimento dos atletas madrilenhos que estão na Rússia. Caso de Sergio Ramos, capitão da equipe, que teria sido o responsável pela ligação entre o presidente Florentino Pérez e Julen Lopetegui. Os não-madrilenhos do elenco foram pegos de surpresa quando o anúncio foi feito, causando desconforto dentro da delegação. 

Sergio Ramos
Lideres do elenco defenderam Lopetegui (Foto: GABRIEL BOUYS / AFP)

Apesar do descontentamento de alguns atletas, os líderes de Real Madrid e Barcelona - e também da seleção, Sergio Ramos, Piqué e Iniesta - teriam reunido o grupo e se colocado à frente para defender o treinador. Não foi o suficiente para Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola, que permaneceu irredutível sobre sua decisão de demitir Lopetegui. 

Segundo o mandatário, a entidade ficou sabendo da negociação cinco minutos antes do anúncio publicado pelo Real Madrid em seu site oficial, atitude considerada desrespeitosa pela RFEF. Rubiales e Lopetegui dariam entrevista juntos nesta terça-feira, mas apenas o presidente se pronunciou. O treinador cancelou sua coletiva e decidiu falar apenas quando estiver em Madri. 

- Nos vimos obrigados a demitir o treinador. A negociação (com o Real Madrid) ocorreu sem nenhuma informação para a Federação. Fomos avisados apenas cinco minutos antes da nota para a imprensa. Existe uma forma de agir e temos que cumpri-la - afirmou Luis Rubiales. 

O contexto também é possível de ser explicado. O cargo de treinador da seleção espanhola é visto com mentalidade diferente devido aos antecessores. Luis Aragonés, que conquistou a Eurocopa de 2008, era conhecido pela sua forte personalidade e ligação com seus comandados. Vicent Del Bosque, campeão da Copa do Mundo de 2010, foi mantido no cargo mesmo após eliminado na primeira fase do Mundial do Brasil. A ideia era ter sequência. 

- A Federação não pode permanecer a margem de uma negociação de um de seus trabalhadores e ficar sabendo cinco minutos antes da emissão do comunicado. Nos vimos obrigados a atuar - afirmou Rubiales.

Faltando menos de 30 horas para a estreia da Espanha na Copa do Mundo, a seleção deixa o posto de favorita para uma incógnita antes do Mundial. A decisão de Lopetegui criou incômodo no elenco, que depois de conversar e decidir defender o treinador, não aceitou a decisão do presidente em demiti-lo. A preparação da seleção espanhola virou uma queda de braço entre a ética da federação e a sustentabilidade de um planejamento feito pelo treinador. 

*Sob supervisão do editor Leonardo Martins

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