Dupla de amigos da base corintiana já está no radar de Carille para 2018
Renan Areias e Marquinhos, campeões da Copa São Paulo deste ano, ganham elogios e são vistos de perto pelo time profissional do Corinthians. Ao LANCE!, eles contam suas histórias
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O torcedor do Corinthians mais bem informado com certeza já reconhece os nomes de Renan Areias e Marquinhos, titulares do time sub-20 e campeões da Copa São Paulo de Juniores deste ano ao lado de Mantuan, Pedrinho e Carlinhos - estes já frequentam o dia a dia dos profissionais. Para quem não identificou a dupla, prazer: eles estão sendo vistos de perto pelo técnico Fábio Carille para fazerem parte do grupo principal do Timão a partir de 2018.
Renan Areias é volante e Marquinhos é meia, com capacidade de atuar aberto ou centralizado. Para fazer uma ligação com o time profissional, Renan atua como Gabriel e Marquinhos trabalha para desempenhar o papel de Jadson, Rodriguinho ou Romero no 4-2-3-1. Os dois são muito amigos na base corintiana e já foram citados por Carille como jogadores que só não estão no elenco profissional hoje por falta de espaço, pois o grupo já tem 33 peças.
Na última semana, eles estiveram no CT Joaquim Grava para um jogo-treino contra os profissionais e foram vistos de perto pelo treinador. Enquanto Marquinhos observou suas referências na posição, Renan Areias ganhou um abraço e conselhos de Gabriel, atual camisa 5 do Corinthians. Os dois têm estilos de jogo parecidos e agora trocam informações, como disse o volante da base em entrevista ao LANCE!.
- O Gabriel me deu parabéns pela atuação e deu umas dicas de onde posso melhorar. Eu agradeci, porque ele é titular do Corinthians, um cara que eu admiro muito e vejo jogar sempre, sei que é humilde. É um orgulho e um prazer imenso, porque ele é campeão de tudo, não é para qualquer um. Chegar lá e ser abraçado por ele é gratificante. Vou começar a me preparar se Deus quiser para um dia estar lá com ele - diz o garoto de 19 anos.
O L! reuniu as duas promessas corintianas para ouvir suas histórias. De Marquinhos, o herói discreto nascido no Pará que tatuou a taça da Copinha na própria perna, e de Renan Areias, o cantor (ou quase isso...) que vive e torce pelo Corinthians desde que se entende por gente e hoje mora ao lado da Arena. Antes de tudo, o pedido foi para um falar sobre o outro. As respostas já mostram o entrosamento que logo mais poderá ser visto em Itaquera.
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"É uma das pessoas com o melhor coração que encontrei não só em São Paulo, como na minha vida. Estou fazendo algo muito importante agora, que é me aproximar de Deus, e ele está me ajudando muito nisso. Minha vida espiritual depois que me aproximei do Renan melhorou bastante. É um dos melhores amigos que fiz e alguém que quero levar a minha vida inteira. E dentro de campo não tem o que falar, um cara que dá tudo, um cara que me espelho quando me falta perna, que corre igual um maluco. É uma inspiração."
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"Ele me conhece bem, a gente se tornou melhores amigos aqui, um abraça e ajuda o outro. É bom demais ter pessoas assim ao lado. Dentro de campo sempre digo que ele é um dos poucos caras que tem esse 1x1, então tem que dar valor, ir para cima, é contagiante de ver quando ele vai para cima."
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Você já está no Corinthians há um bom tempo. Acha que as características do clube já fazem parte da sua personalidade, ajudaram a te formar como homem?
São 12 para 13 anos de clube. Todas as pessoas que foram meus treinadores, pessoas do clube, me fizeram ser o que sou hoje. Então fico muito feliz de participar de tudo isso, fazer um pouco parte da grandeza do Corinthians. Eu sou corintiano desde que me entendo por gente e cresci em Itaquera. Querendo ou não você cria uma personalidade de ser perseverante, de acreditar e lutar até o final pelas coisas. Olhando o Corinthians é exatamente isso, então eu me coloco nessa situação: trabalho, perseverança, fé e busca até o final pelos meus objetivos. É dar tudo, dar nosso melhor, dar o coração.
O Corinthians foi seu primeiro e único clube em 19 anos de vida?
Na verdade comecei no futsal aos 5 anos, no Elite Itaquerense, e aí o Corinthians e alguns times me chamaram e optei pelo Corinthians por ser corintiano. Vim com seis anos, fiquei, com dez fui para o campo, passei na avaliação e estou aqui até hoje.
'Eu fico feliz por ser comparado a grandes nomes como Ralf e Gabriel, que eu tenho uma admiração tremenda. Procuro não perder essa identidade, porque ponho tudo dentro de campo, faço meu melhor com raça e o coração. Vale mais um carrinho do que uma caneta, como dizem', diz o volante
Você sempre foi o camisa 5, aquele volante marcador à la Ralf e Gabriel?
