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Formado no ‘rolinho porrada’, Arana se vê como espelho a jovens do Timão

Brincadeira nos tempos de escola ajudou a desenvolver habilidade do lateral, que tem se notabilizado por canetas. Jovem de 20 anos diz não pensar em sair do Corinthians

Guilherme Arana posou para fotos ao LANCE!. Confira o ensaio!
imagem camera<br>(Foto: Eduardo Viana)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 04/05/2017
18:04
Atualizado em 05/05/2017
17:38

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A brincadeira é clássica em ruas, escolas e quadras espalhadas pelo Brasil. O objetivo não é fazer gols ou somar pontos, mas driblar adversários e sair ileso, sem apanhar. No "rolinho porrada", quem levar a bola (ou qualquer outro objetivo utilizado no jogo) entre as pernas, apanha! O passatempo não parece muito educativo ou mesmo sadio, mas ajudou a formar um dos destaques do Corinthians nesta temporada, o lateral-esquerdo Guilherme Arana.

Foi brincando de "rolinho porrada" na infância que ele desenvolveu a habilidade de dar canetas, uma de suas marcas registradas.

- Eu brincava muito na escola, às vezes o pessoal levava Yakult, amassava a garrafinha e ficava brincando de rolinho porrada no intervalo. Eu também tomava uns, mas eu mais batia do que apanhava (risos). Hoje, com a bola, fica mais fácil. Estou me aperfeiçoando nisso, é um lance bonito, que todo mundo gosta de ver, fico feliz de estar distribuindo essas canetas - disse, em entrevista ao LANCE!.

As canetas têm rendido brincadeiras entre torcedores e até no vestiário do Corinthians, mas Arana tem muitos outros recursos. Tanto que o lateral é o jogador que mais deu assistências na equipe em 2017, seis em 19 partidas disputadas.

O lateral, contudo, sente falta de balançar as redes. Ele não marcou nenhuma vez nesta temporada e sonha em balançar as redes na decisão do Campeonato Paulista, domingo, contra a Ponte Preta, na Arena.

Com apenas 20 anos, ele pode faturar a sua segunda taça pelo Timão. Reserva, mas importante, na conquista do Brasileirão de 2015, ele ganhou importância neste ano. Após a saída de Uendel, ele assumiu responsabilidades dentro e fora de campo e hoje já se vê como um espelho para os mais novos:

- Amadureci bastante. Quando os meninos sobem, eu falo para eles terem calma, pois a oportunidade vai aparecer e eles têm de estar preparados. Foi assim comigo, com Maycon... Sou espelho por ter passado por isso antes. Tento passar um pouco da experiência que tive para esses garotos que estão subindo, como Pedrinho, Léo Santos, que são grandes garotos. Ainda têm outros para subir, pois a base do Corinthians é forte, chega em todos campeonatos. Independentemente de quem vier, vou colar do lado e tentar ajudar.

- EUROPA? LATERAL NÃO PENSA EM SAIR AGORA
O bom desempenho de Guilherme Arana no Corinthians e nas categorias de base da Seleção desperta interesse de clubes do exterior na contratação do garoto e liga o sinal de alerta na diretoria alvinegra.

Contudo, o jogador diz não pensar em uma transferência no momento. Embora não descarte ouvir propostas, ele garante foco no Timão.

- Estou pensando aqui no Corinthians, estou muito feliz aqui, como titular, atuando bem. Deixo essas coisas para os meus empresários e minha família resolverem de fora. É claro que se aparecer algo muito bom vamos sentar e conversar, mas minha cabeça é só aqui no Corinthians. Pode ter certeza que enquanto estiver aqui vou honrar essa camisa com muito orgulho.

O Corinthians é dono de apenas 40% dos direitos econômicos do atleta e não pretende se desfazer dele no momento. Recentemente, o jovem renovou contrato até o fim de 2021.

