Daniel Guedes, do Cruzeiro, conseguiu provar sua inocência em caso de doping com pesquisa sobre a graviola

O lateral-direito financiou uma pesquisa para comprovar que a higenamina, substância que gerou a acusação de doping poderia ser produziada pela fruta

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O lateral-direito do Cruzeiro, Daniel Guedes, teve um duro golpe na carreira no dia 27 de maio de 2019, quando defendia o Goiás em uma partida contra o CSA, pelo Campeonato Brasileiro. Ao fim do jogo, ele fora sorteado para o exame antidoping pós-jogo e, ali começaria um drama que durou um ano.


Daniel teve a substância higenamina", que cria um efeito similar à adrenalina e provoca vasodilatação no organismo, dando ganho no desempenho esportivo. A substância está na lista de itens proibidos pela WADA – Agência Mundial Antidoping.

O jogador iniciou uma cruzada pessoal em tribunais e até com laboratórios para provar sua inocência. O possível culpado: um suco de graviola, que Daniel e outros jogadores do Goiás consumiram antes do duelo contra o CSA.

Em entrevista ao programa ‘Esporte Espetacular”, da Rede Globo, Daniel contou como foi esse processo de investigação para conseguir provar sua inocência, sendo inclusive questionado pelo argumento que utilizou nos julgamentos.

– Na primeira audiência (no TJD-AD), isso (dizer que a substância veio do suco de graviola) foi uma afronta pro relator, que era nordestino, cara. Ele falou pra mim: "Daniel, desculpa. Eu sou nordestino, filho de nordestino, e quem toma suco de graviola sabe que é suco de graviola, e eu não aceito". E nessa primeira audiência eu perdi de 6 a 0 – disse Daniel.

Como o jogador refez todos os seus passos quanto à utilização de substâncias, a única coisa que lhe veio à mente foi o consumo do suco de graviola.

Enquanto suspenso, Daniel resolveu abrir uma investigação própria e gastou R$ 300 mil para construir sua defesa. Entre os profissionais contratados estava o bioquímico L.C. Cameron, que iniciou em seu laboratório no Rio de Janeiro uma pesquisa sobre a graviola e suas semelhanças com a Fruta do Conde, que comprovadamente pode produzir a higenamina.

– Nós analisamos voluntários ingerindo uma quantidade de fruta do conde, de graviola e de mamão, e seguimos durante 72 horas o aparecimento da higenamina na urina. Nós vimos que o grupo que comeu a fruta de conde e comeu a graviola tinha. Apareceu higenamina na urina e foi aí que nós construímos a defesa dele – explicou o bioquímico L.C Cameron.

Esse trabalho de “CSI” da química conseguiu provar que a graviola pode sim produzir a higenamina, gerando a absolvição de Daniel no pleno do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD) por 3 votos a 2.

O lateral voltou aos gramados, foi emprestado pelo Santos ao Cruzeiro e celebra com alívio a suspensão. Daniel, inclusive, estreou pela Raposa na derrota por 3 a 1 para o mesmo CSA, em Maceió, onde seu drama começou.

– Melhor do que o gol, melhor do que muitos gols, do que ser artilheiro de um campeonato, melhor do que ganhar um campeonato. Só quem passa, só quem vive uma situação dessas , uma injustiça como essa, sabe o quanto é difícil enfrentar. É uma vitória, mas uma vitória muito, muito grande mesmo – completou.

A pesquisa sobre a graviola poder produzir a higenamina chamou a atenção da Agência Mundial Antidopagem, a WADA, que ainda vai repetir o estudo, que não foi feito por conta da pandemia da Covid-19.

Se a WADA chegar aos mesmos resultados que a pesquisa financiada por Daniel Guedes revelou, a agência deverá rever suas regras para outros casos de doping, como o do jogador da Raposa, que teve um final feliz pela sua persistência em provar sua inocência.

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