Três vitórias, três empates e cinco derrotas no segundo turno derrubaram o aproveitamento do Corinthians e também sua vantagem na liderança do Campeonato Brasileiro. De 11 pontos à frente na metade da competição, hoje a equipe dirigida por Fábio Carille tem somente duas rodadas de vantagem em relação a Palmeiras e Santos, seus perseguidores mais diretos na tabela. Enquanto vê os rivais se aproximarem e o rendimento cair, o treinador tenta superar aquele que considera seu pior momento no comando da equipe.
- Sim (é o pior momento da carreira). Está sendo um ano de muitos aprendizados. Falando do ano, ele começou com desconfiança e eu não imaginava que seria desse jeito em sucesso e vitórias. Todas as 19 equipes do campeonato passaram por momentos difíceis, Chapecoense e Sport já lideraram, São Paulo subiu. Está sendo um momento de instabilidade, nada bom, mas estou muito confiante, acreditando sempre. Se tem uma pessoa que acreditou nesse grupo sou eu. Acredito muito. Ficamos chateados depois dos jogos, mas depois escutamos pessoas do futebol, técnicos, e um deles falou algo que me fortaleceu após o jogo contra o Botafogo: "Se alguém te falasse que você estaria na 30ª rodada com seis pontos de vantagem, você toparia?". Claro! Temos que entender que o momento não é bom, mas a vantagem é excelente - sinalizou o treinador, sem dizer o nome do "guru" e ignorando, também, a possibilidade de se sentir pressionado pelos resultados.
- Não estou me sentindo pressionado porque sou consciente de tudo. As coisas ruins que aconteceram foram trabalhadas. É 50% responsabilidade do técnico e 50% dos jogadores.
Carille listou motivos para acreditar na conquista do título restando oito jogos para o fim do Campeonato Brasileiro. As principais razões passam pela correção de problemas que o Corinthians tem enfrentado, como o jejum de gols do ataque, a falta de concentração que gera erros de passes simples e a má fase da defesa. Veja as explicações do treinador para cada assunto:
Corrigir bola aérea defensiva: "Dos nossos últimos cinco gols sofridos três foram assim. Mas é algo que cobro muito. Então trabalhei ontem, trabalhei hoje e amanhã trabalho a parte ofensiva. Nenhuma equipe nos atropelou. Teve o lance do Cássio na área, que eu não vou fazer nunca mais. Depois é concentração, atenção e bolas paradas. O que me dá tranquilidade de cobrar, porque é trabalhado. Começamos a falar das jogadas da Ponte para prepará-los para a partida."
Aumentar concentração: "É trabalhar, a comissão estar tranquila de ter passado todos os detalhes do adversário, você tem que saber com quem vai guerrear. E quanto mais conversa mais deixa os jogadores preparados, o que me dá tranquilidade para cobrar. Já tomamos gols que eu fiquei quieto, que me surpreenderam, mas o que trabalho eu tenho liberdade para cobrar."
Detalhes ao longo da partida: "Tem que fazer por merecer a cada jogo. Ganhamos muitos jogos nos detalhes e agora estamos perdendo nos detalhes. Precisamos parar de tomar gols, que é a marca desse time, e aumentar nossa média de gols. Parte daí. E também as questões que decidem jogos, como bola parada."
Reação dos jogadores à pressão: "Tem jogadores no grupo que já passaram por várias situações. Mas no grupo é o primeiro momento ruim. Individualmente cada um teve seus problemas, mas o grupo está sendo testado. Há uma questão de ansiedade, de decidir as coisas rápido, de ler a imprensa falando que já era campeão. Não tenho certeza se pilhar mais é bom ou ruim."
Compactação retomada: "Isso não é físico. É a questão de erros de passe. Cobrei muito no Paulista, porque quando você sai para o jogo e começa a errar passe simples, o adversário monta em você. O jogo da Ponte vai depender disso. Se vier com Léo Gamalho não terá muita transição, se for Lucca, Sheik e Danilo é outro jogo."
No fim da entrevista coletiva, o técnico do Corinthians foi questionado sobre as dificuldades na conquista do título do Brasileirão. Ao responder se a perda do título seria um vexame após o melhor primeiro turno da história da competição por pontos corridos, Carille se explicou:
- Eu falaria em vexame se deixasse de fazer algo. Não deixei de fazer algo em momento nenhum, vivo aqui 12 horas por dia, trabalho muito. Você às vezes fica chateado pelo resultado, mas trabalho. Essa palavra não existe para mim.