Eleição Flamengo: confira opiniões de Luiz Eduardo Baptista

Eleição será no dia 9 de dezembro, na Gávea, sede social do clube

imagem cameraBAP com as taças da Libertadores e Copa do Brasil (Foto: Reprodução)
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Lucas Bayer
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 04/12/2024
06:00
Atualizado há 14 horas
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Sócios do Flamengo definirão no dia 9, segunda-feira, o novo presidente do clube para o próximo triênio. Três nomes concorrem ao pleito: Luiz Eduardo Baptista, Maurício Gomes de Mattos e Rodrigo Dunshee. Na véspera da votação, o Lance! separou o que pensa cada candidato sobre temas rubro-negro. Nessa nota, confira opiniões de Luiz Eduardo Baptista, da chapa "Raça, amor e gestão".

Quem é Luiz Eduardo Baptista, o BAP

Engenheiro civil, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, trabalhou durante 15 anos com TV paga no Brasil. No Flamengo, foi vice-presidente jurídico da gestão de Bandeira de Mello entre 2013 e 2018. Kléber Leite, ex-presidente do clube, já declarou apoio ao candidato.

Zico, o principal nome da história do futebol rubro-negro, também já afirmou que vê BAP como o melhor para o futuro do Flamengo.

Confira as respostas de BAP

O Flamengo precisa virar SAF?

BAP: Jamais. Entendo que o Flamengo tem todas as condições para ser independente e não precisar virar uma SAF. É importante que a gente contextualize que a SAF no Brasil tem acontecido por duas razões fundamentais. A primeira, para aqueles clubes que estão numa situação financeira falimentar e que sem a SAF não haveria sobrevivência para eles. A outra é de você ter clubes que não são clubes necessariamente de massa e que de alguma forma não têm aquele ambiente político, tradicional, muito intenso, onde você pode investir no Brasil para tirar jogadores mais jovens e formar jogadores para vender no exterior. Eu acho que o Flamengo não se aplica nem ao primeiro caso nem ao segundo. Entendo que para o caso do Flamengo, hoje, a SAF não é uma necessidade, nem consta dos meus planos, caso eu seja eleito presidente.

Luiz Eduardo Baptista, candidato à presidência do Flamengo (Foto: Reprodução/Lance!)

É a favor da construção do estádio?

BAP: A preocupação é absolutamente legítima. Sem querer entrar muito em detalhes de números para não chatear a audiência, mas o Flamengo tem uma margem operacional de R$ 350 milhões por ano, que é maior do que a receita de oito clubes da Serie A. O resultado do Flamengo é de R$ 350 milhões. A depreciação desse elenco milionário é de R$ 200 milhões por ano. Sobram, em tese, R$ 150 milhões por ano para o Flamengo investir num estádio.

R$ 150 milhões vezes cinco, que eu acho que é o prazo aproximado de você fazer um estádio, dá alguma coisa como R$ 700 milhões, R$ 750 milhões. Eu estimo que um estádio de 70 mil lugares vai custar alguma coisa como R$ 2,5 bilhões. Menos R$ 700 milhões, R$ 1,7 bilhão, menos os R$ 200 milhões que o clube já está pagando esse ano, falta R$ 1,5 bilhão. Você deveria ter que fazer R$ 300 milhões a mais de resultado em cinco anos.

Eu não acho que seja possível fazer R$ 1,5 bilhão, mas eu acho que você consegue fazer R$ 700 milhões, R$ 800 milhões a mais, com receita subindo de R$ 1,4 bi para R$ 2,1 bi, e a margem operacional do clube saindo dos R$ 350 milhões, que equivale a 25%, para 31%. Daí você vai tirar R$ 1 bilhão a mais, e os ‘apenas’ R$ 700 milhões que faltariam, você endividaria o clube de cento e poucos milhões hoje para R$ 800 milhões, e isso equivaleria a alguma coisa como 35%, 40% do faturamento do clube. Ainda assim, estaria muito abaixo do nível de endividamento médio dos demais clubes do Brasil. Em linhas gerais, essa é a visão da gente de como o Flamengo poderia construir o seu estádio com recursos próprios.

