A diretoria do Corinthians acha que fez bem ao recusar a proposta do Fenerbahce (TUR) pela contratação do meia Rodriguinho. O clube brasileiro tem contrato com o jogador de 28 anos somente até dezembro e sabe que assumiu o risco de vê-lo sair de graça ao fim da temporada. Este risco, porém, foi calculado. E a rejeição à oferta europeia por um de seus destaques ao longo da última temporada, comemorada. São duas as principais razões da satisfação da diretoria alvinegra, sendo uma do ponto de vista técnico e outra mais política.
Rodriguinho é peça primordial no planejamento de equipe do técnico Fabio Carille. Ele é titular da segunda linha de quatro no esquema 4-1-4-1, e de longe o mais habituado ao setor, por já ter trabalhado com Tite em 2015. Seus concorrentes são Guilherme, que é mais armador, e Fellipe Bastos, que está no clube há duas semanas. Perder um titular na reta final da pré-temporada seria um baque na programação de 2017 - ainda mais um titular que foi o principal destaque técnico da equipe no segundo semestre do ano passado.
Do lado político, a manutenção de Rodriguinho é vista como uma vitória da gestão do presidente Roberto de Andrade. O mandatário alvinegro foi bombardeado por conta dos desmanches do ano passado - em apenas dois intervalos de tempo, saíram Gil, Ralf, Renato Augusto, Jadson, Malcom, Vagner Love, Bruno Henrique, Luciano e André. Toda a base do time campeão brasileiro de 2015 foi desmontada. Neste ano, a venda de Uendel ao Internacional já foi mal vista por muitas pessoas influentes da política corintiana, e a pressão voltaria caso Rodriguinho fosse negociado. Resistência às propostas por seus principais jogadores é um elemento que dá força à diretoria neste momento de instabilidade política.
Agora, o Corinthians precisa completar o trabalho com Rodriguinho, que tem vínculo apenas até dezembro e pode assinar pré-contrato com outro clube a partir do meio do ano. Além de estender o contrato do meia, o Timão precisará oferecer um substancial aumento de salário e também comprar parte dos direitos econômicos que hoje não lhe pertencem - o clube tem 50% do montante, contra 40% do Capivariano e 10% do América-MG. Caso os empresários do meia, insatisfeitos com a recusa ao Fenerbahce, rejeitem a renovação, Rodriguinho sairá de graça em 2018, quatro anos depois de ser comprado ao América-MG por R$ 4 milhões.
Rodriguinho foi seduzido pela oferta europeia e desejava a transferência, mas desde o início das conversas deixou claro que não entraria em conflito com o Corinthians.