‘Corinthians conduziu mal o caso Zeca e expôs de novo marca do clube’

Brincadeira em redes sociais antes de sacramentar uma negociação complicada foi um tiro no pé de uma gestão cuja uma das principais bandeiras é a ousadia no marketing

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O Corinthians vinha conduzindo perfeitamente a negociação com o lateral Zeca. Afinal, conversava com os representantes do jogador há cerca de dois meses e o assunto pouco era discutido na imprensa. Tinha a tranquilidade necessária para concluir uma transação de alta complexidade devido ao imbróglio do jogador com o Santos. Mas, na hora de tirar o dez, pôs toda a manobrar a perder e acabou expondo a imagem do clube.

Ao fazer uma brincadeira (hipercriativa e de bom gosto, diga-se de passagem) nas redes sociais sem ter a certeza de que o negócio sairia, o Corinthians gerou uma expectativa desnecessária em seu torcedor, que horas mais tarde transformou-se em frustração, e deu munição para chacotas. Tão logo surgiu a notícia de que o negócio poderia melar vieram os memes e as piadas de rivais. Foi um "valeu, Zeca" com sabor indigesto. 

A situação fez ressuscitar a fracassada negociação com o centroavante marfinense Didier Drogba no início do ano passado, portanto na gestão anterior, do presidente Roberto de Andrade, e não de Andrés Sanchez. Sem falar no segundo fracasso recente em uma tratativa na reta final, como foi com o atacante Alex Teixeira. Nesse caso, vale a ressalva de que o clube só se pronunciou oficialmente após o vazamento da informação, diferentemente da situação de Zeca, em que levantou a guarda ao brincar com uma postagem no Twitter.

Importante lembrar que o Corinthians ainda não dá a negociação por encerrada e pode remediar a situação se conseguir contratar o jogador nos próximos dias, prazo no qual a diretoria espera já ter resolvido o assunto. Mas no que se refere às tratativas, também é preciso ressaltar a negligência em aspectos consideráveis. À diretoria não importou o histórico dos representantes de Zeca ao zelar pelos procedimentos mais adequados na negociação, ou seja, o velho discurso de só anunciar quando estiver tudo fechado? Para quem não sabe, os representantes do lateral são os sócios da empresa OTB, central na saída do meia Gustavo Scarpa do Fluminense também pela Justiça para o Palmeiras, e malquista em uma dúzia de clubes por utilizar de métodos que nem sempre favorecem esses, mas apenas seus clientes.


Elementar que uma gestão calcada na ousadia de ações e marketing cogitem negócios de oportunidade como esse de Zeca, apesar da complexidade, mas de se estranhar a ausência de procedimentos tão simples. Zeca pode até vir a vestir a camisa do Corinthians, mas não precisava ter passado por mais esse percalço. Nenhuma das partes.

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