Estádio, títulos e dinastia: o que está em jogo na eleição do Corinthians

Milhares de sócios do clube vão às urnas neste sábado (25) para eleger um novo presidente

Escrito por Vitor Coelho Palhares, supervisionado por

A eleição mais disputada da história do Corinthians acontece neste sábado (25). André Luiz de Oliveira, o André Negão, e Augusto Melo disputam o posto de presidente do clube alvinegro nos próximos três anos neste que é um dos momentos mais difíceis do Timão, tanto dentro, quanto fora de campo.

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A equipe do Parque São Jorge não é campeã há três anos e nesta temporada flerta com o rebaixamento desde o início do Campeonato Brasileiro. Para piorar, o time sofreu a sua pior derrota na Neo Química Arena nesta sexta-feira (24), véspera da disputa eleitoral, ao ser goleado pelo Bahia por 5 a 1.

Fora das quatro linhas, o endividamento corintiano ultrapassa os R$ 900 milhões, mesmo com o clube tendo arrecadação recorde nos três anos em que o atual presidente Duílio Monteiro Alves esteve à frente da instituição.

Confira abaixo os principais pontos que estão em jogo na eleição do Corinthians.

DINASTIA
O grupo ‘Renovação & Transparência’ está à frente da gestão corintiana há 16 anos e vive a ameaça inédita da quebra da dinastia que teve Andrés Sánchez (duas vezes), Mário Gobbi, Roberto de Andrade e Duílio como presidentes.

Figura presente em todos esses mandatos, principalmente nos de Andrés, André Luiz de Oliveira, o André Negão, é o candidato do grupo, mas que possui baixa aceitação. Até mesmo dentro do coletivo, nunca foi unânimidade, muito por conta do histórico controvérso que possui. No passado, André foi bicheiro, sobreviveu a sete tiros e já foi preso em flagrante por posse ilegal de armas.

Se aproveitando do péssimo momento corintiano dentro e fora de campo, e da baixa popularidade de André Negão, Augusto Mello tem a faca e o queijo na mão para tirar a ‘Renovação & Transparência’ do poder.

Andrés Sanchez, André Negão e Mario Gobbi: três integrantes do grupo político conhecido como 'Renovação e Transparência' (Foto: Fábio Lázaro / Lance!)

FUTEBOL
O Corinthians vive uma série de incertezas no futebol. Com diversos atletas em fim de contrato e necessidade de renovação de um elenco onde as principais peças possuem mais do que 30 anos, o clube alvinegro precisa urgentemente da definição quanto ao novo presidente para que um planejamento seja traçado.

A maioria dos jogadores que possuem vínculo até o fim deste ano não tiveram negociação pela renovação iniciada. A diretoria atual optou por deixar isso nas mãos da gestão eleita, independentemente de qual for. A exceção foi o zagueiro Bruno Méndez, que, ainda assim, não chegou a um acordo com o Timão.

Assim, boa parte dos atletas não sabem se ficarão no Corinthians em 2023: Bruno Méndez, Gil, Fábio Santos, Cantillo, Giuliano, Maycon e Ruan Oliveira. Outros atletas podem ser negociados, casos de Fagner, Fausto e Yuri Alberto, por exemplo.

O técnico Mano Menezes tem contrato até 2025, mas também não sabe se ficará. Em caso de Augusto Melo ser eleito, o treinador corre riscos de ser dispensado, já que nunca foi o favorito do grupo que está à frente da oposição.

Renato Augusto tem contrato com o Timão apenas até dezembro e não sabe se permanece para a próxima temporada (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

ESTÁDIO
A negociação com a Caixa Econômica Federal para quitar a Neo Química Arena, que hoje está sendo paga em um acordo com duração até 2041, pode ser quitada em um novo acerto entre o clube e a instituição financeira, que prevê o repasse dos valores que o Timão recebe pela venda dos naming rights do estádio além da compra de títulos precatórios, que são dívidas que o próprio banco possui e que são pagas em um intervalo de tempo maior.

A ideia é trocar uma dívida por outra, sendo que a assumida será paga com um desconto bastante vantajoso.

E essa costura com o presidente da Caixa Econômica Federal foi feita essencialmente por pessoas que estão na chapa da situação. O ex-presidente Andrés Sánchez foi peça fundamental nisso e a vitória da chapa de oposição tornaria muito difícil a manutenção do acordo.

No modelo original, o Corinthians pagaria nesta temporada e na próxima apenas valores referentes a juros, iniciando a quitação do valor pela construção da arena somente em 2025 e terminando duas décadas depois.

Atualmente, a dívida total referente ao estádio se aproxima dos R$ 700 mil, contado juros e a correção monetária.

Pessoas ligadas à atual gestão do clube costuraram um acordo junto à Caixa Econômica Federal pela quitação da Neo Química Arena (Foto: Victor Aznar/Mochila Press/Gazeta Press)

DÍVIDA
A atual gestão assumiu o Corinthians com uma dívida de R$ 982,2 milhões. E embora tenha batido o recorde de arrecadação em 2021, 2022 e projete também em 2023, a redução do endividamento foi somente de 7,4%, já que o último balanço financeiro do clube alvinegro aponta que a dívida atualmente se encontra em R$ 910,5 milhões.

A projeção é que o Timão tenha de entradas nesta temporada um valor superior ao endividamento total, mas o equilíbrio com as despesas não torna animadora a possibilidade de redução ainda maior da dívida que a equipe possui.

Assim, os resultados positivos em arrecadação conquistados durante a gestão de Duílio Monteiro Alves passará a ser um desafio a mais para o sucessor, que ainda terá a missão de diminuir o endividamento o máximo possível e ser criativo para gerar receitas e seguir o padrão de entradas da gestão atual.

Angel Romero lamenta vexame do Corinthians diante do Bahia: o novo presidente terá condições de recolocar o clube no caminho dos títulos? (Foto: Eduardo Carmim/Photo Premium/Gazeta Press)

TÍTULOS
Duílio Monteiro Alves foi o primeiro presidente desde Roberto Pasqua, que administrou o clube entre 1985 e 1987, que terminará o mandato sem ter conquistado um título sequer. A última vez que o Corinthians levantou uma taça foi em 2019, quando venceu o terceiro Paulistão consecutivo. A torcida reconhece as dificuldades financeiras, mas espera um novo presidente que ‘arrume a casa’ para voltar a ser campeão o mais rápido possível.

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