- Onde chego, apresento trabalho e revoluciono do ponto de vista de ter ideias diferentes.
Assim iniciou Jorge Jesus na entrevista de sua apresentação, no início de junho, quando o Flamengo estava em período apenas de treinamentos durante a pausa da Copa América. Tempo para implementar a sua filosofia de trabalho houve; frases de feito, idem. E lá se vão dez jogos sob o comando lusitano.
O último deixou o flamenguista em êxtase: goleada sobre o Vasco (4 a 1), com mando cruz-maltino e pela 15ª rodada do Brasileiro. Aliás, a posição na tabela e saga pela liderança são uns dos fatores que mudaram bruscamente.
O Flamengo estava em terceiro lugar e oito pontos atrás do então líder, o Palmeiras, até a chegada de Jesus. Hoje, são dois de diferença para o Santos, primeiro colocado, e uma rodada para alcançar o topo do Brasileiro - caso o Peixe tropece no próximo fim de semana, evidentemente.
Em dez jogos, são cinco vitórias, três empates e duas derrotas (aproveitamento de 60%), com uma queda (nas quartas da Copa do Brasil) e uma classificação (às quartas da Libertadores). Dá para apontar o saldo como positivo.
O QUE PRECISA MELHORAR?
Em campo, o esquema 4-1-3-2 tem sido afinado à base da mobilidade do meio e da intensidade sem a bola, apesar dos contratempos nas primeira semanas, com lesões de meias e atacantes. E o que precisa ser ajustado? Jesus explica:
- Dia a dia, jogo a jogo, vamos criando mais conhecimento do que quero para a equipe, eu conheço mais os jogadores. Ainda temos quebra de concentração durante os 90 minutos. Nossos centrais (zagueiros) são muito jovens e ainda perderam muito o conhecimento do jogo. Depois do Diego (Alves) defender o pênalti, não podemos tomar aquele gol. Muita gente eufórica esqueceu que o jogo não tinha acabado. São prognósticos que vamos aprendendo no dia a dia.
- Aprendemos ganhando, isso é melhor. Estamos a crescer jogo a jogo, o time está confiante, a torcida confia na equipe. O Flamengo tem tudo para dar certo - completou o treinador de 65 anos.
As "ideias diferentes", como a linha de defesa alta, ainda estão em processo de maturação. Um aspecto negativo, por exemplo, é o fato do Fla de Jesus só não ter levado gol em um jogo - contra o Emelec, no Maracanã, pelo jogo de volta das oitavas da Libertadores. Até aqui, são 13 gols sofridos (e 21 marcados).
PEDIDO (NÃO ATENDIDO) POR UM CENTROAVANTE
Jesus já admitiu que o seu pedido inicial à diretoria foi pela contratação de um centroavante, já que o Mister não enxerga Gabigol e Bruno Henrique como "avançados". Mario Balotelli foi a última tentativa da diretoria rubro-negra para o setor - o astro italiano assinou com o Brescia neste sábado.
Jorge Jesus entende que um pivô é essencial para a sua engrenagem. Ele, inclusive, já externou insatisfação. Mas os números do ataque são excelentes - no Brasileiro, por exemplo, o Rubro-Negro foi quem mais balançou a rede (32).
MEDALHÕES DECISIVOS
A cobrança por uma postura agressiva e de controle de jogo, atrelada a uma maior associação dos medalhões, tem potencializado o poder de decisão dos destaques rubro-negros. Ao lado de Bruno Henrique e sem a necessidade de acompanhar o lateral adversário, Gabigol é o grande nome da "Era Jesus", somando dez gols em oito partidas.
Arrascaeta e Bruno Henrique não ficam atrás - o trio, cabe destacar, já acumula 50 gols nesta temporada. Todos estão em alta, assim como Gerson e Éverton Ribeiro (que tem sido reserva ultimamente). Willian Arão é outro que tem se destacado no apoio - e na sua função defensiva. Virou o seu "patinho bonito".
DESAFIO ENCARDIDO
O próximo jogo de Jesus pelo Fla será o 11º e tem tudo para ser o mais encardido até aqui. Isto porque, o rival será o Internacional, cujo trabalho de Odair Hellmann está bem consolidado, nesta quarta, pela ida das quartas de final da Libertadores. O Mister terá um pulsante Maracanã ao seu lado.
NÚMEROS DA 'ERA JESUS'
Jogos: 10
Vitórias: 5
Empates: 3
Derrotas: 2
Aproveitamento: 60%
Gols marcados: 21
Gols sofridos: 13