André se vê mais maduro e diz: ‘Posso chegar ao meu auge no Corinthians’

Atacante afirma que já viveu os lados bons e ruins da carreira de um jogador de futebol e aposta em Tite para dar volta por cima. Contra o Palmeiras, ele tenta voltar a marcar

imagem cameraAndré tem 2 gols pelo Corinthians em 12 partidas disputadas (Foto: Daniel Augusto Jr)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 02/04/2016
19:49
Atualizado em 03/04/2016
06:55
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Aos 25 anos, André se considera um jogador experiente. E mais do que isso: pronto para viver com a camisa do Corinthians o auge de uma carreira curta, mas que já teve de tudo: títulos, gols, Seleção, transferência para a Europa, fracassos, polêmicas, noitadas...

Dizendo-se mais maduro e demonstrando motivação, o camisa 9 aposta em Tite para dar a volta por cima. Na entrevista que concedeu ao LANCE! no CT Joaquim Grava, ele enalteceu o treinador por diversas vezes e apontou o desejo de trabalhar com comandante alvinegro como um dos principais motivos para ter escolhido o Timão.

Hoje, contra o Palmeiras, ele é uma das esperanças da Fiel para vencer o clássico e levar a equipe à sexta vitória consecutiva, algo que não acontece desde 2012. Porém, o início de André pelo Corinthians não tem sido fácil. O centroavante marcou apenas dois gols em 12 jogos, mas afirma estar tranquilo.

– Você pode até achar que eu estou brincando, mas eu troco artilharia por títulos – comentou.

Nesta entrevista ao L!, o camisa 9 fala sobre os planos para a carreira, a fama de baladeiro, a relação com Tite e muito mais. Confira abaixo:

O Tite tem feito elogios a você embora você tenha marcado só dois gols. Ele inclusive te comparou ao Vagner Love, que demorou a engrenar no ano passado. O que acha disso?
É bom quando o treinador fala bem de você. Quando cheguei aqui no Corinthians tratei de aprimorar essa coisa de fazer pivô, que foi o que o Tite disse quando fez aquela comparação com o Love. Eu gosto de jogar de primeira e o Tite pede para jogar sempre em dois tempos. Essa melhora é porque ele me pega ali sempre para treinar isso, vem pelo treinamento. Vai ter essa comparação com o Love, não tem jeito. E é tudo muito rápido, estou aqui há pouco mais de dois meses e a cobrança é muito grande. Você tem que desenvolver todo esse processo de se adaptar ao time, torcida, campo o quanto antes. Tive que aperfeiçoar muito para as coisas saírem rápido.

Aos 25 anos, você acredita que pode viver o melhor momento da carreira no Corinthians?
Sem dúvida posso chegar ao meu auge aqui no Corinthians. Me esforcei para estar aqui muito por causa do Tite, porque sabia que poderia crescer como jogador, não só dentro de campo como fora também. Tenho essa vontade de evoluir, de crescer, e na idade certa para atingir meu auge, nem tão velho e nem tão novo. Claro que as experiências lá de trás me ajudaram muito, mas trabalhar com o Tite tem me ajudado mais. Estou ouvindo muito a ele, e até engraçado, porque as coisas que ele fala acontecem mesmo no jogo. Estou com o ouvido sempre atento, no campo sempre aprimorando e aprendendo. O Corinthians é um dos grandes clubes do Brasil e estou aqui para aprender.

Ele costuma prever situações de jogo que você enfrenta, é isso?
Ele é um cara que sabe, entende e vive o futebol. Ele é muito inteligente, muito trabalhador, estuda muito, então sempre vê tudo. Eu só escuto o que ele fala para poder evoluir.

Você comentou que enfrentou situações que te ajudaram. Hoje você se considera experiente?
Já peguei o lado bom, o lado ruim, o lado mais ou menos, sei como é tudo na carreira de um jogador de futebol. Claro que ninguém quer passar pelo lado ruim, mas às vezes é um pouquinho necessário para você aprender. Acho que tudo que vivi me ajudou, me fez amadurecer muito rápido. Com 25 anos já passei por tudo isso aí, e isso me ajudou a estar pronto para chegar agora ao Corinthians.

