Por saídas, Tite revela noites de insônia e diz: ‘Não estava preparado’

Em entrevista ao LANCE!, treinador admite ter sofrido o baque da venda de cinco titulares e projeta a temporada que está começando. Ele não descarta utilizar Alexandre Pato

imagem cameraTite projeta temporada difícil pelo Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr)
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Lance!
Enviado especial a Orlando (EUA)
Dia 22/01/2016
20:47
Atualizado em 23/01/2016
20:33
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A preocupação e até irritação da Fiel torcida pela debandada de jogadores do Corinthians é compartilhada pelo técnico Tite. Em meio ao turbilhão que atingiu o clube nas últimas semanas e levou embora cinco titulares do hexacampeonato brasileiro (Gil, Jadson, Ralf, Renato Augusto e Vagner Love), o comandante alvinegro perdeu noites de sono pensando em como recolocar o Timão no caminho das vitórias.

Tite diz não ser mágico nem ter claro em sua cabeça como será a sua nova equipe. Tanto é que, na entrevista exclusiva que concedeu ao LANCE!, o treinador cogitou até mesmo utilizar Alexandre Pato caso ele não seja negociado.

Mas o técnico também tem suas convicções. E uma delas é de que sem reforços de peso será praticamente impossível brigar por títulos na temporada. Tite não quer jogadores apenas que companham o elenco. Ele deseja atletas “cascudos”, que consigam suportar a pressão da torcida e deem conta de substituir em alto nível os que saíram.

Neste sábado, às 17h (de Brasília), o treinador terá a última oportunidade de fazer ajustes e observações no Corinthians antes de a bola começar a rolar para valer. Antes do amistoso contra o Fort Lauderdale Strikers, que marcará a despedida do Timão na pré-temporada dos Estados Unidos, o comandante corintiano falou com o LANCE!, revelou como acompanhou ao êxodo de atletas neste início de ano e projetou a temporada que começa. Confira abaixo:

Como você acompanhou a saída de jogadores? Isso mexeu com você, te deixou muito irritado?
Não vou me colocar acima do bem e do mal. Houve duas noites que acordei 4h30 e não conseguir dormir mais. Você sente, é inevitável, é humano, pois tem uma expectativa. Quem é que não sente? A capacidade que a gente tem de absorver e transformar depois essas adversidades em trabalho é outra coisa. Mas eu teria algum problema se não sentisse a perda de atletas. Teria alguma coisa errada. Teve duas noites mesmo que acordei de madrugada e não dormi mais.

Você sentiu o baque então? Não estava preparado para isso?
Eu não estava preparado, e o clube também não. Conversei com a diretoria e não tinha nada na virada do ano. Dali a pouco tempo começou a explodir para tudo quanto é lado. Porém, agora é um momento em que é preciso ter velocidade (para contratar) sem apressar os fatos. A busca por jogadores tem que ser criteriosa, passar por triagem técnica, não só do técnico, mas do Cifut (Centro de Inteligência no Futebol) do clube também.

Que nível de reforço você espera que chegue ao clube?
Tem que ter jogadores em três escalas para ter uma equipe forte. Um: jogadores jovens. Dois: jogadores emergentes, para virem e crescerem. E três: tarimbados e cascudos, para aguentarem o peso da camisa e o momento de instabilidade, no qual o torcedor vai reclamar. É inevitável que reclame, é assim, e esses jogadores terão a experiência e a maturidade de absorver a pressão. Quando consegue equilibrar esses três níveis, a chance de sucesso é maior.

Destes três estágios, a diretoria sinaliza que aposta nos “emergentes”. É isso que você está esperando também?
Talvez, mas eles são uma aposta, e a gente precisa de tarimbado na medida que saem Gil, Ralf, Renato Augusto... Veja que são todos cascudos. Precisamos de sustentação nesse mesmo nível para que eles possam equilibrar com os demais jogadores que já estão aqui.

Claro que tudo isso gera preocupação. Mas remontar o time também te dá motivação?
A grande satisfação do técnico - e de toda a comissão técnica - é ver o time jogar o que jogou e todos os atletas que se destacaram serem valorizados. Então, de tudo isso que aconteceu, a maior satisfação é a valorização e o retorno que teve ao clube em relação ao investimento feito. Se me perguntarem a satisfação que tive, direi que foi só essa, o resto é remontagem do time, reestruturação... Não tenho mais jogador de meio de campo que flutua pela faixa central, isso quebra a mecânica, tu sabes disso. Outra luta que travei foi pela manutenção do sistema defensivo, mas o Gil acabou saindo. Então mexemos na linha de quatro da defesa, no meio e no ataque. Isso vai gerar instabilidade, não queria falar isso, mas preciso admitir, infelizmente. Talvez as contratações ajudem a acelerar os ajustes, mas não será fácil.

Qual setor te preocupa mais?
O Danilo está fazendo função que o Jadson fazia, de criação, com características diferentes e jogando em uma faixa central. A criatividade é sempre o setor importante, de engrenagem, estruturação... Às vezes quando não tem a engrenagem ofensiva, tem o suporte defensivo. Então acabei falando dos três setores (risos). Não tem como!

O Pato ainda não foi negociado. Se ele estiver à disposição quando o clube voltar ao Brasil, você pretende utilizá-lo?
Ele não veio para cá pois tinha o encaminhamento de uma negociação. Não havendo, ele vai ser integrado. A informação que tenho é que a negociação está encaminhada. Se não sair, por mim, será utilizado.

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