Na véspera do duelo contra a Inglaterra, Gareth Bale, único jogador de ponta da Seleção de Gales, disse que nenhum jogador inglês seria titular no time galês. Foi criticado e rebateu: "Que ótimo. Eles morderam a isca". Gales perdeu aquela partida por 2 a 1, mas mostrou serviço, sendo derrotado de virada apenas nos acréscimos. Nesta sexta-feira, todos diziam: "a Bélgica tem a obrigação de ir à final". O foco já era Portugal na semi. A confiança era tamanha que 25 mil torcedores invadiram Lille (que fica a 40km da fronteira França-Bélgica).
Pelo visto, todos morderam a isca. Depois de dar linha ao inimigo, deixando o "Diabo Vermelho" dominar as ações nos primeiros minutos de cada tempo e até abrir o placar, Gales com determinação e ótimo contra-ataque, virou e venceu por 3 a 1. Na sua primeira fase final de Eurocopa na história, mandou para casa a seleção que está em segundo no ranking da Fifa e é a queridinha do mundo.
Com isso, o País de Gales enfrentará na próxima quarta-feira, em Lyon, no Stade Lumières, a seleção de Portugal. O vencedor deste confronto decidirá o título no dia 10, no Stade de France, em Saint-Denis.
Para Gales - que tem o melhor ataque da competição, com dez gols - fica a preocupação com os desfalques. O zagueiro Davies e o meia Ramsey, o cérebro da criação e autor das assistências para os dois primeiros gols da sua seleção, levaram amarelos e não enfrentam os portugueses.
Mas isso fica para depois. A hora é de comemoração, pois com a passagem para a semifinal, esta geração já se coloca como a maior do país em todos os tempos. E se eles é zebra, a torcida e os jogadores trataram de celebrar de forma inusitada. Exatamente como faz a Islândia. O time foi até o cantinho da torcida e, junto com os torcedores bateram palmas e gritaram o "Hu-Hu-Hu", que pelo visto se tornou a comemoração das vitórias teoricamente improváveis.
O JOGO
A Bélgica começou muito melhor, fazendo valer o seu notável toque de bola e quase marcando aos cinco minutos numa boa jogada do atacante Romelu Lukaku. O camisa 9 recebeu pela esquerda, cruzou para a área e três jogadores em sequência chutaram: Carrasco, Meunier e Hazard. Só que Chester (em cima da linha) e Hennessey salvaram Gales.
Totalmente acuado, com oito jogadores atrás da linha da bola, Gales não conseguiu evitar que os belgas saíssem na frente num tiro de fora da área de Nainggolan aos 11 minutos.
Gales, depois do extremo respeito com a qualidade técnica superior da Bélgica e com três de seus defensores amarelados antes dos 24 minutos, resolveu sair para o jogo. Não apenas nos contra-ataques buscando a velocidade de Bale ou Robson-Kanu entre os zagueiros. Mas com a estratégia de fazer com que os jogadores da defesa aparecessem como elementos-surpresa. Num primeiro lance, o lateral-esquerdo Taylor chegou entre os zagueiros, mas chutou quase em cima de Courtois, que salvou um gol certo.
Depois, num escanteio, os belgas se preocuparam com Bale e Kanu e deixaram Ashley Williams livre - numa falha de Jordan Lukaku e de Denayer, os dois reservas do setor defensivo. O capitão galês cabeceou e empatou, fazendo justiça, pois se a Bélgica foi superior nos 25 primeiros minutos, Gales teve ousadia nos 20 minutos finais da primeira etapa.
A Bélgica voltou para a etapa final com Fellaini no lugar de Carrasco. Embora atuasse um pouco mais atrás do que o substituído, Fellaini liberou Hazard e De Bruyne para auxiliarem o ataque e os cinco primeiros minutos foram de pressão total dos belgas, que perderam ótimas oportunidades.
Mas Gales logo se recompôs e conseguiu a virada num lance genial do atacante Robson-Kanu aos dez minutos. Depois de um contra-ataque e apenas dois toques da sua intermediária até a área (Bale e Ramsey), o camisa 9 recebeu e, numa finta seca, conseguiu tirar toda a marcação, ficando livre para virar e chutar sem chance para Courtois.
Conforme o tempo passou, o jogo ficou aberto. Gales rondou a defesa belga com perigo e os "Diabos Vemelhos" no abafa lamentou as chances que teve para empatar, como uma cabeçada de Fellaini na entrada da pequena área que passou raspando a trave esquerda de Hennessey.
Mas se Gales não tem a técnica belga, tem uma objetividade notável. No lance do segundo gol precisou de três toques da sua intermediária até a área para finalizar e marcar. Por qual motivo não repetir a dose. E foi o que fez aos 41 minutos. O lateral Gunter recebeu pela direita e cruzou para Vokes, que entrara no lugar de Kanu. A cabeçada do atacante do Burnley da Inglaterra foi perfeita, no contrapé de Courtois. Gales 3 a 1 e a surpreendente classificação às semifinais assegurada.
PAÍS DE GALES 3 X 1 BÉLGICA
EUROCOPA-2016 - QUARTAS DE FINAL
DATA E HORÁRIO: 1/7/206 - 16h (de Brasília)
LOCAL: Estádio Pierre Mauroy, LIlle (FRA)
ÁRBITRO: Damir Skomina (ESL)
AUXILIARES: Jure Praprotnik e Robert Vukan (ESL)
Cartões Amarelos: Chester, Davies, Gunter, Ramsey (GAL); Fellaini e Alderweireld (BEL)
Gols: Nainggolan, 11'/1ºT (0-1); Ashley Williams, 29'/1ºT (1-1); Robson-Kanu, 10'/2ºT (2-1); Vokes, 41'/2ºT (3-1)
PAÍS DE GALES: Hennessey; Chester, Ashley Williams e Davies; Gunter, Allen, Ledley (Andy King, 31'/2ºT), Ramsey (Collins, 43'/2ºT) e Taylor; Robson-Kanu (Vokes, 35'/2ºT) e Bale. TEC: Chris Coleman
BÉLGICA: Courtois; Meunier, Alderweireld, Denayer e Jordan Lukaku (Mertens, 29'/2ºT) ; Nainggolan, Witsel; De Bruyne, Harzard e Carrasco (Fellaini, Intervalo); Romelu Lukaku (Batshuayi, 38'/2ºT). TEC: Marc Wilmots