Sempre fui o camisa 5. No meu primeiro teste eu queria ser meia, por ver Kaká e tantos outros. Mas no futsal eu já marcava e o treinador disse para mim que achava que eu seria volante, e que tinha visto poucos volantes e muitos meias. Eu falei: "Quer saber? Não vou inventar, não". Aí fui de volante mesmo. Deixa a 10 para o Marquinhos, eu marco (risos).
Recentemente houve um imbróglio muito grande sobre sua renovação de contrato, que só foi assinada depois do vínculo acabar. Como viu tudo isso?
Foi um momento em que minha cabeça ficou um pouco conturbada, o que é normal. Mas graças a Deus as coisas deram certo, isso ficou no passado e só tenho que agradecer pelo presente de estar na minha casa e podendo trabalhar todos os dias.
O que pode falar sobre suas origens? É comum ver histórias de jogadores de futebol que já cedo ajudam a família a superar dificuldades...
Poder ajudar seu pai e sua mãe, que muitas vezes passam por dificuldades, é muito bom. Muitos pensam que jogador não passa por dificuldades, que tem do bom e do melhor, mas não é assim, por trás das câmeras e das quatro linhas sofremos também. Mas com 19 anos poder ajudar os pais é gratificante. Nunca passei fome, mas já vi meu pai tirando dinheiro da comida para me dar condução para vir treinar. Por isso que sempre que entro em campo lembro de tudo o que fizeram por mim e não tenho porque não correr, porque não sonhar. Meus pais se chamam Alberto e Roseli e eu morava na Cohab Itaquera, hoje moro na Arthur Alvim, cinco minutos do estádio, ouço gritos direto. Hoje moramos melhor, graças a Deus.
Inclusive, é comum ver nas redes sociais sua participação em projetos sociais, apoiando pessoas carentes. É algo que você sempre quis, mesmo quando mal tinha para você próprio?
Eu acho que o foco da minha vida é amar as pessoas e ajudar as pessoas. E não é por ser jogador, sou ser humano, e o quanto eu puder ajudar vou fazer. Participo disso com meu coração aberto e um prazer imenso de saber que pessoas precisam ser amadas. A gente acaba sendo vitrine para algumas pessoas e é bom demais ajudar, ver que através de mim pessoas queiram fazer isso. O Marquinhos vai participar, o Léo Santos vai direto, isso é muito bom.
Agora para encerrar, é verdade que você só está no futebol porque não deu certo na música? Direto tem vídeos seus cantando e tocando...
Os caras me zoam demais (risos). Mas para não descontar dentro de campo às vezes eu procuro tocar violão para relaxar, ficar mais tranquilo. E posto por hobby, para me divertir naquele momento, mas os caras pegam no pé, já me chamaram de Luan Santana... Mas eles vão querer aprender também, então eu também vou zoar. Ali sou eu, não tento passar outra imagem de mim. Se me faz bem eu posto tranquilamente, sem vergonha nenhuma. Não vou postar direto também, porque rede social também é forma de trabalho. Aprendi a tocar sozinho através do Del'Amore, aí peguei o prazer de chegar em casa, não quer assistir TV, pego o violão. Aí chamo um amigo para cantar para não passar vergonha (risos).
Você foi elogiado recentemente pelo Carille e já está em fase final de base. Que projeção faz do futuro?
Eu fico feliz por ser comparado a grandes nomes como Ralf e Gabriel, que particularmente eu tenho uma admiração tremenda. Procuro não perder essa identidade, porque ponho tudo dentro de campo, faço meu melhor com raça e o coração. Vale mais um carrinho do que uma caneta, como dizem. Eu tenho mais uma Copinha e procuro evoluir, me dedicar e aprender ao máximo no sub-20 com o Coelho. Tudo isso para chegar pronto e corresponder.
Para você, o que representa o Corinthians?
Coloco como tudo, foi o que me formou como pessoa e como atleta. Sou grato ao Corinthians, porque tudo o que tenho e terei é graças ao Corinthians. Desfrutar disso sendo corintiano é sem palavras. Há dois anos eu estava vendo o time jogar no meio da Gaviões, hoje estar em campo... todas as noites em que vou dormir não tem como não pensar em mim dando um carrinho, vendo a torcida ir ao delírio. É a melhor sensação.
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MEIA DO SUB-20 DO CORINTHIANS, AO LANCE!
Você foi uma espécie de herói discreto da Copa São Paulo, não acha? Mesmo à sombra de caras como Pedrinho e Carlinhos, fez muitos gols decisivos...
Como eu sempre falo, não gosto muito de câmeras, de holofotes em cima de mim, sou um pouco mais tímido para essas coisas aí. Eu deixo tudo nas mãos de Deus. Antes do jogo do Coritiba eu conversei com o próprio Renan que nosso time tinha caras iluminados, mas que minha hora ia chegar, que eu sempre fazia gols decisivos. E acabei fazendo naquele jogo. Enquanto os holofotes vão para outros eu fico tranquilo, trabalho na minha, longe da mídia e com tudo nas mãos de Deus.
