Que o Mengão ganhou a Supercopa ao vencer o Botafogo em Belém, isso você já sabe. Mas que esse time treinado pelo Filipe Luís tem duas peças fundamentais na sua organização tática, talvez isso você ainda não tenha percebido. Eu estou falando de como Gérson e Erick Pulgar representam o seu técnico dentro de campo e da sua importância no Flamengo.
O Brasil inteiro se surpreendeu com a intensidade física da equipe do Flamengo e da organização tática para enfrentar o atual campeão da Libertadores. Claro que conta o fato do Botafogo ter perdido jogadores fundamentais e estar sem um treinador titular. Mas falando de começo de temporada, o Rubro Negro parece altamente promissor, e esses dois jogadores serão fundamentais na temporada.
Lembra do Filipe Luís no Atleti?
Quando jogava no Atlético de Madrid, Filipe Luís era muito importante pro esquema do Cholo Simeone. No livro “La Pizarra de Simeone", de Marcos Lopez, há análises de várias situações táticas daquele time e na maioria delas, está Filipe. Seja com a bola, fazendo ultrapassagem pela lateral ou entrando pelo meio; seja sem a bola, na pressão e recomposição defensiva.
Na imagem abaixo, vemos como o lateral era fundamental na construção dos contra ataques colchoneros, sendo o encarregado de dar combate pelo meio, mesmo sendo um jogador de lado. Sempre tinha a cobertura de algum volante ou zagueiro nesses movimentos. E sua capacidade de desarme aliada a sua qualidade de passe, dava início aos contra ataques do Atlético.
Pulgar é garantia de pressão
Desde o dia 1o de Outubro de 2024, Erick Pulgar jogou 1167 minutos sob a batuta de Filipe Luís, cometendo apenas 15 faltas e recuperando 67 bolas (sendo 38% no campo adversário). O volante chileno tem 52% de acerto nos desarmes. É pouco? Poderia ser melhor. Mas o que ele faz com essas bolas recuperadas?
Assim como Filipe era garantia de qualidade na construção no Atlético, Pulgar entrega essa mesma qualidade na saída de bola flamenguista. Então, quando ele rouba uma bola ou desarma um adversário, pode-se esperar um início de construção de qualidade, que pode terminar em uma jogada perigosa ou até mesmo um gol.
Veja nessa imagem como, aos 44 do segundo tempo, mesmo vencendo por 2x0, Pulgar pressiona a saída de bola do Volta Redonda no campo adversário e começa ali um contra-ataque que termina em finalização. Igualzinho a figura do livro do Simeone com Filipe Luís!
Gérson traz sobriedade com eficiência
Na partida contra o Botafogo, Gérson teve liberdade de cair pelo lado e foi muito bem na organização ofensiva. Desde que Filipe Luís assumiu o Flamengo, o meia jogou 1482 minutos, com 2 assistências, 16 chances criadas, 26 finalizações, 2,2 gols esperados (xG) e 1 gol marcado.
São números de atacante. E essa sobriedade que Gérson passa dentro de campo lembra muito como Filipe Luís se comprometia com as estratégias táticas de Simeone. São jogadores que sorriem pouco, mas que entregam muito. E Gérson se multiplica em campo, ocupando espaços defensivos e criando jogadas qualificadas com a bola.
No Mapa de Passes Progressivos nos jogos sob direção de Filipe Luís, Gérson jogou mais pelo corredor direito, onde encaixou 92 passes progressivos certos, fazendo o time jogar pra frente e ser ofensivo com qualidade (teve 88% de acerto).
O Flamengo irá vencer mais títulos em 2025? Eu não posso cravar. Os olhos da torcida e da imprensa sempre irão para os craques protagonistas, como Bruno Henrique, Arrascaeta, Luiz Araújo e Pedro. Mas pode ter certeza que Erick Pulgar e Gérson são os verdadeiros representantes do modelo Filipe Luís de disputar títulos jogando um bom futebol.
As estatísticas e mapas utilizados nesta análise são dados da SportsBase