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Advogado de Christian Esmério e de herói aponta ‘descaso total’ e mentiras do Flamengo

Arley Carvalho negou suporte psicológico prometido pelo Fla e explicou as principais reivindicações dos familiares das vítimas do incêndio no Ninho, que completa um ano

Montagem - Christian Esmério e Jean Salles
imagem cameraChristian Esmério, à esquerda, faleceu no incêndio; Jean Sales, à direita foi um dos sobreviventes (Foto: Reprodução/Twitter)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 06/02/2020
14:22
Atualizado em 08/02/2020
04:10

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Este sábado, dia 8 de fevereiro, marcará um ano do incêndio no alojamento no Ninho do Urubu, que vitimou dez adolescentes das divisões de base do futebol do Flamengo. Um dos mortos no CT, o goleiro Christian Esmério, já tinha, inclusive, sido convocado pela Seleção Brasileira Sub-15. O seu advogado, Arley Carvalho, falou ao LANCE! e disparou contra a direção do clube.

- A maior reivindicação, não só da família que represento como todas as demais, é que o clube tivesse tido um cuidado maior para com as famílias, e não da forma que foi feito até aqui, um descaso na verdade. Onde se fala que há contato é mentira, assim como é mentira quando dizem que há apoio psicológico ou social.

Arley também faz a defesa da família de Jean Sales, jovem atleta responsável por salvar três pessoas, em meio ao fogo, e se tornou um herói. Ele, aliás, já fez atividades com os profissionais. 

O advogado foi contundente ao comentar a respeito do que, em sua visão, o Flamengo mais erra neste entrevero. Questionado se há algum ponto positivo no tratamento do clube, respondeu negativamente. 

- A falha maior é o fato de ninguém no clube amparar os familiares, pois não há qualquer tipo de contato do clube para com eles. Se passaram o Dia das Mães, dos Pais, não houve o mínimo de contato, e isso que causou a maior revolta. Sobre um possível acerto do Flamengo: neste caso, não vejo nenhum lado positivo, pois vejo o clube, dentro de campo, alcançar resultados expressivos, junto à pior página do clube, e os seus dirigentes simplesmente não têm um cuidado de, primeiro, confortar esses familiares. Em segundo, resolver as questões da melhor forma possível. Não posso considerar que haja algum ponto positivo - disse, antes de responder se há o suporte psicológico prometido às famílias.

- Não, nenhum, maior absurdo os dirigentes falarem isso, descaso total - completou.

A Polícia Civil ainda não finalizou o inquérito, tampouco o Ministério Público apresentou as denúncias, e, por parte do clube, ainda não foram fechados todos acordos por indenizações com as famílias da dez vítimas.

Confira a entrevista completa com Arley Carvalho:

Como você recebeu as palavras do Jurídico do Flamengo, que não poderia procurar os familiares em prol de suporte pois teria que falar com os advogados antes?

- Essa é uma questão tão ridícula que não mereceria nem responder, pois é óbvio que o clube, através dos seus dirigentes, quer apenas jogar para a torcida e para mídia que a culpa é dos advogados de estarem blindando os familiares. Isso nunca existiu e jamais vai existir. Primeiro por não termos como fazer e/ou impedir que o clube ligue e fale com qualquer familiar, ainda mais pelo simples fato de clube jamais ter entrado em contato com qualquer familiar para, ao menos, dar uma palavra de consolo que fosse. Repita-se: jamais!

Até mesmo porque o que pretendemos é o desfecho do caso. Se fosse da forma que eles colocaram, já teríamos, inclusive, distribuído o processo, e como é sabido, não é o caso.

Qual é a sua opinião sobre o pronunciamento do Flamengo via Fla TV? E o que pensa sobre a citação de "jurisprudência" neste caso?

- O pronunciamento em questão não me surpreendeu, pois em face das atitudes tomadas pelos dirigentes até a presente data, reproduz a forma como eles tentam justificar o injustificável, haja vista a forma que eles fizeram a entrevista, com um repórter do clube e com perguntas feitas por eles, sem a possibilidade de haver uma contestação ou colocação. Foi patética a reportagem e mais ainda ver a fisionomia de cada dirigente.

No que se trata de jurisprudência, é eles quererem, mais uma vez em uma coisa que não existe, se eximirem de culpa, pois querer dizer que não há jurisprudência em um caso desse é chover no molhado, já que foi a primeira vez que um centro de treinamento pega fogo com jogadores alojados. Isso é um fato. Mas eles querem se eximir de culpa. Deve ser por medo ou despreparo mesmo, dado que o local pertence ao clube, que possui um presidente e, com isso, responde pelos seus atos. E para eles, então, não possui um culpado ou responsável?! Lamentável.

Os familiares têm o receio de, caso o processo arraste-se por um tempo considerável, o valor resignado seja até menor do que o oferecido anteriormente pelo Flamengo? Você já conversou com a família do Christian sobre isto?

- Sempre conversamos com os nossos clientes, porém, acreditamos na Justiça e mais ainda que a mesma dará uma solução para o caso como deva ser, e ainda mais uma resposta à toda sociedade, pois é uma oportunidade ímpar para que a nossa justiça possa dar um exemplo a todos, com uma pena exemplar a ser aplicada, visto que trata-se de um clube de futebol que vai atrás de jogadores, menores de idade, e oferecem casa, comida, escola, segurança... ou seja, passa a ter o poder de guarda desses menores, e com isso passam a ter uma responsabilidade enorme por cada um que esteja lá.

Além do fator indenização: qual é a principal reivindicação das famílias que você representa?

- A maior reivindicação, não só da família que represento como todas as demais, é que o clube tivesse tido um cuidado maior para com as famílias, e não da forma que foi feito até aqui, um descaso na verdade. Onde se fala que há contato é mentira, assim como é mentira quando dizem que há apoio psicológico ou social.

Como especialista: por que considera tão importante chegar aos responsáveis e, consequentemente, puni-los?

- Como disse, houve uma negligência cometida e gravíssima, ela precisa ser identificada e punida, não podemos aceitar que um caso desse fique sem os seus responsáveis serem punidos.

Incomoda os familiares o fato de o inquérito ser pouco citado na mídia?

- Incomodar não é a palavra, mas, sim, estranheza, principalmente por se tratar de uma peça fundamental para esclarecer de quem foi a culpa e a punição dos culpados.

Qual critério para chegar ao valor pedido como indenização?

- No caso do Christian (Esmério), é só verificarmos a sua projeção como atleta, onde o mesmo vinha alcançando resultados satisfatórios dentro de campo com convocações para a Seleção Brasileira. Com isso, veio a valorização até mesmo dentro do clube, onde ele, na segunda posterior ao fato (incêndio), assinaria o seu primeiro contrato profissional. Assim, fazendo uma comparação com os salários que jogadores da mesma posição a dele e também goleiros revelados pelo clube, como os casos de Paulo Victor, Marcelo Lomba e Julio Cesar, que se aposentou recentemente, chegamos a um denominador.

O Jean, ao seu ver, já consegue ter uma rotina esportiva normal? Ele ainda comenta sobre o caso? E quanto ao processo dele, o que é reivindicado?

- O ano de 2019 foi muito difícil pra ele, como não poderia ser diferente, mas ele, dentro do possível, está muito bem, preparado para fazer um bom ano. Esquecer jamais... Ele e os demais nunca esquecerão, isso é fato, terão que conviver com isso para o resto da vida deles.

O caso dele foi feito um acordo.

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