"Já peguei o lado bom, o lado ruim, o lado mais ou menos, sei como é tudo na carreira de um jogador de futebol"

Você recebe críticas por nunca mais ter jogado como naquele Santos de 2010. A que atribui isso? Acredita que pode retomar o desempenho daquele ano?
Nem o Neymar é o mesmo, o Robinho, o Ganso, o Wesley. O que vivemos ali foi uma coisa única, uma coisa que deu muito certo, deu liga. Claro que vão comparar como eu jogava naquela época com agora, mas são momentos diferentes e clubes diferentes. A característica do jogo do São Paulo não é igual àquela do Santos, então o Ganso vai ter uma dificuldade. É normal isso. E ainda falam que eu só fiz gol por causa do Neymar, mesmo eu já tendo provado que não. Mas é normal, porque foi uma época e um time que marcaram muito.

Olhando para trás, considera precoce sua saída do Brasil?
Tudo na minha vida foi precoce. Comecei no futebol muito cedo, fui para fora muito cedo, mas não dá para escolher, tem coisas que você tem que sentir na pele. Tudo o que aconteceu na minha vida foi válido. Claro que algumas coisas eu poderia ter evitado, como sair aos 20, mas a experiência me fez crescer como ser humano.

Você ficou marcado um período por conta das baladas. O que fez para superar esse momento? Se consultou com algum psicólogo?
A gente tem que errar para aprender, mas são coisas passadas. Essa coisa de psicólogo eu realmente fui, mas não é porque fui no psicólogo que sou doido. Se eu puder indico a todo mundo, porque realmente ajuda, e naquele período que eu estava amadurecendo, então me ajudou muito. Hoje em dia não vou tanto assim, mas quando fui me ajudou para caramba. As coisas que foram passadas até hoje me ajudam, e isso me fez crescer. Hoje dentro e fora de campo sou outra pessoa, totalmente.

Você já declarou algumas vezes que se esforçou para jogar no Corinthians. Por que isso?
Meu ciclo no Atlético-MG tinha acabado, não quis ficar lá. Foi um desafio vir aqui para o Corinthians. A cobrança da torcida, a presença da imprensa todo dia, você sabe como é, eles pegam no pé mesmo. Aqui você tem que estar em alto nível para trabalhar com o Tite. Essas coisas me motivaram a vir disputar coisa grande, ganhar uma Libertadores em um time muito forte, que vai brigar também no Campeonato Brasileiro, que tenho sonho de ganhar. Vim aqui para ganhar coisas importantes.

Ainda tem relação de amigo com o Neymar ou vocês se afastaram desde que deixaram o Santos?
Tenho orgulho de ter jogado com ele e com o Ronaldinho Gaúcho, porque são ídolos do Brasil. Você poder estar com esses caras é diferente. Mas com o Neymar tenho uma intimidade fora de campo, então não vejo esse lado de ídolo, melhor do mundo, da fama dele. Ele é só meu amigo. Tenho orgulho de ter visto ele na base e hoje ele estar onde está. Com o Ganso também é assim.

Você falou com ele antes de vir ao Corinthians? O que ele disse?
(Risos) A gente falou sim, mas vou guardar esse segredo para a gente.

Você comentou do sonho de ganhar a Libertadores. Crê ser possível mesmo com essa remontagem pela qual passa o clube nesta temporada?
Penso positivo. Brasileiro, Paulista, Libertadores... tudo o que a gente disputar tem que ganhar. Estamos trabalhando forte e temos de continuar nesse caminho para vencer.

O Corinthians se caracteriza pelo jogo coletivo. Neste ano, 13 atletas já marcaram gols. Acredita que isso pode dificultar sua busca por artilharias?
É até engraçado, porque meu objetivo não é ser artilheiro. É só ver que o time tem um dos melhores ataques e que o artilheiro é o Romero, que não vem jogando frequentemente, mas está ali sempre que preciso. Isso mostra que todo mundo é importante, não são só 11 jogadores. Eu venho jogando para o time. Claro que quero fazer gol, isso me estimula, mas o mais importante é todo mundo se ajudando e o Corinthians ganhando. Você pode achar que eu estou brincando, mas eu troco qualquer artilharia por um título. Tomara que eu não seja artilheiro e a gente seja campeão neste ano.

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