Após ação rápida na contratação de Rogério Ceni, o Cruzeiro apresentou oficialmente o treinador na tarde desta terça-feira, 13 de agosto, na Toca da Raposa II.
Acompanhado do presidente Wagner Pires de Sá e do diretor de futebol, Marcelo Djian, Rogério deu sua primeira entrevista coletiva e como de habitual, mostrou coerência, segurança e informações sobre o novo clube, onde inicia sua mais nova jornada no futebol. A Raposa é o terceiro time que Ceni irá comandar na carreira de técnico, após passagens por São Paulo e Fortaleza.
Ao iniciar a conversa com os jornalistas, o ex-goleiro foi direto ao dizer que está vivendo um “momento mágico” na carreira ao assumir a equipe mineira, pois já chega com a chance de chegar a uma final de Copa do Brasil, caso o Cruzeiro supere o Internacional, no jogo de volta, em Porto Alegre, no dia 4 de setembro. A oportunidade de estar em uma disputa de alto nível no comando do Cruzeiro foi um dos grandes motivos que fizeram Ceni deixar o Fortaleza para vir a Belo Horizonte.
- Esse aqui é um momento mágico na carreira de qualquer pessoa, poder chegar num clube como o Cruzeiro, bicampeão (consecutivo) da Copa do Brasil. Temos esse jogo contra o Inter, em Porto Alegre, com todas as dificuldades, favoritismo pelo resultado do primeiro jogo. (A chance de disputar o título) Talvez tenha sido um dos grandes fatos que tenham me trazido aqui. Não se joga fora a oportunidade de ser campeão quando se trata de Cruzeiro. Vamos tentar nos reencontrar nessa competição e, principalmente, no Campeonato Brasileiro - disse o novo comandante celeste.
Rogério Ceni assumiu o posto de técnico do Cruzeiro após a saída de Mano Menezes, que deixou o clube na quarta-feira, 7, por não conseguir tirar o time de uma sequência de apenas uma vitória em 18 jogos, além de ficar oito partidas seguidas sem marcar um gol sequer. O resultado deste retrospecto de Mano foi a eliminação na Libertadores e o Cruzeiro entre os quatro piores do Campeonato Brasileiro, com apenas duas vitórias em 14 jogos.
Ceni assinou contrato com a Raposa até o fim de 2020, coincidindo com o término do mandato da atual diretoria do clube. Apresentado à estrutura da Toca II, o técnico elogiou o local onde irá trabalhar e disse que tem algo em mãos que poderá ajudar o time reagir mais rápido do que pensava.
- Muito bonito o centro de treinamento. Eu vim há pouco tempo, vim treinar com o Fortaleza. Conheci só os dois campos do fundo, que são gramados fantásticos. Não conhecia a estrutura interna. Fiquei impressionado. Não imaginava uma condição tão boa pra trabalhar. A bola não entra por acaso, ninguém é campeão seguidamente sem ter uma estrutura como essa. Isso é mais um motivo pra gente tentar reagir o mais rápido possível - comentou.
Primeiro contato com a equipe
Logo que chegou à Toca da Raposa, Rogério Ceni interagiu com os seus futuros comandados e afirmou que o momento é de fazer os jogadores se sentirem bem, pois é um elenco vencedor e merece ser valorizado.
- O mais importante, e falei para eles, é que se sintam bem, felizes. É um paraíso poder trabalhar no CT como esse. São extremamente valorizados, têm uma história aqui dentro já construída, a maioria deles. Quem já foi campeão, sabe o caminho. É questão de atitude, de foco mantido. Sabem como é chegar ao título. Quem ganhou uma vez na vida, não esquece o sabor. O sabor da vitória é incomparável - afirmou.
Questionado sobre a necessidade de reforços, Ceni comentou sobre as perdas no meio de campo, com as saídas de Lucas Silva e Lucas Romero, mas que antes de pedir algum jogador, irá observar o que tem no elenco.
- Estou atento aos cinco jogadores da posição que o Cruzeiro tem (Henrique, Ariel Cabral, Éderson, Adriano e Jadson) . Quanto ao mercado, acho que é mais fácil o Marcelo Djian comentar. Qualquer comentário interno eu acho que a direção fica mais respaldada que eu para falar- explicou.
