Era difícil imaginar, há pouco mais de dez dias, que um time praticamente eliminado da competição chegaria a uma final de Paulistão em momento melhor do que os rivais, que aparentavam estar em melhor momento. Esse é o caso do Corinthians, que de lá para cá conquistou quatro vitórias consecutivas, contrariou prognósticos, não sofreu gols e vai disputar mais um título estadual.
Para chegar até aqui, o Timão se baseou na eficiência em dois setores: a defesa e o ataque. Algo que não é novidade diante do que foi aproveitado pelo clube na última década. A solidez defensiva e a qualidade de Cássio em momentos decisivos, se mostraram bastante presentes nesses quatro jogos mais recentes. Diferente do que vinha acontecendo antes da paralisação pela pandemia.
Arrumada a "casinha", garantindo que a bola não balançaria a rede corintiana, era missão do ataque mexer no placar e levar as vitórias necessárias. A verdade é que apenas um atacante de ofício marcou nesse período: Jô, que é outro jogador com poder de decisão absurdo e chegou na hora certa para agregar essa sua estrela ao time. Os outros tentos foram marcados por defensores: Gil (de cabeça), Danilo Avelar (de cabeça) e Éderson (três vezes de fora da área).
É possível notar que ainda há ajustes a serem feitos no setor ofensivo. Apesar disso, tem sido possível ver pequenos avanços no tipo de jogo do Corinthians. No último domingo, por exemplo, a equipe mostrou esboços de variações e alternativas para chegar ao gol, principalmente pelas laterais, já que o miolo da defesa do Mirassol impedia qualquer tentativa de infiltração corintiana.
- Os espaços são muito reduzidos, tem que circular a bola, trabalho complicado para os meias, jogando nas costas dos volantes e entre os zagueiros. Precisa ser muito rápido e procurar espaços pelo lado do campo. Foi assim hoje (último domingo), pelas laterais, cruzamentos, jogadas para trás, chutes de intermediária - disse Tiago Nunes ao analisar a partida em entrevista coletiva.
O gol não saiu por uma jogada pelas laterais, mais saiu em um artifício que tem sido eficiente nos últimos jogos, partindo dos pés de Éderson: o chute de fora da área. Foram três gols dessa forma nos últimos três jogos, todos essenciais para as vitórias e classificações conquistadas. Isso mostra, além de uma eficiência absurda, um repertório para sair de situações desfavoráveis, leque que foi aberto a partir da retomada da confiança após a paralisação.
Foi com esse aumento da autoestima corintiana, que o jogo começou a fluir melhor. Mesmo que o apresentado ainda não seja o que foi planejado com a contratação de Tiago Nunes, os resultados estão vindo, primordial para que treinador e elenco tenham tempo e tranquilidade para desenvolver a nova filosofia, algo desejado pela comissão técnica desde o início do trabalho.
Após quatro vitórias, seis gols marcados e nenhum sofrido nos últimos quatro jogos, não é difícil imaginar qual será a estratégia do Corinthians para disputar a final do Paulistão contra o rival Palmeiras: pés no chão, consistência e eficiência. Dessa forma o time já venceu um Dérbi neste ano, justamente aquele que devolveu a confiança ao Alvinegro, na primeira partida depois da parada, há pouco mais de dez dias, naquele 22 de julho, na Arena.