Flamengo 120 anos: mundo do futebol pintado em vermelho e preto
LANCE! segue série sobre aniversário do clube com as principais conquistas no gramado
Uma Libertadores seguida de Mundial, seis Brasileiros, três Copas do Brasil, uma Mercosul, um Rio-São Paulo e 33 Campeonatos Cariocas. Essas são as principais conquistas do Clube de Regatas do Flamengo, que o coloca na lista dos maiores vencedores do País que mais ganhou Copas do Mundo. Toda essa história começou a ser construída em 1902. Apesar de não ser o esporte que ajuda a compor o nome do clube, o futebol transformou-se na maior fonte de troféus do Rubro-Negro, assim como na maioria das grandes equipes nacionais.
O curioso é que uma das principais rivalidades brasileiras saiu de uma relação amigável. Com o remo e o futebol dividindo a preferência popular, atletas do Flamengo tornaram-se sócios do Fluminense para ingressar na modalidade terrestre. Na contramão, os tricolores partiram com o objetivo de seguir as regatas.
Essa rotina durou até 1911, quando uma cisão do Fluminense, motivada por uma discórdia no clube das Laranjeiras, desencadeou na fundação do departamento de esportes terrestres no Rubro-Negro. Alberto Borgerth (Chefe de Segurança de Dom Pedro II e que fez carreira nas duas modalidades predominantes da época) comandou a mudança. Ex-tricolor, ele chegaria ao cargo de presidente do Flamengo em 1927, faturando nove títulos em desportos como futebol, basquete, pólo aquático, tênis e atletismo.
Assim, no dia 3 de maio de 1912, Baena; Píndaro e Nery; Coriol, Gilberto e Galo; Bahiano, Arnaldo, Amarante, Gustavo e Borgerth integraram a formação que entrou em campo para a primeira partida da história do Rubro-Negro. Em duelo disputado no campo do América, os debutantes massacraram o Mangueira por 15 a 2.
A primeira taça veio em 1914. Seis anos depois, o Flamengo conseguiu a "dobradinha", ao ser campeão no remo e no futebol. Entre títulos e uma apimentada na rivalidade com o Tricolor, o time da Gávea fechou o período 1920-1930 com saldo positivo e tendo o atacante Nonô como o jogador que mais balançou as redes pelo clube (123 gols em 143 jogos).
JEJUM
Daí em diante, o Rubro-Negro viveu aquela que é considerada a sua pior época. Esta durou até 1939, quando o caneco de campeão carioca daquela temporada deu fim a um jejum de doze anos sem conquistas. Na ocasião, o time pôde celebrar a primeira grande façanha com o seu estádio no terreno da Lagoa pronto, cuja a construção do mesmo foi vista como motivo da "seca" de taças. Em campo, Yustrich, Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Valido e Jarbas eram os principais nomes.
ROLO COMPRESSOR
Sem Leônidas, o técnico Flávio Costa recebeu total poder para cumprir a missão de reestruturar a equipe. E teve êxito. Com ele, o Fla alcançou seu primeiro tricampeonato estadual (1942, 43 e 44) e conheceu um de seus principais ídolos: Zizinho (ou "Mestre Ziza"). Na última campanha, uma parceria Rio Grande do Sul / Argentina roubou a cena: Pirilo (artilheiro) e o veterano Valido (aos 41 anos, autor do gol da última final, contra o Vasco).
Promissora, a década de 40 não terminou bem para o Rubro-Negro, que só voltou a sorrir com o consagrado "Rolo Compressor" do técnico paraguaio Fleitas Solich, nos anos 50. Zagallo, Dida, Moacyr e Evaristo de Macedo comandavam o sistema ofensivo da equipe que, além de dar o segundo tri estadual ao clube, ficou famosa por ser a primeira estrangeira a derrotar (4 a 2) o Boca Juniors na Bombonera, em amistoso disputado em 58, já sem Solich.
O primeiro título em âmbito nacional foi vencido em 61, ano em que o Flamengo levou o Torneio Rio-São Paulo. Esta década se caracterizou pelo surgimento da geração composta por Carlinhos, Nelsinho, Gerson, Jaime, Silva e Almir.