Você não gosta de ser estrela?
Não é nem que não goste, é que me preservo mais. Hoje vejo muitas coisas acontecendo, jogadores que falam coisas que a sociedade não gosta. É mais um cuidado que eu tomo.
Mas você tem redes sociais?
Tenho. Leio tudo. Mas tomo bastante cuidado com as coisas que eu posto. Nem tudo que a gente posta as pessoas entendem. Tem que se cuidar.
'O que eu passei na Taça é uma emoção que não sei se vou ter de novo. O que eu senti no Pacaembu não consigo descrever com minhas palavras, porque a torcida é fenomenal. É o time do povo, é demais', diz o garoto
Você é um dos raros casos de jogadores que foram emprestados ao Flamengo de Guarulhos, que tinha parceria com o Corinthians na base, que voltaram e triunfaram. O quanto isso foi importante na sua formação?
Acho que acreditar em mim foi um ponto crucial nessa volta ao Corinthians. No primeiro ano de sub-20 (no Flamengo) não joguei porque estava desmotivado, pensando em parar, em voltar para Belém. Mas aí com a ajuda da minha mãe, botei na minha cabeça que no segundo ano teria que jogar de qualquer jeito e me preparei mais que todo mundo, treinava mais que todos. Aí acabei sendo um dos destaques do Paulista do ano passado. Motivação foi um ponto importantíssimo para eu voltar ao Corinthians.
Como foi essa experiência de renegado no Flamengo?
Eu sofri bastante lá. E isso me preparou muito como jogador e ser humano. Aprendi a sofrer, coisa que nunca tinha acontecido comigo. Se eu não passasse por lá talvez hoje não estivesse aqui jogando e sendo visto. O clube não tinha a mesma estrutura que eu estava acostumado, dia a dia era diferente, moradia, até a minha felicidade era diferente, porque eu via meus amigos aqui tendo do bom e do melhor, mas sabendo que eu não tinha a mesma coisa. Foram coisas difíceis de lidar, mas importantes, porque só assim é que aprendemos. Fiquei muito mais forte.
Você é do Pará. Como funciona a distância de casa?
Vou fazer sete anos em São Paulo. No começo foi muito difícil por conta de adaptação, porque onde eu morava é muito quente e cheguei sem roupa nenhuma (risos). São lições que a vida te dá para superar. Deixei minha mãe (Ana), que antes passava por dificuldades e hoje eu posso dar uma condição melhor a ela. Ela foi uma referência para mim ao sair de casa, chegar a passar fome... Enfim, ela foi demais.
É ela que te inspira?
Sempre quando eu me vejo em uma situação mais difícil, pensamos em quem deixamos para trás para conseguir esse sonho e quem temos que honrar. Morávamos no interior de Belém, uma família muito humilde, e hoje graças a Deus consigo dar uma vida melhor a ela.
Como foi sua trajetória no futebol? Você teve até uma passagem pelo Santos...
Comecei a jogar lá no Isabelense, um time bem pequeno de Belém, depois fui para o Castanhal, onde fomos campeões paraenses e fui para o Paysandu. De lá fui para o Santos, passei nos testes, mas aconteceu um problema de empresários, era meu primeiro ano de sub-15 e voltei para Pará. Lá no Paysandu subi muito precoce, com 15 anos, aí pintou uma oportunidade no Noroeste para jogar A3. Aí acabei vindo, joguei, fui bem, pintou interesse da Portuguesa e fechei, mas fiquei pouco tempo, três meses só. Foi quando vim para o Corinthians e estou até hoje. Três anos já.
Você foi elogiado recentemente pelo Carille e já está em fase final de base. Que projeção faz do futuro?
Serve como motivação para a gente continuar fazendo o que faz aqui na base. E serve também para a gente querer mais a todo dia, continuar evoluindo para chegar preparado quando estiver lá, buscando espaço e nosso sonho de sermos jogadores profissionais. Eu já não tenho a Copa São Paulo, são meus últimos cinco meses na base. Então procuro evoluir cada dia mais, como falei, para chegar preparado e ganhar oportunidades, chegar adaptado e fazer por merecer.
Para você, o que representa o Corinthians?
Uma nação apaixonada. O que eu passei na Taça é uma emoção que não sei se vou ter de novo. O que eu senti no Pacaembu não consigo descrever com palavras, porque a torcida é fenomenal. É o time do povo, é demais. Eu tinha um sonho. Dia 26 de janeiro é meu aniversário e minha mãe dizia que não sabia o que faria quando eu chegasse em casa campeão da Taça. Ver minha mãe com aquele sorriso foi sem palavras, tenho que agradecer demais. Por isso veio a tatuagem... Tenho até outras tatuagens, minha família é toda descendente de índios, coisas que representam minha personalidade. Como essa taça conquistada com a camisa do Corinthians.
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