A expectativa de que a Justiça tenha batido o martelo para uma nova postura no combate à violência no futebol marcou a repercussão do julgamento dos baderneiros do empate em 1 a 1 entre Coritiba e Fluminense, em 6 de dezembro de 2009. A condenação dos últimos seis dos 14 indiciados no episódio do Couto Pereira (entenda no quadro) foi vista por analistas como um bom sinal de que a lei tem boas formas de se sobressair:
– Costuma-se dizer que o Brasil é o país da impunidade. Portanto, a condenação a seis delinquentes da batalha campal de dezembro de 2009, é para aplaudir e pode ser exemplar. Isto, se a Justiça não entrar no jogo do adversário e acolher a tática de recursos e liminares – disse o sociólogo Mauricio Murad, membro da Academia LANCE!.
Promotor do Ministério Público (MP-RJ), Rodrigo Terra apontou que a decisão judicial deixa as organizadas atentas à sensação de impunidade nos estádios:
– O que importa é que a lei foi aplicada, após um longo período no qual sistema vinha falhando ao dar uma resposta a estes crimes hediondos. Dava margem à sensação de impunidade – afirmou, ao L!.
Terra, no entanto, critica a lentidão do processo. Entre o dia do episódio, ocorrido em um estádio com 35 mil presentes, e o desfecho dos últimos indiciados, passaram-se sete anos. Neste período, vários estados chegaram a pedir torcida única em clássicos. No Campeonato Carioca-2017, o MP cogitou a hipótese de torcida única e até presença de clássicos sem torcedores.
– A Justiça tem de ser célere ao fazer suas punições em casos como este. A decisão em torno de Coritiba e Fluminense foi um grande passo por um conjunto de circunstâncias, mas ainda estamos longe de uma situação desejável.
Apesar de um bom passo, ainda há um longo caminho a percorrer.
COM A PALAVRA
'Para aplaudir e arguir'
MAURICIO MURAD
Sociólogo, professor da Universo e autor do livro "A Violência no Futebol: Novas Pesquisas, Novas Ideias, Novas Propostas"
É louvável a maneira como a Justiça agiu para punir os envolvidos no Coritiba e
Fluminense, ainda mais porque se diz que o Brasil é o país da impunidade. Mas
a lentidão das instituições públicas ficou clara.
O tempo médio de tramitação dos processos criminais é dez vezes superior ao determinado pelo Código Penal e o futebol não é exceção. É para aplaudir e para arguir.