Falamos com Muralha: ‘Em 2017 vamos ganhar títulos pelo Flamengo’

Goleiro faz balanço de 2016, quando chegou ao Fla, virou titular do time e foi convocado para a Seleção. Ele confia que o Rubro-Negro está no caminho das conquistas

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A temporada de 2016 foi de grandes momentos para Alex Muralha. O goleiro chegou a um dos maiores clubes do futebol brasileiro, se tornou titular e ainda foi convocado para a Seleção Brasileira. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o jogador conta que por tudo isso o ano fica marcado em sua vida e confia na conquista de títulos pelo Rubro-Negro em 2017.

Muralha revela ainda as dificuldades que viveu na carreira até chegar à grande fase de hoje. Ele admite que sentiu o peso de jogar no Flamengo quando chegou, e diz como conseguiu se adaptar e se consolidar como titular. O goleiro também comenta sobre Seleção e sua paixão por carros.

Qual o balanço que você faz da sua primeira temporada no Flamengo?

Assim, em todos os clubes que eu passei, nunca cheguei para ser titular. Sempre tive que trabalhar muito para conseguir uma oportunidade e graças a Deus elas sempre apareceram. Para goleiro é mais difícil, é preciso estar sempre pronto e preparado. Mas graças a Deus a oportunidade apareceu e eu soube aproveitar. Acho que meu ano no Flamengo foi muito bom. Poderia ser melhor, eu queria pelo menos um título com a camisa do Flamengo, deve ser uma coisa muito grandiosa, mas acho que estamos no caminho. No ano que vem vamos colher muitos frutos do que plantamos.

Paciência é sua melhor virtude para virar titular nos clubes em que jogou?

Minha mãe costuma dizer que é a teimosia. Paciência também, eu sempre time muita. Mas teimosia de querer e nunca desistir, mesmo com muitos dizendo que não ia dar certo. Tive treinadores que chegaram para minha mãe e falaram 'seu filho será jogador de times medianos e não vai passar disso'. E ela nunca me contou. Depois que as coisas aconteceram, que eu vim para o Flamengo, que ela veio me falar isso. A gente prova, não para os outros, mas para a gente
mesmo, que é capaz de chegar em lugares muito maiores do que sonha.

Você ficou intimidado assim que chegou ao Flamengo?

De início, assim que eu cheguei, senti um pouco, sinceramente. Mas com o tempo eu fui aprendendo, fui vendo que era capaz de estar aqui,
de fazer parte desse grupo. E quando tive a oportunidade de jogar fiz um
bom jogo e consegui dar uma sequência. O professor Zé Ricardo,
que teve sua estreia no Brasileirão junto comigo, acabou me dando
mais oportunidades. Quando eu cheguei no Flamengo, foi bom eu não começar jogando. Assim eu pude ver como tudo funciona aqui no clube, como é estar no Flamengo, ver a torcida. Foi um momento de estudo. E quando eu joguei, já estava mais adaptado, mais tranquilo e as coisas foram acontecendo naturalmente.

Qual jogo você considera chave para ter ganho a posição de titular no Flamengo?

Acho que o jogo que desenhou bem isso foi contra a Ponte Preta. Fazia
muito tempo que o Flamengo não conseguia ganhar no Moisés Lucarelli
e acho que com as circunstâncias do jogo, com um jogador a menos, muito
tempo sem ganhar lá, fiz uma defesa importante no final da partida. Eu fiz
um jogo tranquilo e seguro, os companheiros ajudaram bastante também, deram bastante confiança. Acho que aquele jogo lá eu vi que
realmente tinha condições de se tornar um grande jogador no Flamengo e continuar tendo bons jogos com as oportunidades. Acabou que depois daquele jogo eu fiquei mais tranquilo e as coisas foram acontecendo naturalmente.

O apoio da torcida do Flamengo te passou confiança e te ajudou?

