A eliminação precoce do Flamengo da Copa Libertadores da América surge como efeito dominó no dia a dia do Rubro-Negro, principalmente em relação ao trabalho de Jorge Sampaoli. O técnico amarga uma queda vexatória no torneio continental e escancara problemas de relacionamento e gestão de grupo.
Sampaoli está longe de ser considerado um dos mais amigáveis treinadores que já passaram pelo Flamengo, e a postura mais retraída, aliada aos problemas recentes nos bastidores e à dificuldade para gerir o elenco potencializam a crise do Rubro-Negro. O relacionamento 'frio', as decisões questionáveis e não justificadas geram incômodo e escancaram as dificuldades no processo.
PRECISANDO VENCER O OLIMPIA PARA SE CLASSIFICAR, SAMPAOLI DEIXA PEDRO NO BANCO E RETOMA DEBATE SOBRE CASO DO ATACANTE
O Flamengo venceu o primeiro duelo da Libertadores no Maracanã por 1 a 0, e tinha vantagem no marcador. No jogo da volta, o Rubro-Negro foi quem saiu à frente do placar e abriu 2 a 0 no agregado. Com uma postura passiva, o Fla foi facilmente dominado pelo Olimpia, que buscou a virada e garantiu a classificação.
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Precisando de um gol para levar a partida para os pênaltis e buscar a classificação, o Flamengo viu Pedro, atual Rei da América, amargar o banco de reservas. Jorge Sampaoli fez mexidas na equipe, mas não colocou o centroavante na busca por um gol, e 'morreu abraçado' com uma substituição por fazer. A não utilização do camisa 9 reabriu o debate sobre o problema de relacionamento entre técnico e jogador.
O relacionamento entre Jorge Sampaoli e Pedro já não era dos melhores, mas a situação se agravou após o dia 29 de julho, quando o atacante foi agredido pelo ex-preparador físico Pablo Fernández, no vestiário do Estádio Independência, após vitória de 2 a 1 do Rubro-Negro sobre o Atlético-MG. Desde então, Pedro só participou do jogo contra o Cuiabá, no qual Gabigol cumpriu suspensão por terceiro cartão amarelo.
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ESCOLHAS QUESTIONÁVEIS E FALTA DE EXPLICAÇÕES AO ELENCO
As escolhas questionáveis de Sampaoli em relação às escalações e substituições, além da 'falta de transparência' junto ao elenco para explicar as estratégias, são outro agravante. Um exemplo recente ocorreu após o jogo contra o Cuiabá, quando o técnico tirou Ayrton Lucas de campo e improvisou Thiago Maia na lateral-esquerda. Ao final da partida, o treinador assumiu que a decisão foi uma opção tática.
Na ocasião, Ayrton Lucas também falou sobre o assunto, logo após o apito final. O jogador disse 'ficar triste' com o ocorrido, mas concluiu afirmando 'respeitar a decisão do treinador'. Além disso, o grupo se sente exposto e alguns atletas se veem desprestigiados em relação a outros.
DECLARAÇÕES PÚBLICAS 'PEGAM MAL'
As declarações públicas de Jorge Sampaoli após as partidas também não soam positivamente nos corredores do Ninho do Urubu. Depois da derrota por 3 a 0 para o Cuiabá, no último domingo (6), o técnico concedeu entrevista coletiva e disse que 'o Flamengo não competiu' contra o Dourado.
Ainda na ocasião, Jorge Sampaoli afirmou que o Flamengo 'não tem a mesma disposição' em jogos do Campeonato Brasileiro em relação à torneios eliminatórios. A declaração aumentou a pressão sobre o elenco e estremeceu ainda mais o ambiente.
FUTURO DO TÉCNICO
Neste primeiro momento, o Flamengo não pretende demitir Jorge Sampaoli, mesmo após a eliminação da Libertadores. O técnico, no entanto, balança no cargo, e permanência será determinada pelos próximos resultados - principalmente contra o Grêmio, pela semifinal da Copa do Brasil.