Achei que nenhuma cidade do mundo se parecesse com São Paulo: centro comercial lotado, centro velho meio acabado, trânsito, buzinas, pessoas um tanto frias, garoa fininha que só serve para atrapalhar... Mas foi assim que Bogotá me recebeu nesta segunda-feira, mesmo dia em que o elenco do Corinthians também chegou para o seu jogo decisivo da Libertadores, quarta, contra o Santa Fe.
Miguel Angel, funcionário do hotel onde estou, é “hincha” do Santa Fe. Segundo ele, é um "cardenale" para cada três ou quatro "azules", como são conhecidos os torcedores do Millonarios, o outro clube grande da capital colombiana. Apesar de serem em menor número, os torcedores do Santa Fe estão mais felizes que os adversários. Ano passado o clube conquistou sua primeira taça internacional, e nesse ano a campanha da Libertadores é positiva pelos padrões do clube, semifinalista em 1961 e 2013. A capital cosmopolita não se pintará de vermelho. Mas acredita enquanto for possível acreditar.
Bogotá é, sim, uma espécie diferente de São Paulo, com seus agitos e paixões. O futebol, claro, é uma delas. Bogotá respira futebol, não só na torcida por Santa Fe e Millonarios. A cada esquina há outdoors estampando as fotos de James Rodríguez e Falcão Garcia - o primeiro muito mais. James é o ídolo do momento, como Neymar no Brasil. Embalagem de biscoito, ponto de ônibus, loja de eletrônicos, propagandas de TV... A hora é dele, dane-se a má fase no Real Madrid.
Os pacotes mais simples de TV a cabo da capital colombiana têm pelo menos 15 canais de esportes. Zapeando, fiquei impressionado que havia três de golfe. Sim, golfe. A surpresa foi maior ainda quando caminhei por algumas ruas do centro, próximas ao hotel onde o Corinthians está hospedado, e um bar transmitia com a TV virada para a rua um campeonato de... golfe. Exatamente como qualquer bar brasileiro faz com um jogo de futebol, o bar colombiano fez com o jogo de golfe. Armando, o taxista que me levou de volta, disse que "o pessoal aqui é assim".
Fui conversar com um jornalista esportivo aqui da Colômbia para entender essa paixão pelo golfe. Segundo ele, tem a ver com um homem chamado Camilo Villegas, um tipo de Tiger Woods dos trópicos, campeoníssimo de golfe fora do país, inclusive nos Estados Unidos, e que resolveu popularizar o esporte no país de origem.
Não imagino o golfe popular em São Paulo, não. Mas a garoa fina é igualzinha.