No fim da tarde da última quarta-feira, uma liminar foi publicada suspendendo a realização das eleições para o quadro de conselheiros do Cruzeiro, que estava prevista para ser realizada no próximo sábado. A liminar foi pedida por membros da chapa “Pelo Cruzeiro Tudo, Do Cruzeiro Nada” e o motivo seria irregularidades na inscrição de alguns nomes que concorrem às 150 vagas do conselho do clube.
O Cruzeiro tem 15 dias para contestar a decisão da Justiça, mas caso a eleição não seja adiada, o clube deverá pagar uma multa de R$ 1 mil reais por dia de não cumprimento do pedido, limitado a 50 dias.
João Carlos Gontijo, atual presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, afirmou ao "Globo Esporte" ter sido avisado da decisão judicial, mas não foi notificado oficialmente sobre a liminar.
- Tive essa informação agora há pouco por telefone. Mas ainda não é oficial, ainda não fui notificado. Admitido como verdadeira a liminar, vou suspender claro. Não teremos a eleição agora dia 2 e vamos analisar, na totalidade, a decisão do juiz, conforme ela se expressa, para fazer o juízo de valor, marcar uma nova data para que as chapas se reorganizem e tenhamos uma eleição normal.
A nova administração, comandada por Wagner Pires de Sá, que assume o Cruzeiro a partir de janeiro, decidiu trocar diversos integrantes da diretoria e provocou a saída de comando do departamento futebol. Logo após, na eleição para a presidência do Conselho, vencida pelo senador Zezé Perrela, uma falta de consenso que fez com que uma chapa fosse registrada e depois retirada da votação.
Renato Granata, vice-presidente da futura diretoria, se revoltou contra o próprio Wagner Pires de Sá, que fez um acordo com Perrella, e acabou registrando uma nova corrente, com o apoio de Gilvan de Pinho Tavares, para concorrer à formação do quadro de conselheiros para o triênio 2018/2020.
Contudo, na montagem das chapas houve duplicidade entre os postulantes ao pleito. Com isso, foi levantada a irregularidade na inscrição de alguns nomes, que além de estarem presentes nas duas listas seriam também inelegíveis. Por isso o pedido de suspensão foi requerido por uma das chapas da disputa.
- A chapa “Pelo Cruzeiro, Tudo, Do Cruzeiro Nada” vem sendo construída desde maio pelo Cruzeiro. Arrecadou várias inscrições. Agora, faltando poucos dias para a eleição, alguns conselheiros foram convidados a assinar uma outra chapa, que é a chapa “Somos Todos Cruzeiro”. Só que os conselheiros não foram informados dos riscos que eles estavam correndo, de assinar duas chapas e ficar impedido de disputar as eleições. Os conselheiros estavam sendo avisados que a chapa antiga tinha sido cancelada. Eles foram assinando, sem saber do risco e sem saber que a outra chapa ainda estava valendo - disse, ao "Globo Esporte" o advogado e conselheiro do Cruzeiro, Kriss Brettas, que protocolou o pedido.
Brettas informou que principal fator para o pedido da liminar são seis nomes da chapa "Somos Todos Cruzeiro" estarem inelegíveis, o que não pode, de acordo com o estatuto do clube.
- - A chapa deles foi registrada dois dias depois faltando seis nomes. Na verdade, tem os nomes, mas seis candidatos não podem estar na lista. O estatuto fala que só pode ser aceito uma chapa completa, que tem 330 nomes. Só que eles registraram com 324, porque seis são inelegíveis, não podem estar na chapa, ou por ter menos de dois anos de clube ou por ter situação irregular, até mesmo financeira com o clube - finalizou.