Flamengo 120 anos: Assaf relembra as glórias dos esportes olímpicos
LANCE! segue série especial em comemoração do aniversário rubro-negro
Houve uma época em que os clubes podiam se dar ao luxo de praticar uma penca de esportes. O Flamengo chegou a abrigar mais de 40 deles, desde o aristocrático hipismo ao popular pugilismo. Mas o profissionalismo foi conquistando espaço. E muitas práticas acabaram abolidas. Logo, só as modalidades consideradas efetivamente viáveis, ou seja, que dão algum tipo de retorno, ou que aceitaram a condição de amadores, puderam sobreviver.
Mas as grandes conquistas ficaram na história. Assim, vale destacar algumas delas, obtidas em épocas distintas, principalmente em tempos românticos, quando era mais importante defender o manto rubro-negro do que ganhar dinheiro. Numa ordem cronológica, é interessante lembrar que o tênis rubro-negro foi o primeiro tricampeão carioca em 1918, e seis décadas depois tetra, em 1979, com Lícia Granjeiro e Thomaz Koch, que a modalidade conhecida por pesos e halteres alcançou o tetra em 1937, o boxe também, em 1946, que a esgrima obteve 28 títulos entre 1940 e 1960, que o hipismo se fez representar em cinco Olimpíadas – 1956, 1964, 1968, 1972 e 1992 – pelo fantástico cavaleiro Nelson Pessoa Filho, que a bocha viveu um período de conquistas nos anos 1960, que o xadrez foi bi brasileiro em 1965/66, e que o handebol ganhou o tetra masculino do Rio em 1980.
O Flamengo ainda saiu sete vezes – 1954, 1957/59, 1962, 1967 e 1969 – vitorioso dos Jogos da Primavera, evento de grande importância no calendário esportivo. E o clube também já brilhou no futsal, outrora chamado de futebol de salão. O Flamengo teve, no entanto, maior destaque em cinco esportes: atletismo, basquete, ginástica olímpica, judô e vôlei.
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Atletismo - Foi o Flamengo que propôs à Liga Metropolitana de Sports Athléticos a criação de um Campeonato Carioca de Atletismo, em 1919. E desde então, até 2001, quando abriu mão de disputar oficialmente a modalidade, por circunstâncias distintas, o clube deixou um passado de destaque no Brasil e no exterior, com conquistas notáveis e a participação em Jogos Olímpicos. O Flamengo ganhou 18 vezes o título do Rio de Janeiro, o primeiro em 1920 e o último em 1988. O destaque inicial vai para o tetra alcançado entre 1927 e 1930, sob supervisão do treinador norte-americano Robert Fowler e a participação do fantástico Ulysses Malagutti, 55 medalhas em 10 anos de carreira.
O período mais glorioso da trajetória do atletismo no Flamengo porém é a década de 1950, quando o Rubro-Negro ganhou 24 títulos em categorias diferentes, com realce absoluto para o pentacampeonato carioca obtido entre 1954 e 1958. Brilhou a geração de Benedito Lisboa, Sebastião Mendes e Ulisses Laurindo, liderada por José Telles da Conceição, considerado o maior expoente da história do atletismo no Flamengo. Telles foi o único dos 10 nomes do clube que disputaram a modalidade em Jogos Olímpicos – entre 1948 a 2000 – a ganhar medalha, de bronze, no salto em altura, em Helsinque-1952. Vale destacar também a notável Érica Lopes, “Gazela Negra”, com participação fundamental em diversos torneios, principalmente nas conquistas do Troféu Brasil de 1955-1961 e de 1962-1965, além de Nivaldo Batista Vieira, vencedor das maratonas de Roma-1990, e Long Beach-1992 e San Jose-1997,ambas nos EUA.
Basquete - A participação do Flamengo no basquete começou em 1919, quando o clube foi campeão carioca. E não seria exagero afirmar que a maior façanha nesse esporte, jamais igualada pelos adversários, foi o decacampeonato do Rio, no masculino, de 1951 a 1960, cuja história se iniciou com a chegada – em 1948 – do técnico Togo Renan Soares, o Kanela, e com a ascensão do atleta Zeny de Azevedo, o Algodão, considerados os maiores nomes da modalidade no Flamengo em todos os tempos. Vale destacar ainda do time vencedor – também campeão brasileiro em 1949, 1951 e 1953, e Sul-Americano em 1953 – Alfredo da Motta, Fernando Brobró, Godinho, Guguta, Mário Hermes e Waldir Boccardo. Dentro dessa tradição, surgiram outros títulos importantes, ambos na categoria feminina, como o bi brasileiro em 1954/55, com Carminha e Edyr Marques, e o Mundial Interclubes, em 1966, liderado por Angelina e Norminha.
Mas foi a partir de 2005, com a chegada do técnico Paulo Teixeira de Sampaio, o Paulo Chupeta, que o clube voltou a formar uma equipe masculina capaz de conquistar campeonatos em série: o Estadual de 2005 a 2015, ou seja, 11 vezes campeão seguidas, o bi brasileiro em 2008 e 2009, o tri da NBB de 2013 a 2015, a Liga Sul-Americana em 2009, e o Mundial Interclubes 2014, com craques brasileiros e estrangeiros, sempre liderados pela genialidade de Marcelo Magalhães Machado, o Marcelinho. Vale lembrar ainda, na história, dos atletas Pedro Ferrer Cardoso, o Pedrinho, e Oscar Schmidt, e dos treinadores Miguel Martinez Lopes, tetra carioca masculino em 1932/33/34/35, e Miguel Ângelo da Luz, tri em 1994/95/96.
