Há exatamente um mês, no dia 12 de outubro, o Corinthians anunciava a contratação de Vagner Mancini para comandar o time para o restante da temporada com o objetivo claro de sair da briga contra a zona de rebaixamento. Um mês depois, os resultados podem não ter sido brilhantes, mas o Z4, por ora, foi afastado e, sobretudo, o discurso realista voltou a imperar no Alvinegro, algo que tem sido a marca do treinador no período.
Com sete jogos, três vitórias, dois empates e duas derrotas, o que resultado em 52,38% de aproveitamento dos pontos disputados. O retrospecto não é nada de excepcional e ainda inclui uma eliminação para o América-MG nas oitavas de final Copa do Brasil, mas ainda assim os números são melhores do que os técnicos anteriores: Tiago Nunes (47,44%) e Dyego Coelho (28,57%).
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Quando Mancini chegou, o clube ocupava a 17ª posição na tabela com 15 pontos, ou seja, dentro da zona de rebaixamento. Hoje, após a 20ª rodada, o Alvinegro está em 11º lugar, com 25 pontos, cinco a mais do que o primeiro time do Z4. O perigo ainda existe, mas ele está um pouco mais distante.
As atuações também não enchem os olhos, como não enchiam antes, mas há uma organização e uma consistência que expõem ainda mais a limitação do elenco, que a cada jogo e a cada treinador se mostra cada vez mais mal montado. Mancini está longe de ser um profissional revolucionário que mudou o Timão para melhor, mas certamente buscou o simples para ter uma equipe que pelo menos tivesse noção do que fazer em campo e fosse competitiva.
Se o torcedor corintiano não tem esperança de título, nem de brigar pelas primeiras posições no Brasileirão, ele sabe que o time vai competir para não ficar na zona de rebaixamento ou perto dela. Claro que as coisas podem mudar para pior ou para melhor, mas a impressão é de que se continuasse do que jeito que estava, não haveria saída que não fosse a queda para a Série B.
E um dos grandes méritos de Mancini nesse processo foi adotar o tom realista em suas entrevistas desde a sua apresentação. Em momento algum ele fez promessas de que depois da data X o time iria melhorar, ou que teria uma fórmula mágica que levaria a equipe a brigar pelas primeiras posições em X rodadas do campeonato. A promessa foi de trabalhar e resgatar a marca Corinthians, sem invencionices com estilo mais bonito ou mais moderno.
- A cara do Corinthians são vitórias suadas, ganhas em cima de um comportamento que não só agrada quem está aqui do lado, mas o torcedor também. A cultura do clube é essa. Tudo o que eu puder fazer, será feito. Não quero somente um futebol vistoso, quero que o Corinthians ganhe, que conquiste, isso torna o clube maior. Vistoso não quer dizer plástico. É entrega, alma, botar em campo o que o corintiano quer ver - afirmou Mancini em sua apresentação no dia 13 de outubro, véspera do duelo com o Athletico-PR.
Dali em diante, após todos as sete partidas à frente do time, o treinador corintiano vem reconhecendo todos os defeitos da equipe, seja na vitória, seja no empate, seja na derrota, algo que não se ouvia recentemente, com discursos que pareciam fazer referência a outro jogo. Mancini elogia o que tem de ser elogiado, e critica o que tem que ser criticado, respeitando a realidade.
Após o empate com o Atlético-GO, em que o Corinthians não deu um chute no alvo no primeiro tempo e fez uma de suas piores partidas nesta edição do Campeonato Brasileiro, as palavras do comandante foram extremamente sinceras em relação aos objetivos do Timão dentro da competição, que atualmente é somar o máximo de pontos possíveis e parar de oscilar.
- Foi o início do segundo turno, e temos totais possibilidades de fazer um grande segundo turno. Obviamente, dentro do que é possível, pois todos nós enxergamos futebol e é importante que você vislumbre aquilo que pode acontecer. Não adianta ficar sonhando com coisas irreais, sou verdadeiro nas cobranças e nas metas que passo aos jogadores para que cada um deles possa elevar o seu limite para que o Corinthians pare de oscilar no campeonato e construa uma campanha sólida daqui para frente - declarou em coletiva.
Mancini pode não ser o treinador dos sonhos do torcedor corintiano, mas em um mês no comando da equipe, ele tem se mostrado o profissional ideal para esse momento pelo qual o clube passa, inclusive para fazer as modificações necessárias no elenco, como por exemplo o afastamento de Sidcley e a indicação de Fábio Santos. Se os pés se mantiverem no chão e o caminho traçado permanecer nesse sentido, a temporada 2021 tende a ser melhor.