Promessa de time rápido e recuperação de Fred
Ceni demonstrou muita cautela na sua fala, especialmente quando perguntado sobre Fred. Ao chegar em BH disse que pretende ter uma equipe rápida, mas não descartou ninguém, afirmando que quem estiver melhor fisicamente, irá estar em campo. O treinador elogiou o camisa 9 da Raposa, porém sem cravar que ele será o seu titular absoluto.
- É um jogador de área, apesar de fazer proteção. Boa finalização. Vamos trabalhar com ele igual a um garoto de 20 anos, fazer com que tenha o espírito cada vez mais jovem e tirar o melhor dele. A qualidade eu sei que ele tem. O tempo passa para todos e não é fácil se manter bem fisicamente. Vou dar, neste começo de trabalho, a prioridade a quem tenha condição física. Vou torcer para que ele esteja bem. É um camisa 9 clássico, de área, e espero que ele possa ajudar bastante.
Fortaleza na lembrança
Rogério Ceni não deixou de falar sobre os quase dois anos em que esteve no Fortaleza, onde conquistou três títulos: um estadual, uma Copa do Nordeste e um Brasileiro da Série B.
- O que eu trago do Fortaleza? A inspiração, a transpiração, o que aqueles caras (jogadores do Fortaleza) me ensinaram como treinador. A motivação. Sou um cara que está começando a carreira de treinador, tenho três anos como treinador de futebol. Ter a oportunidade de trabalhar em um clube desse tamanho é sinônimo de energia, de fazer com que as coisas aconteçam, de tentar ajudar os jogadores, que são os protagonistas, a desempenharem melhor o seu papel. Eu posso dar a direção, mostrar o caminho, achar os buracos do jogo, mas aos protagonistas, que são eles, cabe a eles decidir as partidas - lembrou.
Nada de carrasco do Cruzeiro
Rogério Ceni tratou logo de afastar o rótulo de “carrasco” do Cruzeiro em seus tempos jogador, quando marcou sete gols em cima da Raposa.
- Não existe vítima. Eu fiz gols, mas tomei muitos. Talvez eu fui mais vítima. Perdi uma Copa do Brasil aqui, em 2.000. E a minha última Libertadores acabou aqui no Mineirão, em 2015. Eu peguei pênalti, o Fábio pegou também e eliminou o meu último sonho de ser campeão da Copa Libertadores. Sofri muito com o Cruzeiro. Mais do que os gols feitos, sofri pelo grande clube que é- contou - ponderou.
Ceni quase acertou com o Cruzeiro no passado
Rogério revelou que São Paulo e Cruzeiro quase fizeram uma troca de arqueiros. André, que pertencia ao time mineiro, estava a caminho do Tricolor, e Ceni viria para a Raposa, mas o negócio não saiu.
- Vai fazer 20 anos isso. O goleiro do Cruzeiro era o André. Naquele momento, houve uma possibilidade de negociação do André para o São Paulo e minha vinda ao Cruzeiro. Mas não se concretizou. Construí minha história como atleta toda no São Paulo e hoje espero começar a construir história longa no Cruzeiro. Assim espero.
Missões para 2019
A principal missão do novo técnico do Cruzeiro será tirar o time da zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro, no qual a equipe está na 17ª posição, com apenas 11 pontos em 14 jogos. O time celeste não vence há 11 rodadas na competição nacional, desde a terceira rodada, quando bateu o Goiás por 2 a 1, no Mineirão.
Não ao Galo
Rogério também explicou, logo em sua chegada, os motivos por não ter aceito a proposta do Atlético-MG, em abril, quando Levir Culpi foi demitido do alvinegro, maior rival da Raposa.
- São duas grandes equipes. Há quatro meses atrás eu não poderia trabalhar em lugar nenhum do Brasil porque eu estava no meio de duas finais de campeonato estadual e da Copa do Nordeste pelo Fortaleza - explicou.
Rogério falou que a ida para a Raposa acontece em um momento diferente da época do convite atleticano.
Confira a entrevista completa de Rogério Ceni em sua chegada no Cruzeiro