Ginástica Olímpica - O Flamengo inaugurou o departamento de ginástica na década de 1960. Mas só passou a brilhar na modalidade a partir dos anos 1980, após a contratação de treinadores especializados. No feminino, até a começo da década de 2000, o clube se tornou praticamente invencível: foi campeão brasileiro de 1989 a 1997 e de 1999 a 2002, e estadual por equipes de 1985 a 1994. A pioneira da ginástica no Flamengo foi Luiza Lopes Pessoa, que foi vencedora em diversas competições amadoras e mais tarde uma incentivadora da prática entre as meninas. Em 1980, o clube contratou a já consagrada técnica Georgette Vidor, além de seus colaboradores diretos, Casimiro Suarez e Ricardo Pereira. Daí em diante, surgiram vários atletas de ponta, quase todos representantes do Brasil em Jogos Olímpicos. São eles, por ordem cronológica, Tatiana Figueiredo (Los Angeles-1984), Guilherme Sagese Pinto (Seul-1988), Luisa Parente (1988 e Barcelona-1992), Marco Antônio Monteiro (1992), Soraya Carvalho (Atlanta-1996), Daniele Hypólito (Sidney-2000, Atenas-2004) e Pequim-2008), Diego Hypólito (2008) e Jade Barbosa (2008).
Luisa chegou no Flamengo com sete anos de idade e conquistou mais de 300 medalhas em competições distintas, no Brasil e no exterior. É importante registrar também outros dois títulos importantes em 2007, como o Brasileiro Absoluto – com os primeiros lugares de Daniele no solo, Diego no solo e no salto, Jade no salto e na trave, e Victor Rosa no individual geral – e o Troféu Brasil de Ginástica Artística e Rítmica, com outra atuação brilhante de Jade.
Judô - O Flamengo inaugurou seu departamento de judô em 1954. E passou a competir efetivamente na segunda metade dos anos 1960, sob a supervisão do mestre Carlos Alberto Monteiro de Farias, o Betão, responsável pela formação de muitos campeões. O primeiro título do judô rubro-negro foi o do Campeonato dos Jogos Infantis, em 1963. O clube viveu seu auge na modalidade nas décadas de 1980 e 1990. Ganhou o Estadual Sênior por Equipes em 26 ocasiões: o masculino de 1980 a 1992 e o feminino de 1982 a 1996. Durante este período, o Flamengo foi representado por 10 atletas em Jogos Olímpicos: Sérgio Sano (Los Angeles-1984), Frederico Flexa (1984, Seul-1988 e Atlanta-1996), Aurélio Miguel (1988), Luis Onmura (1988), Ricardo Sampaio Cardoso (1988), Sérgio Pessoa (1988), Walter Carmona (1988), Ezequiel Paraguassu (1988 e Barcelona-1992), Rosicleia Cardoso Campos (1992 e 1996) e Henrique Guimarães (1996 e Sidney-2000).
Miguel foi ouro em 1988, Carmona, Onmura e Guimarães, os três no bronze, os dois primeiros em 1984 e o terceiro em 1996. É obrigação registrar ainda os 29 títulos do Circuito Estadual de Faixa Preta, com a mesma turma, no masculino de 1980 a 1999, e no feminino de 1980 a 1987. É importante lembrar também as vitórias de Rosicleia nas conquistas do Brasileiro de Faixa Preta de 1993 a 1996 e do Sul-Americano da mesma modalidade, de 1994 a 1996. Mais recentemente, vale destacar o título do Troféu Brasil Interclubes-2007, além das presenças de Nádia Mello e Leonardo Leite respectivamente em Atenas-2004 e Pequim-2008.
Vôlei - O Flamengo ganhou seus primeiros títulos, os estaduais masculino e feminino, em 1938. No entanto, os períodos mais destacados do clube em competições de vôlei ocorreram de 1949 a 1955 e de 1978 a 1981. Os times formados na década de 1950 reuniram atletas de primeira linha como Antonio Pelosi, Carmen Marques Pereira – Godinha, John O’Shea, João Câncio Neto, Luiz Helena Miceli, Lygia Cosenza, Norma Telles Dias – Norminha, Rosa O’Shea e Willinton Dias, entre outros, sob a supervisão de Zoulo Rabelo. A equipe masculina ganhou o Carioca em 1949, 1951, 1953 e 1955. E o Torneio dos Campeões Brasileiros, em Belo Horizonte, em 1952. A feminina levantou o Carioca em 1951/52 e 1954/55. E completou duas excursões notáveis ao Peru: em 1953, foram 19 vitórias em 19 jogos, e em 1955, 12 em 12.
Outro time de moças, treinado por Ênio Figueiredo, também obteve resultados expressivos: ganhou os Brasileiros de 1978 e 1980, os Estaduais de 1979 e 1981 e o Sul-Americano em 1981. Brilharam Ana Lúcia Vieira, Isabel Barroso, Jacqueline Silva e Regina Villela. Ainda na década de 1980, uma equipe masculina com Bernard e Bernardinho foi tetra estadual de 1987 a 1990. Liderado pelo campeão olímpico Tande, o Flamengo conquistou o penta estadual entre 1992 e 1996. Em 2001, o time dirigido por Luizomar de Moura, ganhou a Superliga Feminina, com destaque para Leila Barros e Virna Dias. Vale também o registro de dois técnicos importantes na história: na década de 1950, Hélio Cerqueira – Corrente, e na de 1980, Radamés Lattari Filho.