Após a Polícia Civil indiciar o meia Juan Ramírez, do Bahia, por injúria racial contra Gerson, do Flamengo, a direção tricolor lamentou o ocorrido por meio de uma nota oficial. Na publicação, o clube ainda questionou a atuação da delegada Marcia Noeli, responsável pela acusação, e disse que "a decisão foi absolutamente despida de qualquer fundamentação probatória".
- Em todos os momentos do episódio, o Bahia se comportou em busca da verdade dos fatos, sem desmerecer a palavra de Gerson, mas também considerando a presunção de inocência do seu atleta e a necessidade de se produzir prova robusta e incontestável. Sem a apresentação de fatos novos, conforme aguardamos por mais de um mês, a diretoria tricolor seguirá apoiando Ramírez e tem convicção de será feita Justiça, ao tempo em que reafirma a sua posição de clube expoente da luta antirracista no futebol brasileiro - diz trecho da nota publicada pelo Bahia nesta quinta-feira.
O caso ocorreu no duelo entre as equipes no Maracanã em 20 de dezembro, pela 26ª rodada do Brasileirão. Agora, o inquérito vai para o Ministério Público, que decidirá então se apresentará denúncia contra o atleta colombiano.
Durante a investigação, foram ouvidos outras pessoas presentes no jogo além de Gerson e Ramírez. Pelo lado do Flamengo, Bruno Henrique e Natan foram chamados para depor. O técnico Mano Menezes, na época no Bahia, também prestou depoimento.
A conclusão da Polícia Civil é de que a versão de Gerson é verdadeira. O jogador do Flamengo acusou Ramírez de ter dito "Cala a boca, negro". Na ocasião, o colombiano negou e afirmou ter dito "Joga rápido, irmão".
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Além da esfera criminal, o caso é analisado pelo Superior Tribunal da Justiça Desportiva (STJD). Nesta quarta-feira, Gerson e os outros jogadores do Flamengo dariam depoimento, mas não compareceram por decisão do clube rubro-negro. O inquérito vai seguir sem a declaração dos atletas.
Confira, na íntegra, a nota oficial publicada pelo Bahia nesta quinta-feira:
"O Esporte Clube Bahia vem a público lamentar o indiciamento do meia-atacante colombiano Indio Ramírez pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, muito embora a notícia não cause surpresa, tendo em vista as manifestações públicas preliminares da delegada do caso à imprensa especializada.
“Nosso jogador”. Assim ela se referiu ao volante Gerson, do Flamengo, responsável pela acusação – e que não compareceu ao depoimento perante a Justiça Desportiva -, indicando espectro de notória parcialidade.
O clube teve acesso à integralidade dos depoimentos colhidos no inquérito e pode afiançar à sociedade e à torcida tricolor que a decisão foi absolutamente despida de qualquer fundamentação probatória.
Em todos os momentos do episódio, o Bahia se comportou em busca da verdade dos fatos, sem desmerecer a palavra de Gerson, mas também considerando a presunção de inocência do seu atleta e a necessidade de se produzir prova robusta e incontestável.
Sem a apresentação de fatos novos, conforme aguardamos por mais de um mês, a diretoria tricolor seguirá apoiando Ramírez e tem convicção de será feita Justiça, ao tempo em que reafirma a sua posição de clube expoente da luta antirracista no futebol brasileiro."