Análise: eliminação na Copa do Brasil escancara realidade do Corinthians

Possibilidade de conquista em meio à crise deu falsas esperanças ao torcedor

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Entre os altos e baixos vividos na temporada, o Corinthians alimentou a esperança dos torcedores ao se manter vivo em três competições: Brasileirão, Sul-Americana e Copa do Brasil. A ambição por uma conquista em meio à crise política da instituição deu uma falsa sensação de estabilidade, algo que o clube não vivênciou em 2024.

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A eliminação para o Flamengo na Neo Química Arena expôs a realidade do clube paulista aos mais de 30 milhões de fiéis: um emaranhado de ideias tentando se reerguer com pequenas injeções de ânimo, como classificações em Copas ou contratações.

Os nove reforços anunciados na última janela de transferências, ao mesmo tempo que demonstram um senso de urgência da diretoria, que se desdobrou para reformular o elenco durante a temporada, também evidenciam uma grave falha de planejamento que não se limita apenas ao futebol.

É evidente que os problemas deixados pelas antigas gestões da Renovação e Transparência, nas figuras de Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves, afetaram o início do mandato de Augusto Melo. Mas, atitudes do atual presidente corroboram para ampliar a instabilidade administrativa do Corinthians.

Apenas em 2024, o clube teve três diretores jurídicos. Yun Ki Lee e Leonardo Pantaleão pediram demissão do cargo alegando divergências à forma como a administração da instituição foi conduzida, que agora tem Vinícius Cascone à frente da pasta. A debandada, no entanto, não se restringiu ao departamento jurídico. As repartições de marketing, financeira, além do departamento de futebol sofreram alterações em cargos de liderança.

Desta forma, Augusto Melo conseguiu levar a sua gestão de promissora para descredibilizada em menos de um ano. E, se o Corinthians não tiver êxito no principal objetivo na temporada, que é a luta contra o rebaixamento, a administração poderá ser considerada desastrosa.

Augusto Melo no jogo entre Flamengo x Corinthians, pela Copa do Brasil (Foto: Thiago Ribeiro/AGIF)

E todos os fatores citados acima, além de minar um desempenho em campo que é aquém ao esperado, também inflamam o extracampo corintiano.

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O Conselho Deliberativo está prestes a avançar com o pedido de impeachment de Augusto, em um período crítico da temporada, onde o Corinthians precisa se concentrar unicamente no futebol.

Antigos aliados políticos do presidente, que rompeu com 16 anos de um grupo na administração corintiana, voltaram atrás e se uniram justamente a quem um dia fez oposição. Aos mesmo tempo que diversas promessas de campanha, como a transparência, são cumpridas rigorosamente de forma contrária.

Ao contrário do anunciado no dia da eleição, os amigos permanecem portão adentro, o endividamento cresce e a transparência, outrora tida como mote vital, na prática não passa de promessa política.

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