Entre lesões e surto de Covid-19, base do Flamengo é colocada à prova no Brasileirão de 2020

Com Domènec Torrent e Rogério Ceni, 17 crias do Ninho do Urubu foram utilizadas na temporada. Estadual será mais uma vitrine para evolução visando a nova campanha

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Independentemente de quem fosse campeão nacional, uma unanimidade seria levada em conta: foi o campeonato mais atípico de todos os tempos. E não poderia ser diferente. Disputado em meio a uma pandemia, com o calendário ainda mais apertado que o habitual, o Campeonato Brasileiro de 2020, que terminou em 2021, reservou aos seus participantes mais pedras nos caminhos rumo aos seus objetivos.

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O que não tira os méritos do vencedor, pelo contrário, sobretudo quando se trata de um time que revitalizou a conquista. Em um formato que premia, acima de tudo, a regularidade, ninguém foi mais regular que o Flamengo, que, mesmo nos períodos de oscilação que naturalmente passou, sempre viveu nas primeiras colocações, no aguardo do tempo certo para avançar à liderança.

A jornada do Rubro-Negro envolveu percalços quase que inexistentes em relação à equipe que varreu o torneio em 2019 sob o comando de Jorge Jesus. Alguns foram somente consequências de se disputar um jogo de futebol ou fazer grandes deslocamentos sob os riscos de contrair o coronavírus. O surto da doença que assolou o elenco em setembro deixou o Flamengo à margem de um colapso.

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O panorama, no entanto, foi revertido diante da coragem (e/ou da necessidade) de suprir ausências de protagonistas e coadjuvantes com os jovens da base. No empate contra o Palmeiras no Allianz Parque na 12ª rodada, enquanto a diretoria corria atrás da anulação do jogo pela inviabilidade de ter à disposição boa parte do plantel, nada mais, nada menos do que seis atletas formados na casa foram escalados como titulares com outros oito no banco de reservas (destes, três entraram ao longo da partida).

Os garotos do Ninho não fizeram feio, comportaram-se com dignidade em pleno território adversário, tomaram as rédeas do jogo em vários momentos e deram ao corpo técnico confiança para utilizá-los mais vezes.

A partir daí, nomes como Hugo Souza, o Neneca, eleito o melhor em campo naquela tarde, e Natan não saíram mais da boca do torcedor e das listas de convocações. Outros, como Ramon, Otávio e Guilherme Bala, plantaram uma semente para o futuro, estabelecendo um genuíno ponto de partida a ser recorrido em casos de emergência.

Entre Domènec Torrent e Rogério Ceni, 17 crias das divisões de base foram utilizadas na temporada. E o encaixe delas nas partidas passou longe de envolver cenários de facilidade onde o time só aguardava o tempo passar para consolidar o marcador. Como contra o Athletico-PR, na 32ª rodada, quando Ceni, de forma polêmica, tirou Everton Ribeiro e Arrascaeta para colocar Pepê e Rodrigo Muniz numa partida onde o Flamengo perdia por 2 a 1 e via o Internacional abrir quatro pontos de vantagem.

O volante João Gomes caiu nas graças dos torcedores na reta final do Brasileirão (Alexandre Vidal / Flamengo)

A imagem final de um periclitante Hugo Souza no Morumbi, com dois erros capitais que poderiam ter custado a taça, traz uma certa desconfiança, mas, no frigir dos ovos, ela é somente parte do processo de maturação de promessas. Hugo, de atuações destacáveis contra Sport, Vasco e Athletico-PR (no Brasileiro e na Copa do Brasil), errou como muitos da sua posição, com pouca experiência, também erraram.

Com Ceni, quem mais ganhou espaço foi João Gomes, que atuou por 497 minutos no Brasileiro, sendo titular em quatro jogos. O vigor do volante, que por vezes foi uma 12ª opção ao treinador, chamou a atenção da torcida, que não tardou a apadrinhá-lo.

Outro que parecia, definitivamente, mais fora do que dentro do Flamengo e foi recuperado pelo novo comandante, Pepê também ganhou seus minutos e foi importante sentenciando, com um belo gol, a importante vitória contra o Palmeiras na reta final por 2 a 0.

À espera de uma nova e desgastante temporada, com o Campeonato Carioca iniciando na próxima semana, e Copa América e Olimpíadas no calendário prometendo continuar desfalcando o elenco rubro-negro, dar prosseguimento à evolução dos jovens será ainda mais importante para os novos desafios. O estadual certamente será uma boa vitrine para novos testes.

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