Projeto do novo estádio do Flamengo (Foto: Divulgação/Flamengo)

Planos para o Maracanã?

BAP: Acho que é fantástico a gente ter o Maracanã. É um templo carioca do futebol, o terceiro lugar mais visitado no Rio de Janeiro, sem ter grandes atrativos. Em dias de chuva é o mais visitado. Eu entendo que ter essa concessão de 20 anos é fundamental para que o Flamengo tenha tranquilidade para construir o seu estádio, número um.

Entendo as dificuldades que uma arquitetura antiga como a do Maracanã, e o fato de ter sido construído um estádio para a Copa do Mundo, acabam te impondo limitações que não são necessariamente as mais adequadas para o momento que a gente vive. A saber: o espaço de torcida mais popular, seja no que a gente chamou de sul ou norte do Maracanã. Eu imagino que no estádio da gente possamos ter alguma coisa entre 10 e 15 mil lugares a mais populares para fazer esse contrapeso.

Como pretende ocupar as vice-presidências?

BAP: Se for paixão pelo Flamengo, nós somos 45 milhões, 48 milhões de candidatos, então seria difícil você fazer uma escolha. Fundamentalmente, eu vejo que, dentro desse processo de profissionalização do clube, uma das coisas que a gente não pode mais permitir são vice-presidentes dito amadores que se metem no dia a dia do clube. Eles emasculam a profissionalização, afetam quem está embaixo. Quem está embaixo na estrutura entende que esse VP não vai ser mandado embora. E, ao invés de fazer o que eles acham que deve ser feito, eles acabam fazendo o que nosso mestre mandar. Isso é uma realidade de muitos clubes brasileiros. E em clubes, em geral, quando o dirigente amador é incompetente, ele não é punido por isso, ele não pode ser mandado embora. Mas as consequências são para o clube.

Sobre Gabigol?

BAP: Pelo que li, o Gabigol tem um acordo com outro clube, e palavra tem que ser cumprida. Eu respeito os ídolos, e seria leviano prometer algo em relação a ele", declarou o candidato, frisando que, embora valorize a história de Gabigol com a camisa rubro-negra, não faria promessas vazias em nome da eleição.

Se o Gabigol puder esperar a eleição, eu me comprometo a colocar nossos profissionais para conversarem com ele em busca de um entendimento.

Gabigol observa medalha da Copa do Brasil ao lado do troféu do título do Flamengo (Foto: Fernando Moreno/AGIF)

Estratégia para o Mundial de Clubes?

BAP: Nós temos que começar um planejamento específico para essa época. Quando você pega o regramento da Fifa, ela não está obrigando os campeonatos locais a pararem. No Brasil, dependendo do número de datas, você continua tendo 52 semanas por ano. Tira as três semanas de preparação do início do ano e as quatro de férias, você tem 45 semanas para encaixar todos os jogos que você tem. Vai ser um desafio. Do nosso ponto de vista, nós temos que ter um elenco maior e explorar a janela do início do ano para que a gente esteja preparado para uma eventualidade de ter que jogar o Mundial e, eventualmente, fazer alguns jogos, se não todos.

Qual deve ser o papel da base do Flamengo?

BAP: Quanto melhor for a situação econômica e financeira do clube, menos difícil vai ser segurar esses atletas. Mas eu acredito que, não imediatamente, mas ao longo do tempo, o Flamengo possa estar segurando esses garotos aqui até fazerem 19, 20 anos de idade. Eu acho que é possível. É muito difícil para a maior parte dos clubes que estão naquela situação difícil de SAF, ou de quem virou SAF, para fazer jogadores que vão ser vendidos para fora. Mas num caso como o Flamengo, se eles vingarem no time de cima do Flamengo, pode ser que um, dois anos de mais no time de cima representem 5 ou 10 milhões de euros a mais por ano na valorização desses atletas. Ganha o Flamengo na sua performance esportiva, ganham esses garotos que vão ter mais rodagem e ganha o clube na medida que eles vão se valorizar.

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