Com um empate diante da Suíça, uma vitória nos minutos finais sobre a Costa Rica e outro jogo duro contra a Sérvia, a Seleção Brasileira ainda não mostrou tudo que pode nesta Copa do Mundo, mas a esperança é de que decole a partir das oitavas de final contra o México. Opa! Falou em decolar? Então não haveria lugar melhor na Rússia do que Samara, palco da partida da próxima segunda-feira pelas oitavas de final, às 11h (de Brasília). É conhecida como a cidade aeroespacial e tem como um de seus maiores orgulhos o histórico em chegar ao espaço.
Samara foi responsável por construir a Vostok, nave utilizada para transportar o primeiro homem ao espaço. Está para os moradores locais como a Seleção Brasileira está para os brasileiros. Orgulho de uma potência. No caso da Canarinho, seleção pentacampeão mundial e que agora brigará para manter a tradição de nunca ter perdido para o México em Copas e, assim, manter aceso o sonho do hexa: até hoje, foram quatro vitórias e apenas um empate contra os mexicanos.
Se a Seleção tem Tite, que comanda a nave brasileira, na Rússia o capitão foi Yuri Gargarin, astronauta que fez a histórica viagem em 12 de abril de 1961, um ano antes do bicampeonato mundial do Brasil na Chile. Tite não será o primeiro a vencer o Mundial com a Seleção, mas tem a chance de jogar para o espaço o trauma do 7 a 1 para a Alemanha na Copa no Brasil. Ganhar quatro anos depois seria voltar a tocar o céu.
Para isso, vale até apostar novamente em seu "Foguetinho". "Foguetinho" é o apelido do atacante Willian, e como Tite já o chamou em entrevista coletiva nesta Copa. A alcunha, que vem desde a base do Corinthians, refere-se à velocidade e explosão do atacante. Na Copa, porém, ele ainda está longe de ser uma Vostok, a nave espacial projetada em Samara para levar Gargarin ao espaço pela primeira vez. Que tal decolar na segunda, Foguetinho?
Se falta inspiração, uma passada no Museu Cósmico de Samara ajuda. A reportagem do LANCE! visitou o local neste sábado. Logo na fachada, uma réplica da Vostok, de cerca de 70 metros, dá o tom. O museu abriga boa parte da história espacial russa, mas também respira futebol. No último andar do museu, há um espaço reservado exclusivamente para o esporte bretão. Tem todo tipo de coisa relacionada ao Krylya Sovetov, principal clube da cidade, de pouca tradição na Rússia. Tanto que seu melhor resultado, a terceira colocação no campeonato de 2004, é exaltado no museu. A medalha de bronze desta competição está entre os itens expostos. E quando se fala de futebol não pode faltar o toque brasileiro.
Durante a visita, a reportagem trombou com três brasileiros, que estão na cidade para acompanhar a partida da Seleção contra o México na esperança de que o Brasil decole para o hexa. Um deles foi Allan da Cruz, de 29 anos, engenheiro de aviação. Natural de Tabapuã, interior de São Paulo, ele se impressionou com a tecnologia avançada dos russos. E espera a Seleção com o mesmo poder de criação.
- Estou extremamente confiante no Brasil na Copa do Mundo, acho que tem a melhor seleção, e se jogar tudo que tem, vai chegar longe. A regularidade do Coutinho é o diferencial, mas se jogar tudo que sabe Neymar tem tudo para ser a estrela até a final - afirmou.
Empresário do ramo de locações de máquinas em Goiânia, Olímpio Jayme, de 23 anos, também acredita que a Seleção embalará na Copa a partir de Samara. E vê Neymar pronto para a viagem espacial.
- O foguete da Seleção para mim tem sido o Thiago Silva. O Neymar está numa crescente muito boa, o Coutinho tem mantido a regularidade, e o Paulinho sempre comendo a bola. O Neymar está com a fumaça no foguete, prontinho para decolar - disse o empresário.
Natural de Foz do Iguaçu, no Paraná, o jovem Hadi Fahs, de 18 anos, também segue o Brasil na Copa com o mesmo otimismo. Corintiano, se encantou com o museu aeroespacial e apostou em Paulinho como o foguete brasileiro contra o México.
- Eu sou muito fá dele, e ele tem tudo para arrebentar, já fez gol no último jogo. Torço por ele, Fagner, Marquinhos, Willian, todos do Corinthians, e o Tite, claro - afirmou, exibindo com orgulho o número 15 de Paulinho nas costas.
Mas o espaço não estava só favorável ao Brasil. No passeio, a reportagem também encontrou um jornalista mexicano, e eles também estão confiantes na vitória. Luis Garcia Olivo é repórter do Diário Esto, e fez uma análise da partida de segunda.
- Pensamos nas duas caras da moeda. Primeiro nos empolgamos porque a seleção jogou muito bem contra a Alemanha, mas depois não saiu nada contra a Suécia, e nos deixou desnudos, tirou nossa roupa. Esperamos que contra o Brasil, o México cresça contra os grandes, como tem feito. Se acontecer, será muito histórico, porque nunca avançamos das oitavas - declarou.
A Seleção Brasileira encara o México na próxima segunda-feira às 11h (de Brasília), na Cosmos Arena, estádio de Samara que lembra uma nave espacial. Será nela que o Brasil tentará embarcar para o topo do mundo. É manter a invencibilidade contra os mexicanos, ou mandar o sonho do hexa para o espaço.
Em sua famosa viagem, Gargarin, proferiu uma famosa frase: "A terra é azul". Que ao fim da Copa a terra seja azul, verde e amarela.