A torcida do Flamengo é diferente de tudo. É um momento especial na minha carreira estar aqui. Sou muito grato a toda Nação por tudo que vem fazendo, não só para mim, mas por todos nós durante esse ano. Foi um ano muito difícil, de muitas viagens. Foi um ano em que a gente não tinha o
nosso Maracanã e jogou no Brasil todo. Em todo lugar que a gente ia, até
no Chile, pela Sul-Americana, a torcida estava lá, sempre nos apoiando. Agradeço muito toda força que eles me deram e tenho certeza que vão continuar nos dando forças.

Como é a disputa pela posição entre os goleiros e a sua relação com o Paulo Victor?

Nossa relação, desde quando eu cheguei aqui, foi de muito respeito. Todos nós aqui nos respeitamos muito, sempre um ajudando o outro. Eu e Paulo conversamos muito, mesmo depois que as coisas mudaram. Ele me dá forças. Não só ele, mas todos os outros goleiros e o nosso preparador Victor Hugo. É muito bom o nosso ambiente de trabalho. Um vai fazendo um trabalho mais forte do que o outro e isso faz com que a gente procure sempre ir melhorando e evoluindo. Acho que o resultado do bom trabalho que venho fazendo esse ano tem relação com todos eles, que nos ajuda todos os dias. Estamos sempre
conversando, brincamos. É um relação sadia, uma disputa sadia.

Qual o balanço que você faz dessa temporada do time do Flamengo?

Em geral, dá para dizer que o balanço foi satisfatório. Claro que a gente queria um título, ser campeão brasileiro, mas por tudo que aconteceu, todas as circunstâncias contras que o time teve durante o ano, foi uma temporada boa. Plantamos muitas coisas boas esse ano e tenho certeza que ano que vem vamos colher muitas coisas boas. Todas as dificuldades que passamos esse ano
vão se converter em títulos. É o que todos nós esperamos.

Que aprendizado de 2016 ficou para o Flamengo para 2017?

Acho que a gente se superou muito durante todo esse ano. As viagens
atrapalham, mas não é desculpa. Nosso time foi o que mais viajou este ano, ia para lugares longe, chegou a passar a semana inteira longe de casa, mas faz parte da nossa profissão. A gente trabalha todos os dias para ter bons resultados. Acho que a grande lição é que a gente pode se superar independente das circunstâncias que passa. Tenho certeza que ano que vem, a gente tendo um estádio aqui no Rio já, que estão reformando lá, que antigamente era do Botafogo. Claro que a gente quer jogar no Maracanã, mas temos uma segunda opção aí. Tenho certeza que isso vai nos ajudar.

Como você ficou sabendo que foi convocado? Passou um filme na sua cabeça?


Passou um filme na minha cabeça de todas as coisas da minha vida, as dificuldades, sempre que pensei 'não dá mais, vou largar'. Um dia minha própria mãe falou 'filho, vem para casa, depois você pensa para onde vai querer ir'. Acho que por tudo que eu passei na minha vida, foi um momento muito especial para mim. Eu recebi a notícia no carro por um amigo que é
brincalhão. No momento eu não botei muitá fé. Mas depois de alguns segundos começaram a chegar muitas mensagens no telefone. Aí que eu fui
assimilar que era verdade, me toquei que era dia de convocação. Fiquei
muito feliz mesmo, mas agora tenho que continuar trabalhando, com os
pés no chão. É preciso estar sempre firme, forte e focado para estar sempre dentro das convocação, tendo a oportunidade de jogar com grandes
jogadores e quem sabe fazer parte de uma Copa do Mundo.

Você disse que pensou em alguns momentos em desistir da carreira. Que momentos foram esses?

