Presidente corintiano, sobre perder Tite para a Seleção: ‘Temor nenhum’

Roberto de Andrade diz em entrevista ao LANCE! que não está preocupado com possível saída do treinador, ídolo do clube. Ele ainda afirma que não sabe se Tite toparia convite

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Sexta colocada nas Eliminatórias para a Copa do Mundo e agora eliminada por Equador e Peru na primeira fase da Copa América, a Seleção Brasileira volta a viver dias de indefinição em relação à permanência de Dunga como treinador. Na mesma proporção, já são frequentes por parte de torcedores as manifestações esperançosas em torno do nome de Tite, um dos técnicos brasileiros mais vencedores da atualidade, hoje à frente do Corinthians. Já consultado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em ocasiões anteriores, o profissional tem contrato no Timão até o fim de 2017, e mesmo após novo vexame da Seleção, não há temor de perdê-lo no clube paulista.

Presidente do Corinthians desde o início de 2015, Roberto de Andrade concedeu entrevista ao LANCE! ainda antes da eliminação da Seleção na Copa América, na semana passada. O mandatário, porém, foi questionado a respeito de uma possível queda de Dunga em caso de fracasso nos Estados Unidos, como ocorreu. Neste caso, Tite se tornaria um dos principais nomes no alvo, especialmente do clamor popular, para assumir a Seleção. E aí?

- Não tenho temor nenhum (de perder Tite para a Seleção). Mas também não posso responder por ele. Só ele pode responder, mais ninguém - disse Roberto de Andrade, que ainda reconheceu não saber se o treinador aceitaria o convite da CBF desta vez, ao contrário do que ocorreu em três oportunidades anteriores.

Tite já esteve na mira da Seleção antes da Copa América disputada no Chile, em 2015, após a eliminação da competição diante do Paraguai, nas quartas de final, e também em abril deste ano. Os convites partiram da cúpula da CBF, à revelia do coordenador de seleções, Gilmar Rinaldi, e já com Dunga no cargo. Tite, que admitiu ao menos dois destes convites em um livro biográfico lançado no último mês de maio, não compareceu às reuniões convocadas a pedido de Marco Polo Del Nero, presidente da entidade, e que negou ter realizado a sondagem.

Atual campeão brasileiro pelo Corinthians, Tite ocupa o quarto lugar na edição de 2016, ano em que também foi eliminado nas semifinais do Paulistão e nas oitavas da Copa Libertadores. Segundo técnico que mais comandou o clube na história, ele soma 378 partidas, com 196 vitórias, 110 empates e 72 derrotas, já incluso o 1 a 0 sofrido diante do Palmeiras no Dérbi deste domingo, no Allianz Parque. A terceira passagem pelo clube em que foi campeão da Libertadores e do Mundial em 2012 agrada ao presidente Roberto de Andrade.

- Falam bastante coisa, mas acho até pouco. Quem conhece, convive com ele no dia a dia, sabe que é muito mais do que isso que vocês falam. As qualidades dele estão guardadas em alguns detalhes, não só dentro de campo, ou por conduzir, respeitar. O ser humano que tem essas qualidades é ímpar, e é o caso dele - explica o presidente corintiano.

O LANCE! publicará a íntegra da entrevista de Roberto de Andrade com versões para o site e o jornal impresso nesta terça-feira. Veja abaixo alguns trechos do papo, a respeito do status de Tite no comando do Timão.

L!: Você vê a Copa América torcendo bastante pela Seleção Brasileira?
Roberto: Não. Torço para o Corinthians.

Pergunto isso por causa da ameaça de assédio ao Tite caso a Seleção vá mal...
Sou brasileiro, gosto, assisto e tudo, mas só assisto, como assisto qualquer outro jogo. Mas torcida é só o Corinthians. O resto eu assisto, não torço.

Mas em uma possível queda do Dunga o senhor acredita que o Tite aceitaria a Seleção?
Não posso responder por ele. São perguntas que não consigo responder. Posso falar sim, posso falar não, mas na realidade não sei.

É um temor que o senhor tem, de perder o Tite?
Temor nenhum. Mas também não posso responder por ele. Só ele pode responder, mais ninguém.

O que o Tite representa para o Corinthians hoje?
Falam bastante coisa, mas acho até pouco. Quem conhece, convive com ele no dia a dia, sabe que é muito mais do que isso que vocês falam. As qualidades dele estão guardadas em alguns detalhes, não só dentro de campo, ou por conduzir, respeitar. O ser humano que tem essas qualidades é ímpar, e é o caso dele.

O Corinthians não é um time que ameaça treinador. Por que esse status foi atingido?
Apesar do Corinthians ter mudado sua filosofia, que era de mandar embora com duas ou três derrotas, isso se deve muito ao treinador que temos. Em 2011, só para você saber, o Tite havia chegado em outubro de 2010, eu fiquei respondendo que o Tite não ia embora até quase metade do segundo turno. Toda coletiva era se o Tite ia embora, se ia embora, se ia embora. Aí foi campeão, depois ganhamos Libertadores e Mundial e ninguém mais perguntou. Quem conquistou isso foi ele, não fomos nós. Um bom profissional, uma boa pessoa e um bom trabalho... vou dispensar por qual motivo?

Como vê quando os outros times mandam embora seus treinadores?
Além da multa rescisória, que faz parte, existem alguns motivos para demitir treinador. O motivo que não seria o mais normal seria resultado. Mas se você está enxergando que existe trabalho, existe seriedade, existe um monte de coisa, o resultado uma hora vai aparecer. Então o resultado não é o que move a atitude de mandar embora, existe às vezes atitude de respeito com a diretoria, um monte de situações que não são meu caso aqui com o Tite. A gente permanece com o treinador porque não há motivo para tirar.

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