GERAÇÃO DE OURO
Mas foi em 67 que o time da Gávea começou a plantar uma das melhores equipes da história do futebol mundial. Arthur Antunes Coimbra chegou ao clube, porém só estreou entre os profissionais em 71. Na temporada seguinte, entretanto, o Rubro-Negro amargou uma dura derrota para o Botafogo (6 a 0), que seria devolvida nove anos depois.
Titular a partir de 74, Zico levou o Fla ao terceiro tricampeonato carioca, em 79. A colheita, porém, foi feita nos anos 80. Júnior, Andrade e Tita engrossaram o time que contava com os veteranos Carpegiani e Raul. Na sequência, Rondinelli e Cláudio Adão, e mais tarde, Leandro, Figueiredo, Mozer, Adílio, Júlio César "Uri Geller", Nunes, Baltazar e Lico apareceram para completar a "máquina" da Gávea.
A importância da década de 1980 para o time da maior torcida do País pode ser explicada rapidamente: grande (ou a melhor) parte dos títulos mencionados no início do texto foi parar na galeria de troféus da Gávea durante o período em que esta geração esteve em campo.
Foi justamente no ano de partida da contagem que o Rubro-Negro ergueu seu primeiro caneco de campeão brasileiro. Vítima preferida de Zico & Cia, o Atlético Mineiro amargou o vice na ocasião. A temporada seguinte colocou a equipe carioca no patamar mais alto que os seus torcedores já viram. Estreando na Copa Libertadores, o Fla sagrou-se campeão do torneio continental ao bater o Cobreloa, do Chile. Depois, no fim do mesmo ano, sobrou para o Liverpool a ingrata missão de parar a "Geração de Ouro". Sem êxito. Vitória por 3 a 0 (gols de Nunes - duas vezes - e Adílio) sobre os ingleses e "Flamengo Campeão do Mundo" no Japão. Ainda houve tempo no calendário para faturar o Carioca de 81.
A fábrica de títulos não parou por aí. Em 82 e 83, vieram mais dois brasileiros, tendo Grêmio e Santos como alvos nas finais, respectivamente. Após rápida passagem pela Itália, onde vestiu as cores da Udinese (1983 a 85), Zico retornou para liderar o time que levou o nacional de 87 (Copa União), ao lado dos experientes Leandro, Andrade, Aldair e Renato Gaúcho e os jovens Bebeto, Leonardo, Ailton e Zinho.
PÓS-ZICO
Nos primeiros anos sem Zico, o Rubro-Negro ainda seguiu os trilhos das conquistas e venceu a Copa do Brasil de 90, o Carioca de 91 e o Brasileiro de 92. Nesta última campanha, Júnior - que de lateral passou a atuar no meio de campo - liderou a equipe do técnico Carlinhos, composta por, entre outros, os jovens Nélio, Marquinhos, Fabinho, Paulo Nunes e Marcelinho Carioca. O rival Botafogo foi o adversário batido na decisão do principal certame do País.
O sucesso nacional, entretanto, reduziu-se a meros feitos em esfera regional, na sequência da década de 90 e na maior parte dos anos 2000. O Flamengo foi se consolidando como o grande vencedor do Carioca, alcançou seu quarto (99, 00 e 01) e quinto (07, 08 e 09) tricampeonatos no torneio e ainda assumiu a ponta no ranking dos campeões.
Os pontos fora da curva aconteceram em 99, 01, 06 e 09, quando levou a Copa Mercosul, a Copa dos Campeões, a Copa do Brasil (segunda vez) e o hexa do Campeonato Brasileiro (depois de 17 anos), respectivamente. A última importante conquista rubro-negra foi obtida em 2013, ao triunfar sobre o Atlético Paranaense e chegar ao terceiro título da Copa do Brasil. Sávio, Athirson, Júlio César, Adriano, Gilmar, Romário, Petkovic, Juan, Gamarra, Edílson e Felipe se caracterizaram como principais nomes do clube na era pós-Zico e Júnior.