Sempre exaltado pela torcida do Cruzeiro, o atacante Ricardo Goulart, hoje no Guangzhou Evergrande, da China, falou com a reportagem do LANCE/Valinor Conteúdo sobre o período de isolamento no país asiático por conta da pandemia de coronavírus, se houve ou não contato com a Raposa por um possível retorno e que sua principal meta hoje é jogar uma Copa do Mundo.
O sonho de disputar o Mundial pode ser realizado pela China, já que Ricardo Goulart conseguiu sua naturalização recentemente e deverá figurar em convocações futuras e fazer parte do grupo que tentará uma vaga na Copa do Catar, em 2022.
Sobre o Cruzeiro, o jogador de 28 anos, disse ter lamentado a queda para a segunda divisão e afirmou que todo o foco do seu futebol hoje é no Guangzhou, evitando qualquer especulação para um possível retorno ao time mineiro.
Pela Raposa, Goulart venceu dois Brasileiros, em 2013 e 2014, atuando 115 vezes na equipe celeste, marcando 42 gols, muitos deles decisivos para a conquista do bicampeonato Brasileiro. Em rápido retorno ao futebol brasileiro, o atacante jogou pelo Palmeiras, mas não ficou nem seis meses no Verdão, jogando 12 vezes e marcando quatro gols. Confira nosso bate-papo com um dos maiores ídolos do futebol na China, que tem 110 gols em 155 atuando pelo Guangzhou Evergrande.
1-O futebol está voltando à China aos poucos. Ainda gera insegurança de trabalhar mesmo com o governo garantindo que a pandemia do coronavírus está controlada?
Não, não. Estamos bem tranquilos e cumprindo tudo que é pedido. Estamos treinando bem, tomando todas as precauções, só esperando mesmo a hora de voltar a atuar.
2- Como você e sua família lidaram com esse período de isolamento e quais foram os cuidados para se prevenir contra a doença?
Foi difícil. Ficar 14 dias sozinho, dentro de um quarto de hotel, não é fácil. Eu treinei bastante, fiz minha rotina de exercícios que já estava fazendo no Brasil, só que em um menor espaço. Vi muita série e filmes também, é o que tinha para fazer… Com relação à minha família, eles estão no Brasil, em segurança, em isolamento. Tudo tranquilo.
3-Você continua muito falado pelo torcedor brasileiro, principalmente o do Cruzeiro por um retorno. Essa volta é algo tão improvável assim, já que se naturalizou chinês?
Difícil falar do futuro, né? Eu penso hoje em volta a jogar, estou com saudades de entrar em campo, fazer gols, ajudar meus companheiros. Aí poder ter, quem sabe, a chance de atuar pela seleção chinesa. É nisso que está meu foco hoje.
4- Aceitar a cidadania da China é uma forma de sonhar com uma Copa do Mundo ou foi um processo para ficar mais confortável no país?
Com certeza a Copa do Mundo é um sonho que eu vou trabalhar para buscar. Como eu já falei, hoje eu penso em fazer o meu melhor pelo meu clube, dar início a essa nova etapa na minha vida com a camisa do Guangzhou. Renovei aqui recentemente, é um projeto que eu abracei junto com a minha família. Então é só nisso que eu penso.
5- A pandemia do novo coronavírus trouxe que aprendizado para a China, já que convive no a dia a dia daí? O futebol do país está pronto para voltar ao mesmo patamar de crescimento ou terá uma queda financeira e de espectadores?
Eu cheguei há pouco tempo aqui, né? E quando cheguei já fiquei 14 dias em quarentena em um hotel, então estou ainda me acostumando de novo com a vida aqui, vendo as coisas como estão. Não dá pra dizer que a vida já voltou ao normal. Mas aos poucos tudo vai voltar, sim.
6- Seleção Brasileira parece não fazer mais parte do seu pensamento no momento. Sua rápida passagem pelo Palmeiras também diminuiu o desejo de jogar no Brasil? O Cruzeiro seria a opção mais provável ou pensa em outra equipe?
Sempre quis muito jogar pela Seleção, ter a chance de disputar campeonatos importantes, quem sabe até uma Copa do Mundo. E a China me propôs realizar esse sonho, então estou bem ansioso. Tudo isso da pandemia atrasou um pouco, mas tenho certeza que em breve vai acontecer.
7- Esportivamente ainda pensa em jogar em outro centro do esporte, ou tem metas no futebol chinês que ainda pretende conseguir?
Eu acabei de definir meu retorno à China, ao Guanghzou Evergrande, assinei minha renovação por aqui, minha documentação de naturalização também saiu há pouco. Por enquanto é o que passa pela minha cabeça. Dar o melhor para o meu clube aqui e, quem sabe, disputar uma Copa do Mundo.
8- Você deve ter acompanhado a queda do Cruzeiro dentro e fora de campo. Como viu esse processo do clube? Na sua época havia essa desarmonia no elenco que refletia nos jogos?
Acompanhei um pouco à distância, né? Não dá pra fazer avaliação nenhuma estando de fora, só quem tá dentro é que pode falar. Fiquei triste, claro, com o rebaixamento, é uma equipe que está na minha história e tenho muito carinho pelo clube, torcida, ex-companheiros lá, mas não dá pra avaliar de longe.
9- Se o futebol na China não voltasse este ano e recebesse um convite do Cruzeiro para ajudar o time a voltar à primeira divisão? Toparia? Se encaixaria no momento financeiro do clube?
Cara, de novo como eu falei, não dá pra ficar projetando com base em especulação, ou possibilidade futura… Minha cabeça hoje está completamente no Guangzhou, voltar a jogar, estar dentro de campo, cumprir esse objetivo primeiro, depois pensar em atuar também na seleção chinesa, que é algo que eu tracei. Só isso hoje mesmo.
10- Houve algum contato real do Cruzeiro para abrir uma negociação se a bola na China fosse paralisada de vez em 2020?
Não, não. De novo, meu presente e futuro é no Guangzhou Evergrande e na China, então era só nisso que eu pensava também quando estava no Brasil. Em voltar o quanto antes e jogar, ser feliz.