Há alguém altamente surpreso com a derrota do Corinthians, por 2 a 0, para o Palmeiras, na noite da última quinta-feira? Acredito que não, pois diante dos times e da evolução do trabalho de cada treinador, parecia até óbvio que o Verdão venceria o Dérbi. O lance da expulsão de Fagner e a gritante falta de repertório ofensivo corintiano só foram ingredientes a mais para o revés.
É importante lembrar que antes do pênalti e do gol de Luiz Adriano, o Alviverde já era muito melhor do que o Timão, mesmo com a bola no travessão de Otero. O tento palmeirense não foi um acaso como foi o chute do venezuelano, o domínio do time de Vanderlei Luxemburgo era muito evidente e o gol parecia questão de tempo, acabou que saiu com um combo que trouxe a expulsão.
Com um a menos, contra um adversário superior técnica e taticamente, a tendência era ser ainda mais dominado e engolido, só não foi pelo fato de o rival ter relaxado demais depois de ter aberto o placar. Se houvesse mais capricho e mais intensidade alviverde, certamente uma goleada seria aplicada na Neo Química Arena, o que não causaria espanto nos telespectadores.
O Palmeiras realmente deu a bola para o Corinthians na segunda etapa e deu pois sabia que dificilmente seria ameaçado. Não é à toa, o repertório ofensivo do time de Tiago Nunes é limitadíssimo e na noite da última quinta-feira foi baseado em: lançamentos, cruzamentos e passes em Jô e apostas nas bolas paradas de Otero, que realmente quase marcou em pelo menos três lances.
- É muito pouco, o Otero tem esse atributo da bola parada, do chute fora da área, e é um repertório muito pequeno para um clube do tamanho do Corinthians, a gente precisa que os jogadores individualmente tenham essa proatividade, essa capacidade individual que o Otero teve hoje de chamar a responsabilidade, de conseguir desequilibrar o adversário - disse o treinador corintiano em entrevista coletiva após a partida.
Esse problema não é de hoje, diga-se, mas tem ficado cada vez pior, o que mostra que o trabalho não tem evoluído positivamente. Antes ele parecia estagnado, hoje ele parece piorar. Se a defesa havia sido corrigida após a paralisação, e isso poderia preparar o terreno para o desenvolvimento ofensivo, essa solidez defensiva já não existe mais e o ataque (Jô e...?) dá a impressão de não ter qualidade técnica e tática para oferecer algo além.
Tiago Nunes deve continuar no cargo, pois a direção alvinegra não pretende demiti-lo nas condições atuais, mas ele sabe que terá de trabalhar muito com o material que tem nas mãos, que todos sabem que é limitado e não será reforçado. O treinador, que chegou para mudar a filosofia do clube, pode ter de se basear no que um time com essa limitação melhor faz: fortalecer a defesa, continuar tentando achar o iluminado Jô e apostando nos chutes de Otero.