- CONFIRA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM GUILHERME ARANA:

Você tem dado canetas quase todos os jogos. Tem alguma aposta com os companheiros de Corinthians sobre isso antes das partidas?
Comento sempre com o Gabriel, falo para ele: "Nesse jogo vai ter caneta". E ele diz: "Quero só ver, hein?" Quando dou a caneta, olho para ele no meio do jogo e dou risada. A gente brinca, faz parte do futebol, todos gostam de ver um lance como esse. Nós, brasileiros, temos essa facilidade de improviso.

Algum adversário já reclamou?
Ninguém quer tomar uma caneta, um chapéu, mas... Por isso que falo, estou me aperfeiçoando nisso, mas preciso tomar cuidado, porque eu também marco. Tenho que ficar ligado para não ser a vítima.

Mas já teve quem não gostasse de tomar?
Nunca ninguém falou nada, pois é um lance do jogo, normal, não estou batendo ou fazendo algo demais, estou apenas defendendo a minha camisa, fazendo o que sei. Não me lembro de ninguém ficar bravo, não.

E o Carille, o que te fala sobre isso?
Ele fala que se for para dar caneta, não ser para brincar, mas sim com objetivo, para frente. Pode ver: todas as minhas canetas são com objetivo de ir para frente. Não adianta dar caneta e o time perder, jogar a bola para trás, sem objetivo, aí não adianta. Tem o momento certo de fazer esse lance. Felizmente, as canetas que dou estão tendo continuidade.

Você é da Zona Leste, formado no Corinthians... Como está antes da primeira final no estádio?
Vamos entrar na história, é o 100º jogo na Arena, pode ser o primeiro título. Mas precisamos respeitar a Ponte, ainda teremos mais 90 minutos. É preciso ter seriedade, seguir trabalhando certinho, rever erros, domingo vamos entrar para ganhar o jogo.

De que bairro você era?
Eu era de Sapopemba. Saí de lá tem uns três anos já. Mas sempre vou para lá, tenho amigos, quando tenho um tempo apareço onde eu morava.

Tem um tal de "bonde da Zona Leste" no elenco, certo?
O Jô morava a uns cinco minutos de onde eu cresci, no (Conjunto Habitacional) Teotônio Vilela. Até brinquei com ele quando ele chegou. Ele falou que era, eu disse que nasci no Grimaldi. Quando ele faz gol a gente brinca, faz o símbolo do L, de Zona Leste. É bacana demais, espero que ele mais um gol na final. Eu e ele (risos).

Está sonhando com esse gol?
Seria bacana, ainda não fiz nenhum gol no Paulista, ficaria muito feliz se esse golzinho viesse na final. Mas tudo vai acontecer naturalmente. Estou trabalhando bastante, se surgir a oportunidade em um lance, espero que Deus me abençoe e que a bola entre. Vou ficar muito feliz.

Você é um dos mais extrovertidos do elenco. Como é o clima entre os jogadores, sobretudo os mais jovens?
Estamos formando uma família, bacana, no dia a dia dá gosto de vir trabalhar aqui, todo mundo se dá bem com todo mundo. Isso é importante ao longo da temporada, pois vamos precisar de todos e quem entrar vai dar conta do recado.

Quais músicas embalam o vestiário da equipe?
Pessoal coloca uns funks, Mc Kevinho, TH, Menor da VG... Se a gente for campeão, se Deus quiser, claro que respeitando a Ponte Preta, vão ter uns vídeos no vestiário com algumas músicas (risos). Mas no momento mesmo é o Kevinho, que gravou com o Wesley Safadão. A mais tocada no vestiário é dele. 

Ainda sobre esse clima descontraído, os jogadores têm apelidos?
A galera da base não tem muito apelido, a gente quer zoar os mais velhos, só que pelo grupo ser novo ainda estamos pesquisando uns apelidos. Também não pode revelar, senão é trairagem com os caras. Aí eles pegam a gente desprevenido no vestiário e batem na gente.

Como é essa zoeira com os mais velhos?
Geralmente eu sou o que brinco mais dos moleques da base. Inclusive em 2015 queriam armar uma armadilha para pegarem eu e o Malcom, amarrar e ficar batendo, chutando bola... A gente procura não zoar tanto porque somos jovens, como vai bater num Jô desse tamanho? (risos).

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