Estádio, títulos e dinastia: o que está em jogo na eleição do Corinthians

Milhares de sócios do clube vão às urnas neste sábado (25) para eleger um novo presidente

imagem cameraAugusto Melo (esquerda) e André Negão (direita) se enfrentam pela presidência do Corinthians (Arte: Vitor Araújo / Lance!)
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Fábio Lázaro
São Paulo (SP)
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Vitor Coelho Palhares
São Paulo (SP)
Dia 25/11/2023
07:00
Atualizado em 25/11/2023
04:17
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A eleição mais disputada da história do Corinthians acontece neste sábado (25). André Luiz de Oliveira, o André Negão, e Augusto Melo disputam o posto de presidente do clube alvinegro nos próximos três anos neste que é um dos momentos mais difíceis do Timão, tanto dentro, quanto fora de campo.

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A equipe do Parque São Jorge não é campeã há três anos e nesta temporada flerta com o rebaixamento desde o início do Campeonato Brasileiro. Para piorar, o time sofreu a sua pior derrota na Neo Química Arena nesta sexta-feira (24), véspera da disputa eleitoral, ao ser goleado pelo Bahia por 5 a 1.

Fora das quatro linhas, o endividamento corintiano ultrapassa os R$ 900 milhões, mesmo com o clube tendo arrecadação recorde nos três anos em que o atual presidente Duílio Monteiro Alves esteve à frente da instituição.

Confira abaixo os principais pontos que estão em jogo na eleição do Corinthians.

DINASTIA
O grupo ‘Renovação & Transparência’ está à frente da gestão corintiana há 16 anos e vive a ameaça inédita da quebra da dinastia que teve Andrés Sánchez (duas vezes), Mário Gobbi, Roberto de Andrade e Duílio como presidentes.

Figura presente em todos esses mandatos, principalmente nos de Andrés, André Luiz de Oliveira, o André Negão, é o candidato do grupo, mas que possui baixa aceitação. Até mesmo dentro do coletivo, nunca foi unânimidade, muito por conta do histórico controvérso que possui. No passado, André foi bicheiro, sobreviveu a sete tiros e já foi preso em flagrante por posse ilegal de armas.

Se aproveitando do péssimo momento corintiano dentro e fora de campo, e da baixa popularidade de André Negão, Augusto Mello tem a faca e o queijo na mão para tirar a ‘Renovação & Transparência’ do poder.

Andrés Sanchez, André Negão e Mario Gobbi: três integrantes do grupo político conhecido como 'Renovação e Transparência' (Foto: Fábio Lázaro / Lance!)

FUTEBOL
O Corinthians vive uma série de incertezas no futebol. Com diversos atletas em fim de contrato e necessidade de renovação de um elenco onde as principais peças possuem mais do que 30 anos, o clube alvinegro precisa urgentemente da definição quanto ao novo presidente para que um planejamento seja traçado.

A maioria dos jogadores que possuem vínculo até o fim deste ano não tiveram negociação pela renovação iniciada. A diretoria atual optou por deixar isso nas mãos da gestão eleita, independentemente de qual for. A exceção foi o zagueiro Bruno Méndez, que, ainda assim, não chegou a um acordo com o Timão.

Assim, boa parte dos atletas não sabem se ficarão no Corinthians em 2023: Bruno Méndez, Gil, Fábio Santos, Cantillo, Giuliano, Maycon e Ruan Oliveira. Outros atletas podem ser negociados, casos de Fagner, Fausto e Yuri Alberto, por exemplo.

O técnico Mano Menezes tem contrato até 2025, mas também não sabe se ficará. Em caso de Augusto Melo ser eleito, o treinador corre riscos de ser dispensado, já que nunca foi o favorito do grupo que está à frente da oposição.

Renato Augusto tem contrato com o Timão apenas até dezembro e não sabe se permanece para a próxima temporada (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

ESTÁDIO
A negociação com a Caixa Econômica Federal para quitar a Neo Química Arena, que hoje está sendo paga em um acordo com duração até 2041, pode ser quitada em um novo acerto entre o clube e a instituição financeira, que prevê o repasse dos valores que o Timão recebe pela venda dos naming rights do estádio além da compra de títulos precatórios, que são dívidas que o próprio banco possui e que são pagas em um intervalo de tempo maior.

A ideia é trocar uma dívida por outra, sendo que a assumida será paga com um desconto bastante vantajoso.

E essa costura com o presidente da Caixa Econômica Federal foi feita essencialmente por pessoas que estão na chapa da situação. O ex-presidente Andrés Sánchez foi peça fundamental nisso e a vitória da chapa de oposição tornaria muito difícil a manutenção do acordo.

No modelo original, o Corinthians pagaria nesta temporada e na próxima apenas valores referentes a juros, iniciando a quitação do valor pela construção da arena somente em 2025 e terminando duas décadas depois.

Atualmente, a dívida total referente ao estádio se aproxima dos R$ 700 mil, contado juros e a correção monetária.

Pessoas ligadas à atual gestão do clube costuraram um acordo junto à Caixa Econômica Federal pela quitação da Neo Química Arena (Foto: Victor Aznar/Mochila Press/Gazeta Press)

DÍVIDA
A atual gestão assumiu o Corinthians com uma dívida de R$ 982,2 milhões. E embora tenha batido o recorde de arrecadação em 2021, 2022 e projete também em 2023, a redução do endividamento foi somente de 7,4%, já que o último balanço financeiro do clube alvinegro aponta que a dívida atualmente se encontra em R$ 910,5 milhões.

A projeção é que o Timão tenha de entradas nesta temporada um valor superior ao endividamento total, mas o equilíbrio com as despesas não torna animadora a possibilidade de redução ainda maior da dívida que a equipe possui.

Assim, os resultados positivos em arrecadação conquistados durante a gestão de Duílio Monteiro Alves passará a ser um desafio a mais para o sucessor, que ainda terá a missão de diminuir o endividamento o máximo possível e ser criativo para gerar receitas e seguir o padrão de entradas da gestão atual.

Angel Romero lamenta vexame do Corinthians diante do Bahia: o novo presidente terá condições de recolocar o clube no caminho dos títulos? (Foto: Eduardo Carmim/Photo Premium/Gazeta Press)

TÍTULOS
Duílio Monteiro Alves foi o primeiro presidente desde Roberto Pasqua, que administrou o clube entre 1985 e 1987, que terminará o mandato sem ter conquistado um título sequer. A última vez que o Corinthians levantou uma taça foi em 2019, quando venceu o terceiro Paulistão consecutivo. A torcida reconhece as dificuldades financeiras, mas espera um novo presidente que ‘arrume a casa’ para voltar a ser campeão o mais rápido possível.

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