Mais do que um novo treinador, Corinthians precisa apresentar um projeto esportivo promissor
Apesar da parcela de culpa de Vagner Mancini nos fracassos recentes do Timão, claramente os problemas do clube não estão em quem comanda o time da beira do campo
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A derrota para o Palmeiras na semifinal do Paulistão-2021 foi a gota d'água para o Corinthians demitir Vagner Mancini do cargo de treinador. O ato dos dirigentes é um indicativo de que o culpado pela má fase e os fracassos recentes estava na beira do campo. Acontece que o técnico é ponta do iceberg de um clube que não consegue apresentar um projeto esportivo promissor.
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Convenhamos, a demissão de um comandante é o caminho mais fácil para mostrar ação e dar respostas para a revolta dos torcedores, mas ao mesmo tempo isso serve para tapar o sol com a peneira. No caso de Mancini, na visão de quem escreve esse texto, o treinador fez tudo o que foi possível ao seu alcance: usou o elenco limitado, livrou o time do rebaixamento e chegou até onde foi possível na disputa do Campeonato Paulista desta temporada.
Talvez o grande erro da passagem de Mancini tenha sido, em alguns momentos, achar que o Corinthians tinha condições de bater de frente com as potências do futebol brasileiro e até do futebol sul-americano. As "pancadas" sofridas contra o Peñarol, sendo uma com o time completo e a outra com um time alternativo, mostram que algumas escolhas não foram as melhores, ainda mais em um momento em que era necessário fazer o simples e dar respostas.
Não é possível nem julgar a capacidade de Vagner Mancini em tocar um projeto melhor do que foi feito nesses 45 jogos. Falta material humano, falta direcionamento, falta condição de brigar em alto nível... Isso só para ficar bem na superfície do problema. Há uma limitação clara no elenco, embora os jovens sejam promissores, não irão resolver as dificuldades, até pela pouca idade.
Sem reforços até aqui na temporada, e sem perspectivas para isso acontecer em um futuro próximo, diante da terrível situação financeira do clube, fica difícil pensar no que o Corinthians poderia oferecer de horizonte para atrair um técnico de alto nível neste momento. E dá para falar do caso de Renato Gaúcho, que ano após ano cobrava mais investimento no Grêmio, que é um clube um milhão de vezes mais organizado e melhor estruturado do que o Timão.
Se a atual gestão está adotando uma política de mais austeridade, com enfoque no pagamento de dívidas e evitando gastos exacerbados, é hora também de pensar em uma nova filosofia esportiva, adotar planos de longo prazo e dar ao torcedor e aos profissionais que vierem para o clube indícios de que o futuro será promissor. Remendar e tocar com a barriga é contar sempre com um milagre, e com a força da camisa, mas é preciso muito mais.
Pensar em Renato Gaúcho é um sinal de que o clube pensa grande, mas é difícil saber se a intenção é a "grife" ou é um projeto de longo prazo, que prevê tropeços e resultados adversos antes de pavimentar um novo caminho para os títulos. Se não houver esse planejamento técnico, não adianta o tamanho do profissional contratado, os problemas continuarão e podem piorar.
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