Não só minha mãe, mas meu pai também, foram pessoas fundamentais para que eu chegasse onde estou hoje. Em momentos que eu estava iniciando a carreira. Joguei em clubes que não tinha condições nenhuma para se trabalhar. Às vezes a comida era restrita, lugar para dormir era embaixo de arquibancada e com muitas dificuldades, às vezes não tinha nem alimentação. Nesses momentos eu pensava se valia a pena eu ficar longe da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos, da minha avó, de todas as pessoas que sempre tiveram
comigo. Será que vale a pena alguma coisa? Será que em algum momento
isso vai dar certo? Mas aí a gente pensa que se já está ali, é melhor ir até
o final para ver o que dar, trabalhar para quem sabe um dia as coisas acontecerem. Deus me abençoou muito. As coisas demoraram para acontecer, mas quando aconteceram também, foi muito rápido. Às vezes penso que tudo foi uma preparação para eu estar aqui hoje.

Você foi calouro nas convocações, o pessoal fez algum trote no primeiro dia?


Rapaz, acho que por causa da barba e do cabelo a galera fica meio com medo (risos). Mas são pessoas espetaculares. Às vezes a gente não conhece, só vê jogar. Mas são pessoas também maravilhosas. Não só o Neymar, mas o Daniel Alves, o Marcelo. Você vê os caras aí sempre no auge, no topo, mas a simplicidade e humildade dos caras são grandes.Fui calouro, tive que fazer um discurso. Mas foi tranquilo, porque no terceiro dia, quando chegou todo o grupo, eu já estava mais adaptado. Mas sacanearam bastante.

Como é ser treinado pelo Taffarel na Seleção?

O Taffarel é um cara brincalhão, mas trabalha demais. A minha mãe outro dia me falou, eu nem me lembrava disso, que quando eu era criança e ficava brincando com uma bola e gritando 'Taffarel! Taffarel!'. O Taffarel foi um grande goleiro, que inspirou muitos outros. Eu chego perto dele, pequenininho, aí digo 'pô, cara, você foi goleiro, como pode?'. Aí ele fala 'rapaz, posicionamento é tudo para goleiro'. Aprendi muito como ele, me deu muitas dicas do que fazer para melhorar e evoluir. Me ajudou muito, me mostrou que eu posso ir além do que sou hoje.

Você considera 2016 um ano que ficará marcado em sua carreira por tudo que aconteceu?


Vai ser um ano que ficará marcado na minha vida. Por tudo o que eu passei, hoje estou colhendo tudo que plantei um dia. Eu vou trabalhar muito para seguir sempre tendo uma sequência boa de jogos, aproveitando a oportunidade de estar aqui no Flamengo. Ano que vem vou trabalhar muito para que seja um ano muito melhor do que esse. Ano que vem, como é o pensamento de todos aqui, vamos ganhar títulos pelo Flamengo.

Está ansioso para jogar a primeira Libertadores?

Sinceramente, não estou. Tem que se preparar, trabalhar muito. Se preparar não só fisicamente, mas também psicologicamente. É uma experiencia nova na minha vida, mas é natural de isso acontecer por estar no Flamengo. Estou bem tranquilo.

De onde surgiu sua paixão por carros?

Tenho sim uma paixão por carros antigos. Não sei de onde surgiu. Um dia eu vi um Opala e acabei me apaixonando. Fui em uma concessionário aí tinha um velhinho lá eu peguei e fui mexendo. E até hoje estou mexendo, tem uns três anos já. Mas acabou ficando do meu gosto. Está lá em Minas Gerais e acho que
vou voltar para o Rio nele. Está lá, meu pai não gosta de andar nele, tem medo. Então, vou trazer ele para ficar aqui comigo.

Você consegue eleger um Top 3 de suas melhores defesas no Brasileiro?

É uma escolha difícil. Contra o Fluminense, naquele jogo em Volta Redonda, foi uma defesa difícil. A bola ficou ali sobrando. Depois eu fui ver o lance e nem acreditei. Contra o Sport, fiz uma defesa difícil no final do jogo. Contra o São Paulo, no Morumbi, fiz uma defesa fundamental, já que estava zero a zero. Ah! Tem a do Gabriel Jesus. Não tem Top 4, não?! (risos). Foi a defesa que me levou para a Seleção Brasileira. Bota essa como primeira.

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