Banco analisa situação financeira do Corinthians em 2019 como ‘desastre’

Na última terça-feira, o Itaú BBA divulgou seu relatório anual sobre as finanças dos clubes brasileiros e alertou que o esforço para o reequilíbrio corintiano terá de ser "brutal"

imagem cameraAndrés Sanchez prometeu deixar o clube melhor do que quando assumiu (Foto: Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians)
Avatar
Lance!
São Paulo (SP)
Dia 28/07/2020
23:02
Atualizado em 29/07/2020
09:00
Compartilhar

Na última terça-feira, o Banco Itaú BBA divulgou seu relatório anual sobre as finanças dos clubes brasileiros e a análise referente ao Corinthians não foi nada animadora. Segundo o texto publicado, o ano financeiro do clube em 2019 foi "desastroso", com expectativa de que 2020 seja igualmente complicado, além do alerta sobre o esforço "brutal" para que se alcance o reequilíbrio.

O balanço do Timão no ano passado foi fechado com R$ 177 milhões de deficit, que será corrigido a pedido do Conselho Fiscal do clube para R$ 195,4 milhões. Além disso, a dívida acumulada atingiu quase R$ 670 milhões, sem contar o financiamento da Arena. Algo que foi justificado pelo excesso de contratações e pela diminuição de receitas provenientes da venda de jogadores.

- Este é um roteiro típico daqueles filmes de catástrofe: tudo está bem quando tudo está bem. Daí, no ano em que não há vendas relevantes de atletas, pronto, a situação desanda - diz o relatório divulgado pelo banco.

- O problema se agrava porque os custos não param de crescer, porque o Social drena caixa do futebol, e porque o futebol é incapaz de obter eficiência nas contratações, vide o investimento de R$ 91 milhões sem sucesso esportivo relevante em 2019 - revela outro trecho do documento.

Ainda de acordo com a análise do Itaú BBA, não se trata de uma excepcionalidade, já que é algo que vem se agravando há anos e que deve ser complicada novamente em 2020, cujo balanço do primeiro semestre apresentou um superavit de cerca de R$ 4,4 milhões, mas uma dívida acumulada de mais de R$ 900 milhões, mesmo com mais de R$ 142 milhões em repasses de direitos federativos e cortes salariais no futebol e no clube.

Sendo assim, a previsão é de que isso se repita por algum tempo, pelas elevadas dívidas que o clube tem acumulado há alguns anos, o que exigirá que o esforço para encontrar um equilíbrio nas finanças seja "brutal".

- Por mais que reduza custos e consiga fazer venda de atletas, a situação ao final do ano será complicada, pois o ano iniciou com dívidas elevadas, e o esforço necessário para o reequilíbrio será brutal, e acabará se arrastando por alguns anos - alerta a análise do banco.

Confira o relatório completou divulgado pelo Itaú BBA:

"Desastre à vista

Não podemos dourar a pílula: o ano de 2019 foi desastroso para o Corinthians sob o ponto-de-vista financeiro. E não foi um acaso nem o primeiro da série.

Ainda há problemas nas receitas, mas atualmente esta é uma questão menor. Ainda que o clube não alcance toda a bilheteria, ela está sendo usada para manter o estádio. A publicidade melhorou a já atinge níveis mais próximos ao potencial do clube. A TV é das maiores do Brasil. Ou seja, o problema está nos Custos e Despesas, que seguem crescendo em ritmo alucinante. E isto força o clube a buscar solução na venda de atletas. E este é um roteiro típico daqueles filmes de catástrofe: tudo está bem quando tudo está bem. Daí, no ano em que não há vendas relevantes de atletas, pronto, a situação desanda.

No caso do Corinthians o problema se agrava porque os custos não param de crescer, porque o Social drena caixa do futebol, e porque o futebol é incapaz de obter eficiência nas contratações, vide o investimento de R$ 91 milhões sem sucesso esportivo relevante em 2019.

Com isso o que resta é o aumento do endividamento, atrasos, renegociações. Problemas. E para piorar, no meio de uma pandemia. Importante ressaltar que não é um problema que começou agora, mas a deterioração vem se intensificando há alguns anos.

Por mais que reduza custos e consiga fazer venda de atletas, a situação ao final do ano será complicada, pois o ano iniciou com dívidas elevadas, e o esforço necessário para o reequilíbrio será brutal, e acabará se arrastando por alguns anos.

Este é o ponto: não dá mais para repetir que “o futebol é diferente”. Não é. Algum momento a conta chega, salgada e sem crédito no cartão. O resultado nesses casos costuma ser mais que ter que lavar pratos, e os exemplos estão na frente de todos. O cuidado é justamente não se transformar em sinônimo de exemplo ruim"

Siga o Lance! no Google News